segunda-feira, junho 26, 2006

A Revolta das galinhas

..............Nos aviários está o nicho
de reprodução do vírus que aterroriza a Humanidade...

A galinha talvez seja a primeira ave a ter sido domesticada há cerca de 12 mil anos quando o ser humano começou a ficar sedentário. Desde então as galinhas têm um destino sinistro: raramente morrem de morte natural. São mortas para o consumo humano. Da sua perspectiva, a vida é simplesmente uma tragédia! Normalmente, são criadas ao ar livre, deambulando ao redor das casas. As chamadas “galinhas do campo” são preferidas por serem muito mais saudáveis. Mau grado seu, a sociedade da produção industrial transformou-as em máquinas para produzir carne e ovos. Fechadas, aos milhares, em aviários nos quais em cada metro quadrado são criadas de dez a doze, enganadas pela iluminação que lhes tira a percepção da noite, alimentadas por promotores de crescimento e de antibióticos para crescerem até um ponto comercialmente ideal, durante pelo menos quarenta dias, são submetidas a enorme padecimento. Quem visita um desses “currais aviários”, facilmente se indigna e se compadece com o seu “karma”. A espécie humana especializou-se em submeter impiedosamente todas as outras espécies, para tirar proveito delas mesmo que isso implique grande sofrimento. Agora, depois de séculos de violência, as galinhas estão-nos a dar o troco. É a vingança das galinhas... E vem sob a forma de gripe: a gripe aviária, que além de atingir outros seres vivos, atinge também os humanos. É o famoso vírus H5N1. Vírus aviários sempre existiram em formas não letais. Agora este H5N1 revela-se uma cepa patogénica. E se havia dúvidas quanto ao facto de poder sofrer mutações que o tornassem capaz de se transmitir aos seres humanos, parece que as galinhas alcançaram o seu propósito, porque se pode multiplicar loucamente entre a espécie humana e matar entre 150 milhões a um bilião de pessoas, consoante previsões científicas. Não existe um antídoto que o elimine, apenas possui efeito limitante. É o famoso Tamiflu que, segundo dados conhecidos de todos nós, não age profilaticamente, apenas 18 horas após a infecção. O que eu desconhecia, é que já hoje é sabido, que a origem da gripe não provém de galinhas criadas ao ar livre, mas das práticas avícolas industriais e pela utilização de "subprodutos" da criação avícola como ração industrial. E mais: a Fundação BirdLife demonstrou que o padrão de focos da gripe segue as rotas das estradas e das vias férreas e não as rotas dos voos de aves migratórias. A gripe é pois a consequência do manejo cruel que nós, seres humanos temos feito com as galinhas confinadas. Ai está o nicho de reprodução do vírus. É uma doença sistémica.
Traz-nos à nossa consciência um alerta, que tem de passar inevitavelmente por uma outra forma de relação com os seres vivos que não implique crueldade mas racionalidade e compaixão. Já imaginaram se todos os outros animais copiassem a atitude das galinhas e se revoltassem numa acção conjunta contra a Humanidade?

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