segunda-feira, outubro 02, 2006

Muros...

"...Fecham-se portas, erguem-se muros e barreiras de arame farpado com o objectivo de resolver questões que não se resolvem se não forem corrigidos os erros à priori..."D

urante muitos anos a “democracia” dos Estados Unidos utilizou o muro de Berlim como um argumento de propaganda contra o socialismo. Baptizou-o de “Muro da Vergonha” e Kennedy e Reagan utilizaram-no num desafio aberto à Europa de Leste. Quando finalmente foi derrubado, organizaram-se grandes manifestações dando uma conotação de vitória democrática à sua desaparição. Pois bem, agora o Congresso norte-americano acaba de aprovar a construção de um muro similar entre o México e os Estados Unidos, e parece que tal facto não causa nenhum pudor democrático aos venerados legisladores que aprovaram esta medida por 260 votos a favor e 159 contra.
O muro terá 1.125 quilómetros de extensão e estará coberto de reflectores e câmaras para impedir “el salto” de 900 mil mexicanos que anualmente tentam atravessar a fronteira, 500 dos quais acabam por morrer. Cada metro linear de construção custará 1 milhão de dólares. Como se não bastasse, a nova lei converte a imigração ilegal num delito grave, e castiga com pena de prisão, em vez de deportação, todos os transgressores e da mesma maneira, serão punidos aqueles que derem emprego remunerado aos infractores. Esta lei é, no mínimo, fútil, porque não pode deter uma realidade de escala mundial como a globalização económica. É impossível que, num mundo onde o capital se transfere de país para país com um simples clic, a força do trabalho aceite medrar dentro de fronteiras que se afiguram cada vez mais irrelevantes. Afinal, as grandes empresas podem lucrar com o trabalho dos homens e mulheres desses países, mas ai destes se tentarem almejar uma vida melhor nos seus territórios!
As leis anti-imigração surgidas nos Estados Unidos, que tanto prejudicam os imigrantes mexicanos, são similares a outras medidas que se estão adoptando na Europa. França e Espanha discriminam os magrebinos, Itália os albaneses, Alemanha os turcos, Grã-bretanha os hindus, etc. O aumento demográfico do Terceiro Mundo, os índices de desemprego, a precária qualidade de vida, impele a procurar, noutras terras, a prosperidade que não conseguem alcançar na sua própria terra.
Mas o Muro do México não é o único! Também Israel está elevando um outro muro de 700 quilómetros de extensão, isolando 300 mil palestinianos da margem ocidental do rio Jordão, ou seja 10% da população do novo estado. Israel apropria-se assim das terras mais férteis daquela região, assim como da mais importante reserva de água numa região desertificada. Uma acção anexionista de tamanha envergadura conseguida, segundo Noam Chomsky, “graças ao apoio militar, económico e político dos Estados Unidos ao criminoso de guerra Sharon”.
A propósito deste tema dá que pensar: Que teria acontecido se a tecnologia, a história, o ser humano, quer dizer, o mundo em geral, tivesse alcançado o seu desenvolvimento em primeiro lugar no hemisfério sul? Bem, talvez que tivéssemos uma imagem do mundo ao contrário


3 comentários:

Biranta disse...

Mas não se pense que é só na América que os americanos dão origem a muros...
Segundo li hoje, a Arábia Saudita vai construir uma vedação ao longo da fronteira com o Iraque... para se proteger da violência generalizada que se instalou naquele país (o Iraque).
E quem foi que instalou a violência generalizada no Iraque?

Porque é que há uns bandidos, a governanr o Mundo que têm o direito de cometer toda a espécie de canalhices sem que a Comunidade Internacional se indigne?
Escumalha de rafeiros!

Anónimo disse...

E que tal construir um muro em redor dos países do Norte de Africa?

AJB - martelo disse...

o eterno problema: a exploração dos recursos dos países pobres em vez de entre-ajuda...