Penso que a Carta aos bispos da igreja católica sobre a colaboração do homem e da mulher na igreja e no mundo passou despercebida a alguns dos defensores do “não”, na medida em que continuam a basear os seus argumentos contra o aborto, numa consciência moral e religiosa, a meu ver, falaciosa. Digo alguns, porque a maioria dos europeus, lembro-me, recebeu-a como uma simples “anedota” mal contada. A Carta é, na realidade, uma das piores criações intelectuais do Vaticano, durante o papado de João Paulo II. Os erros de lógica que contém e a pobreza filosófica que a sustentam são surpreendentes, tendo em conta que é assinada pelo então Cardeal Ratzinger, considerado um dos mais brilhantes ideólogos da igreja Católica. As debilidades desta carta mostram que, nem um homem como Ratzinger pode defender o indefensável.
Como se fosse dirigida a extraterrestres que desconhecem a história de erros e horrores da Igreja, começa logo por, mais uma vez, repetir ao mundo a sua máxima arrogante em que se auto-proclama como uma instituição “perita em humanidade”. Como pode ser perita em humanidade uma instituição que depois de quase dois mil anos de existência, publica um documento revelando que os seus dirigentes ainda não conseguiram entender as aspirações e necessidades das mulheres, que são cinquenta por cento da humanidade? Como pode declarar-se “perita” em humanidade uma instituição que comete a barbaridade de argumentar que as mulheres têm uma inclinação natural, pelo que “desenvolve em si o sentido e o respeito do concreto, que se opõe às abstracções, muitas vezes mortais para a existência dos indivíduos e da sociedade”. Traduzindo: as mulheres não se inclinam (não têm tendência natural a entender) para o abstracto, ou seja, para as ideias, a filosofia, a teologia, etc. Melhor dizendo: segundo Ratzinger, as mulheres não devem nem podem tentar ascender o plano existencial concreto da sua cozinha!
A carta identifica duas correntes ou tendência de pensamento. A primeira, “sublinha fortemente a condição de subordinação da mulher, procurando criar uma atitude de contestação. A mulher, para ser ela mesma, apresenta-se como antagónica do homem. Aos abusos de poder, responde com uma estratégia de busca do poder.”.
A segunda, continua dizendo a carta, “emerge no sulco da primeira. Para evitar qualquer supremacia de um ou de outro sexo, tende-se a eliminar as suas diferenças, considerando-as simples efeitos de um condicionamento histórico-cultural. Neste nivelamento, a diferença corpórea, chamada sexo, é minimizada, ao passo que a dimensão estritamente cultural, chamada género, é sublinhada ao máximo e considerada primária.”
Efectivamente, as mulheres há muito que lutam por alcançar uma melhor distribuição da poder entre os homens e as mulheres no Estado, na sociedade, dentro dos partidos, dentro da família, nos processos de formulação de políticas públicas e até mesmo dentro das igrejas. A crítica desta carta do Vaticano é surpreendente, na medida em que a luta pela justa distribuição do poder, é a dinâmica essencial da democracia. Devemos no entanto entender que a democracia é uma ideia e uma prática alheias à vivência daqueles que operam dentro das estruturas verticalistas e autoritárias do Vaticano. A igreja condenou a mulher a parir sem limites e sem condições. Não importa a sua idade, não importa a causa da sua gravidez, Não importa se se trata de uma jovem violada e engravidada. Ao mesmo tempo, a Igreja perpetuou a imagem da mulher como um símbolo das debilidades da carne. Virgem é a Maria, esposa do carpinteiro, para exorcizar a sexualidade humana. O homem, por sua vez, representa a força do espírito que, elevando-se sobre a “natural” tendência ao pecado pela mulher, converte-se no representante de Deus na terra. Só um homem pode ser Papa ou sacerdote. Só um Ratzinger sabe o que querem e o que precisam as mulheres. Deus é varão. Putas e pecadoras são, ou se inclinam naturalmente a ser, todas as madalenas...
