D esde há alguns anos que surgem “ideólogos” a falar no fim disto e no fim daquilo. Talvez que o “fim” mais badalado tivesse sido a “célebre” tese do fim da história.
Mas todos se lembram também do fim das ideologias, do fim do comunismo e de outros fins. Todos estes fins têm, no fim de contas, um objectivo: o de conseguir que não tenha fim exactamente aquilo que lhes interessa que se mantenha, e que na verdade e forçosamente, terá um fim.
Tudo o que nasce pode desenvolver-se mas tem um fim. Esse fim, porém, é o resultado das contradições inerentes ao seu próprio desenvolvimento, não é imposto do exterior pela vontade deste ou daquele. O fim da história é tão só uma forma mascarada de afirmar que, atingido o capitalismo, nada há, depois, que o possa ultrapassar.
O fim das ideologias é uma forma ideológica de querer esmagar as outras ideologias para fazer ressaltar a “nova” ideologia da inexistência de ideologias.
O fim do comunismo foi espalhado por todo o mundo para, aproveitando o descalabro do socialismo na Europa, procurar minar a vontade, a dedicação e a esperança dos explorados. Simplesmente, este fim é demasiado prematuro, pois aplica-se a uma coisa que não chegou a nascer… ainda.
Todos estes fins tendem a defender a sociedade assente na exploração dos trabalhadores, na opressão dos povos, tendem a insinuar que atingiram “o melhor dos mundos”, assente no individualismo e no lucro, capaz de levar ao “sucesso”… de alguns.
Noutras épocas, surgiram teses semelhantes. Os grandes possuidores de escravos e aqueles que gravitavam à sua volta, consideravam com certeza que essa era a sociedade mais evoluída, a sociedade final. Os grandes senhores feudais, depois, não pensavam de modo diferente em relação à nova sociedade em que desempenharam esse papel principal.
Estas novas teses de “fins” não são uma modernidade. Fazem parte de uma campanha internacional com fins que são claros mas que é preciso esclarecer.
Hoje em dia foi decretado outro fim, o fim do imperialismo e do capitalismo. Já repararam que há certos meios que “acabaram com o imperialismo? Mesmo partidos e indivíduos que ainda há pouco tempo falavam claramente no capitalismo, parece que decretaram também o seu fim. Trata-se de um fim fictício. Interessa, ao imperialismo, que os povos pensem que o capitalismo deixou de existir. Se não se falar em capitalismo e em fascismo, talvez pensem que não sentimos na pele os seus efeitos e nos acomodemos. Mas isso obrigaria à declaração de um outro “fim”, o fim da exploração do homem pelo homem… coisa que aumenta a cada dia que passa.
Mas o socialismo, inevitavelmente, ir-se-á expandir, e os povos tomarão, aos poucos, a rédea da mudança. Aos poucos, porque ao homem assusta-o o facto de deixar de ser individualista porque está “atado” à ideia da liberalização. A pressão que o capitalismo exerce sobre nós é tanta, que não conseguimos enxergar os danos que nos causa.

4 comentários:
muito interessante a abordagem e a propósito penso que muitos dos que agitam o fim e a tal ideologia vazia de conteúdos têm miolos bem talhados para prolongar nos tempos a forma de esmagar os mais fracos; sabem que assim se mantêm no domínio...
Uma reflexão muito interessante e actual, "eles" preparam sempre o fim de alguma coisa para continuar a dominar. Cabe-nos a nós fazer-lhes frente com todas as armas que possamos...
Esta frase traduz bem a necessidade da Luta - "A internacionalização do capital chegou a tal ponto, que a libertação de um povo depende da libertação de todos os povos."
Bom Fim de Semana.
Bom artigo!
Vai de facto existir um fim, mas muito diferente daquele que os poderosos apregoam. Com uma multidão de desempregados de um lado e uma multidão de escravos no outro, ambas sem dinheiro, o sistema capitalista assente num mercado de consumidores vai estoirar. E já não falta tudo.
O Francis Fukuyama (norte-americano, claro) coroou a "democracia liberal" e o capitalismo como soluções finais à história da humanidade, após analisar, entre outros aspectos, um tal fim do socialismo (ele acabou? E não me avisaram!!). Segundo ele, não há mais o que se evoluir em termos de relações político-econômicas.
Se o máximo de evolução a que podemos chegar é "isso", melhor mesmo explodir logo o planeta.
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