A bíblia e a igreja foram, desde sempre, o maior obstáculo para o processo da emancipação da Mulher.
Exemplo de alguns excertos do Antigo Testamento:
- Levítico 12: 1, 2 & 5
Deus falou a Moisés e disse:
Fala com os filhos de Israel e diz-lhes: "A mulher quando conceber e der à luz um varão, será imunda 7 dias… e se der à luz uma menina, será imunda duas semanas…
- Efésios 5: 22 & 23
As casadas estão sujeitas aos seus próprios maridos, como ao Senhor; porque o marido é a cabeça da mulher, assim como Cristo é a cabeça da igreja, a qual é o seu corpo, e ele é seu Salvador.
- Romanos 7: 2
A mulher casada está sujeita à lei do marido enquanto ele viver: mas se o marido morrer, ela fica livre da lei do marido.
- Pedro 3: 1
Assim vós, mulheres, estais sujeitas aos vossos maridos; para que também os que não creiam na palavra de Deus, sejam considerados gado sem palavra, pela conduta das suas esposas…
- Corintiuos 14: 34 & 35
As vossas mulheres devem calar nas congregações: porque não lhes é permitido falar, porque estão sujeitas, como diz a lei. E se quiserem aprender algo, perguntem em casa aos seus maridos; porque é indecoroso que uma mulher fale na congregação.
- Timoteo 2: 11- 15
A mulher deve aprender em silêncio, com toda a sujeição.
Não permito que a mulher ensine, nem exerça domínio sobre o homem, deve ficar em silêncio. Porque Adão foi formado primeiro, e depois a Eva; e Adão não foi enganado, mas sim a mulher, que ocorreu em transgressão. Mas se salvará parindo filhos, se permanecer em fé, amor e sacrifício, com modéstia.
Como responde a igreja a esta clara demonstração de machismo bíblico? Dissimulam, tentam evadir-se, mudam de tema, dizem que a bíblia transformou muitos com a sua bondade, ou inventam mentiras de maneira a justificarem a bíblia como o livro santo e puro. Pode uma pessoa racional considerar que a Bíblia é útil nos nossos dias como fonte de conselhos? E mais: que devemos acreditar em tudo o que nela está escrito?
"Os desabafos que se seguem têm seguramente todas as desvirtudes dos desabafos: para pouco servem e arriscam-se a não encontrar grandes concordâncias. Apesar de tudo, não devem ficar abafados..."
terça-feira, janeiro 30, 2007
Opinião
domingo, janeiro 28, 2007
Apelo - Vamos denunciar os responsáveis

!
"Os representantes da Assembleia de Pais de Crianças que frequentam os estabelecimentos de infância da Fundação D. Pedro IV, realizada no dia 19 de Janeiro, reuniram ontem com o Presidente do Conselho de Administração da Fundação D. Pedro IV, Eng. Vasco Canto Moniz, e a Coordenadora para a Área da Infância, Dr.ª Dulce Canto Moniz.
Os representantes dos pais deram conhecimento da deliberação da assembleia no sentido da constituição de uma Associação de Pais, e solicitaram formalmente autorização para a utilização do nome e morada da sede da instituição para o exercício das suas actividades. Ambas as autorizações foram concedidas.
Perante a preocupação manifestada relativamente à deterioração das condições de segurança, higiene e saúde das crianças que frequentam a instituição, e a quebra da confiança implícita que os pais depositavam num modelo de serviço existente aquando da inscrição dos seus filhos, o Presidente do Conselho de Administração reconheceu ter havido uma diminuição na qualidade dos serviços prestados e um defraudar de expectativas dos pais.
O Eng. Canto Moniz tornou público que está em curso uma reorganização dos Estabelecimentos de Ensino - cujo conteúdo efectivo não nos foi revelado, embora tenha sido formalmente solicitado. Sobre isto, apenas transmitiu oralmente aos pais um conjunto de propostas avulsas, que na sua maioria implicam a diminuição de pessoal e o aumento do número de horas de trabalho por parte dos funcionários da instituição.
O Presidente do Conselho de Administração referiu ainda que durante a próxima semana estaria em curso um processo de análise e reorganização de todos os estabelecimentos de ensino de modo a resolver algumas das questões mais prementes relacionadas com a segurança das crianças. Propôs reunir novamente com os pais.
O teor das propostas que foram ao longo da reunião sendo sugeridas pelo Presidente do Conselho de Administração não oferece, na opinião de todos os pais presentes, garantias de solução dos problemas apresentados, porque não inflecte a prática de redução do pessoal responsável pelas crianças, elemento que, neste contexto, é fulcral para a manutenção do serviço e da sua qualidade. A abertura manifestada para o diálogo, por parte da Administração, não se coaduna com as medidas por ela apresentadas, pois estas levarão à desestruturação do núcleo central do seu serviço: a relação educador - criança. Tal, naturalmente, impede a óbvia resolução dos problemas mais graves por nós diagnosticados e não levará à reposição das condições de segurança, higiene e bem-estar afectivo e emocional das crianças, prevendo-se que a situação se venha a agravar durante os próximos dias.
Mais, o Eng. Canto Moniz, após ter sido questionado pelos representantes dos pais, informou que durante os próximos dias iriam ser extintos mais 10 postos de trabalho, assegurando que as educadoras se manteriam todas, "até ao final do ano lectivo" - de acordo com as suas palavras.
Os pais reiteraram junto da administração a sua total confiança na competência e empenho das funcionárias actualmente existentes e nas que entretanto foram sendo dispensadas.
Os representantes dos pais estranham a total ausência de resposta às dezenas de queixas enviadas à Inspecção da Segurança Social pelos pais de crianças do Estabelecimento de Infância da Fundação D. Pedro IV.
Os representantes dos pais requerem a intervenção urgente das entidades competentes, dado estarem em causa os direitos fundamentais das crianças, propondo-se, entretanto, pedir esclarecimentos à Segurança Social sobre o processo de reestruturação em curso, de que esta tem conhecimento desde o passado dia 15 de Janeiro."
ver mais no blog dos pais
Por enquanto ainda lá vamos deixando todos os dias a Amélia, confiando nas excelentes auxiliares, assistentes e educadoras.
Contudo, deixo algumas notícias que aterrorizam qualquer pai:
Público de 31 de Dezembro de 2006, sobre o arquivamento de relatório que propunha a extinção da Fundação D. Pedro IV.
Público Local (pág. 3) 19 de Junho de 2006, sobre os "arquivamentos" do Sec. de Estado Simões de Almeida, a Fundação, etc…
Correio da Manhã 4 de Janeiro de 2007, recomendo esta notícia do CM e todas as outras sobre Simões de Almeida que se encontram no final da página.
quarta-feira, janeiro 24, 2007
Assédio moral, um inimigo invisível
As atitudes abusivas manifestadas por comportamentos, palavras, actos, gestos ou escritos que possam provocar danos à personalidade, à dignidade ou à integridade física ou psíquica de uma pessoa, pôr em perigo o seu emprego ou degradar o ambiente de trabalho, caracterizam o assédio moral (não confundir com assédio sexual) no local de trabalho.Este é considerado um fenómeno do mundo moderno, onde impera a degradação das relações de trabalho e prolifera o individualismo, a arrogância e a prepotência. Apesar de pouco estudado, este tipo de violência é cada vez mais uma realidade preocupante do quotidiano laboral, onde a ideia de "não olhar a meios para atingir fins" é estimulada pela determinação de objectivos individuais, pela avaliação do desempenho através de um sistema de quotas e pelas políticas de privatização e reestruturação de Serviços Públicos que aumentam a instabilidade, a precariedade e o desemprego.
A retirada dos direitos laborais e sociais conduz ao enfraquecimento das estruturas representativas dos trabalhadores. Privados de protecção social e das suas organizações, estes ficam expostos a todo o tipo de coações. Esta degradação das relações laborais provoca danos na saúde mental dos trabalhadores, tais como stress, ansiedade, depressão, angústias entre outros distúrbios psicossomáticos, aumentam o recurso a baixas médicas e, em casos extremos, à reforma compulsiva ou antecipada.
A situação de assédio moral é normalmente de duração prolongada, por vezes superior a um ano. O trabalhador é induzido a perder a confiança e a auto-estima. Em alguns casos é isolado dos seus colegas, o que o torna indefeso e manipulável. A dificuldade em fazer prova das acusações, associada à falta de legislação de protecção da vítima, leva a que sejam raros os agressores levados a tribunal.
A potencial vítima de assédio moral é aquela que dá visibilidade a um problema ou ao exercício de um direito, defende os seus colegas, não aceita ser manipulada.
O sector público tem um elevado risco de incidência de assédio oral devido ao sistema hierárquico rígido que permite, através de delegação e subdelegação de competências, que o "agressor"se esconda. A Administração Local, o poder político está muito próximo dos trabalhadores e os cargos de dirigentes municipais e chefias dependem muitas vezes da confiança política e não da competência e desempenho profissionais. Aqui, o assédio moral é frequente, sendo, por esse motivo, banalizado em muitos casos.
A entidade empregadora tem obrigação de garantir um bom ambiente de trabalho, devendo proceder à implementação prioritária de programas de sensibilização e prevenção na área de segurança, higiene e saúde no trabalho que podem ser determinantes na prevenção dos distúrbios decorrentes do assédio moral.
Helena Afonso
segunda-feira, janeiro 22, 2007
Alienação

Não quero que te ensinem a dividir a humanidade em bons e maus, em fiéis e infiéis, em os "nossos" e os outros. Não quero que manchem com o pecado original a tua alma imaculada, nem que vendam a tua inocência a algum sem vergonha qualquer da sua organização, oculto e salvo pela sua hierarquia.
Não quero que matem a tua rebeldia com um punhal de resignação, nem que ameacem a tua bendita ousadia com um inferno à sua medida. Não quero que troquem pela tristeza a tua imensa alegria, que confundam a tua perspicácia com o mais além e o mais aqui, que as promessas de vida eterna te façam esquecer o compromisso frente à eterna maldita vida dos de sempre, que injusto seja normal e irmãos não sejam todos, que de tanto olhar o céu te esqueças do chão que pisas.
Não quero que ninguém dirija a tua cama, que uns homens que vivem sós te digam o que é família, que a injustiça social é apenas inveja, o impulso natural é lascívia e a liberdade um pecado. Não quero ver-te expiar as suas culpas, perdido nas suas turbulências sem razão nem coração, tão dependente dos santos que não repares que todos os outros somos tantos, não quero que te troquem um beijo por um paraíso, nem um abraço por uma chicotada, que te substituam a solidariedade pela caridade.
Não quero para ti nem o seu céu nem o seu inferno eternos, não quero o seu bálsamo de não pensares, o alívio do perdão por coisa nenhuma, a cruz do complexo de culpa ou o flagelo do castigo divino, não quero que compres almas por um prato de feijão, nem que ajudes a vestir os nus em troca de substituíres o Deus que reza. Para ti, meu filho, quero paz de verdade, paz de humano, paz de irmão, amor de verdade, amor de humano, amor de irmão, esperança de verdade, esperança de humano, esperança de irmão, para ti quero todas as mãos, toda a paz, todas as esperanças e todo o amor, porque para ti desejo que todos os seres humanos sejam teus irmãos, sem distinção de raça, sexo ou credo, para ti quero a plenitude de ser humano, irmão, inteiro e sem medo.
Gonzalo Morales, 22 de Janeiro de 2005
sábado, janeiro 20, 2007
quinta-feira, janeiro 18, 2007
Hipocrisia
A hipocrisia é a atitude de simular uma virtude que não se tem.
Ser hipócrita é fingir e falsear na actuação social a sombria identidade que se esconde. É nomear o Deus para tudo, mas em vez de perdoarem, oferecem a forca e o verdugo. Hipócritas são os milhares de casais que se "oferecem" para adoptar um bebé recém-nascido porque estão contra o aborto, e nunca lhes passou pela cabeça adoptar uma dos milhares de crianças órfãos já nascidos, porque estes não passam afinal de mera estatística. Hipócritas são os que se manifestam com velas como se fossem pacíficos mas exigem a pena de morte. Hipócritas são os que se apropriam da palavra democracia quando esta palavra já não está em perigo, mas calaram as suas vozes quando foi necessário dar as suas vidas por ela. Hipócritas são aqueles que saíram à rua quando eram contestatários revolucionários e não saem mais porque se tornaram eles os capitalistas. Hipócritas são os que se escandalizam com assassínios pontuais e nunca se espantam com os genocídios de guerras injustas. Hipócritas são aqueles que se preocupam com a Constituição quando são apresentadas para discussão propostas sociais de igualdade e equidade entre os cidadãos e se "estão nas tintas" quando a economia os coloca a eles em primeira classe.
Hipócritas são os que dizem ser liberais e se entusiasmam com a ideia de intrometer-se em Cuba; hipócritas são os que consideram o Irão como o mal e ameaça nuclear, e não dizem nada dos países que têm arsenais nucleares com fartura.
Hipócritas são os que falam de "segurança jurídica" e não possuem um plano para a segurança dos trabalhadores flexibilizados e excluídos. Hipócritas são os que apregoam a segurança democrática mas no fundo desejam acabar com as greves e manifestações de direitos.
A hipocrisia é elitista. Todos os dias enfrentamos um mundo onde proliferam os hipócritas.

segunda-feira, janeiro 15, 2007
Uma história
Num impulso de reacção à dor o ancião soltou o animal, que caiu de novo à água, e de novo se estava afogando. O ancião tentou outra vez livrá-lo de morte certa e o bicho tornou a picar-lhe.
Um indivíduo que tinha observado a cena, aproximou-se e disse-lhe:
_ Desculpe, mas você é palerma ou quê? Não percebe que de cada vez que o tentar tirar da água, o escorpião vai picar-lhe?
A natureza do escorpião é picar e isso não irá alterar em nada a minha, que é a de ajudar, respondeu o ancião.
E então, socorrendo-se de uma folha de figueira, tirou o bichinho da água e salvou-lhe a vida.
Esta história, como todas as histórias, tem uma moral: não devemos mudar o que é da nossa natureza e não devemos deixar-nos influenciar facilmente pelos outros.
Que a conduta das outras pessoas jamais condicione a tua!
sexta-feira, janeiro 12, 2007
Opinião
O sr. Apenas
Correia de Campos não fez mais do que voltar a aplicar o argumento que mais tem posto a uso desde que se encarregou de tratar da saúde aos portugueses. «Apenas» parece ser a palavra preferida do ministro: «apenas» nascem 800 crianças numa maternidade, feche-se; «apenas» usam o SAP em média duas pessoas por noite, feche-se; um milhão de portugueses estão a «apenas» 30 minutos da urgência mais próxima, fechem-se os serviços; os portugueses estão demasiado tempo internados, modere-se o luxo com uma taxa moderadora de «apenas» 5 euros por dia; «apenas» um miúdo por mês precisa de um transplante do fígado, que vá a Espanha.
Bem que o ministro avisou: 2007 será um ano de muita luta em defesa do direito à saúde!

Margarida Botelho in Avante
Face ao drama das crianças portuguesas a precisar de transplantes para sobreviver, o ministro da Saúde entendeu que o que era necessário era «relativizar».
Afinal, disse o ministro Correia de Campos para quem quis ouvir, estamos a falar de «não mais de 10 ou 12 casos por ano, apenas», que serão tratados no estrangeiro enquanto não se arranjar outra solução. Achará Correia de Campos que para as oito crianças que neste momento precisam de um transplante do fígado é indiferente serem operadas em Coimbra ou em Madrid, longe da sua família, da sua língua, do seu país? Saberá Correia de Campos quanto tempo demora a formar uma equipa de profissionais com a experiência desta?
segunda-feira, janeiro 08, 2007
Outro mundo é possível...
sábado, janeiro 06, 2007
Fábulas

Quando, há uns anos, os pais tentavam persuadir os filhos de que era importante estudar, diziam-lhes que se estudassem, no futuro iriam ter um bom emprego e ganhar muito dinheiro. As crianças compreendiam que se tratava de um argumento sólido e eficaz. Hoje em dia não é assim. Os jovens sabem que muitos alunos que estudam, ainda que sendo brilhantes, terminarão no desemprego. Alguns, encontram um trabalho de baixa qualificação, para o qual não teria sido necessário tanto esforço intelectual. Ambas situações são ainda o resultado de uma interminável espera. Sabem também, que muitos dos que procuram trabalho abandonando os estudos, ou que se dedicam a negócios prematuros, mais ou menos legais, enriquecem rapidamente e com eficácia. Entretanto, aqueles que continuam a estudar, continuam usufruindo do rendimento familiar e pedindo aos pais o dinheiro para tomar uns copos e pagar o autocarro. Os outros dispõem do dinheiro necessário para os transformar em pessoas autónomas e auto-suficientes. O que os jovens de hoje aprendem rapidamente é que há formas fáceis e rápidas de conseguir dinheiro e que o estudo paciente e prolongado nem sempre conduz a um trabalho satisfatório e bem remunerado. Ou seja, aprendem que têm de estudar com o objectivo único de saber e não é fácil descobrir o prazer da aprendizagem, quando o que se estuda não tem qualquer interesse ou se aprende em estruturas asfixiantes.
Podemos concluir que a fábula de La Fontaine "A Cigarra e a Formiga", perdeu actualidade. Hoje, provavelmente, a formiga não consideraria que o trabalho constante é uma forma de assegurar o futuro.
quinta-feira, janeiro 04, 2007
Mundos aparte
O capitalismo encontra-se hoje em dia na situação de "vencedor". Há já algum tempo, surgiu uma filosofia no Departamento de Estado do governo dos Estados Unidos, que fala do "fim da história". Esta filosofia propõe um futuro: um futuro, no qual não há história nem conflitos sociais, em que o Primeiro Mundo encontrou a paz, e o Terceiro Mundo não conta para nada.
O mundo que surge e se faz anunciar é um mundo no qual existe um único senhor e amo e em que é admitido apenas um único sistema. Temos um mundo como um só império, que chega a toda a parte, um império que cobre e engloba o mundo inteiro.
De repente, apercebemo-nos que não existe nenhum refúgio possível. Frente a um único império, não pode existir. O império está em todo o lado. Tem o total controlo do poder, e sabe isso. Em todo o lado, o império faz questão de divulgar que controla o poder. A auto proclamada “sociedade aberta” constitui a primeira sociedade fechada em que não existe nenhum escape ou fuga do seu interior.
Pela primeira vez o Terceiro Mundo encontra-se completamente só. No seu conflito com o Primeiro Mundo dos países capitalistas já não pode contar com o apoio de nenhum outro país. Já não pode recorrer a nenhum Segundo Mundo que, de alguma forma pudesse ser solidário com ele. E o Terceiro Mundo fica isolado, marginalizado, até por alguns dos países antes solidários, mas transformados entretanto numa espécie de Segundo Mundo. E a sensação que fica, é a de que nenhum país consegue prosperar, se não for admitido pelo Primeiro Mundo, no banquete em que todos devoram o Terceiro Mundo.
segunda-feira, janeiro 01, 2007
Podemos mudar o Mundo

De mudar o Mundo está
Nas nossas mãos.
Como?
1. Erradicar a extrema pobreza e a fome
2. Atingir a Educação básica de qualidade para todos
3. Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia da mulher
4. Reduzir a mortalidade infantil
5. Melhorar a saúde materna
6. Combater a SIDA, a malária e outras doenças
7. Garantir a sustentabilidade ambiental
8. Enfrentar o imperialismo norte-americano.
9. Estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento