sexta-feira, junho 29, 2007

O quarto poder

O outro lado da liberdade de expressão
A

queles que dirigem e controlam a imprensa escrita e audiovisual não se cansam de proclamar enfaticamente que a comunicação social é o garante das liberdades cívicas, desde que desfrute de uma liberdade de expressão absoluta. É verdade que a liberdade de nos informarmos e de informar, constitui um travão para os que ostentam o poder. Mas essa liberdade, por sua vez, constitui uma forma de poder que pode degenerar e tornar-se manipuladora.Na realidade, a possibilidade de nos podermos expressar publicamente, é apenas de alguns, quase sempre profissionais da política e do jornalismo. A maioria dos cidadãos vêem-se reduzidos ao papel de leitores, radiouvintes e telespectadores. Apenas alguns têm a oportunidade de expor as suas opiniões por escrito. Ainda que os jornais reservem um espaço próprio para os leitores, na secção Cartas do Director. Mas até mesmo esta ínfima possibilidade de nos fazermos ouvir, depende da decisão do jornal e não do autor da carta. Valha-nos agora os blogs!
Sendo assim, em caso de polémica, este desequilíbrio entre o poder da imprensa e a multidão de cidadãos que carecem de meios de comunicação próprios, torna-se abismal e mesmo dramático. Os recursos de um jornal para fazer sentir a sua prepotência a quem se vê encurralado numa controvérsia são tão poderosos que, falar de liberdade de expressão é uma ironia. És atacado por um jornal e pedes direito de réplica. Concedem-no, fazendo alarde de liberalismo. Mas tardam em publicar a tua posição, mutilam-na e situam-na num espaço pouco destacado e, ao lado, até lhe colocam um artigo adverso… Entre o caçador e a presa há menos diferença quanto ao poder de atacar e defender-se, que entre um jornal e um cidadão que se enfrenta com alguém poderoso ou afecto ao mesmo.
A imprensa escrita e audiovisual exerce actualmente um verdadeiro “colonialismo da opinião pública”. Orienta o povo conforme as sentenças da sua forma de pensar. Para isso, selecciona os seus colaboradores, filtra as notícias, converte as informações em interpretações e comentários, destaca os dados que favorecem a sua própria posição ou prejudicam a imagem do adversário ideológico. Basta confrontar dois jornais de orientação diversa para verificar de que formas tão distintas se pode interpretar um mesmo acontecimento. A objectividade da notícia é parcial e está condicionada pela linha de um grupo ou do próprio jornalista. As notícias que nos chegam, independentemente de escritas, orais ou visuais, não apresentam o facto ocorrido mas sim a modificação/alteração necessária para cumprir com um determinado objectivo: o político. Hoje em dia a informação converteu-se num instrumento de poder e consegue atrair a opinião da sociedade, influenciando-a de uma forma voraz. É um elemento de manipulação através do qual se defendem diversas posturas e ideologias, um elemento que incide na nossa maneira de pensar, inconscientemente.
Depois do poder executivo, legislativo e judicial, temos o quarto poder: a informação (nas mãos de alguns privilegiados), que tem como finalidade informar e como objectivo, levar essa informação à sociedade.
Na minha opinião, considero que hoje em dia, todos os meios de comunicação têm demasiada influência na nossa maneira de pensar, atacam-nos, manipulam-nos, violam a intimidade dos mais mediáticos, etc… tudo para obter um pouco de glória, porque afinal são o quarto poder. Os meios de comunicação, actualmente, fazem o que lhes dá na gana, não têm regras… apenas um montão de informação, crê-la ou não, é da nossa conta.

Peço desculpa pela ausência nestes dias, mas a disponibilidade para escrever tem sido muito pouca.

quinta-feira, junho 14, 2007

Os invisíveis

A exclusão existe. Mas ninguém é um excluído por aquilo que é, mas sim pelo tratamento que recebe dos outros que o rodeiam. Talvez que o excluído não exista, e só existamos nós, os excludentes.A

exclusão social pressupõe negar à pessoa o direito de ser pessoa. O homem é um ser social, mas ao excluído arrebata-se tudo aquilo que lhe permite sentir-se humano. O excluído é todo aquele a quem a sociedade vira as costas. Os políticos não se lembram deles e nos meios de comunicação aparecem apenas nestas ocasiões O excluído social não desfruta dos direitos mais básicos, porque a sociedade não lhos reconhece e ele não pode reclamá-los.
A imagem da exclusão social mais evidente talvez seja a das pessoas que vivem na rua. Na “desenvolvida” União Europeia, calcula-se que cerca de 5 milhões de pessoas não têm lar e que mais de 15 milhões vivem em barracas. Ao mesmo tempo, os imigrantes sem papéis, os habitantes dos bairros marginais e os toxicodependentes sem tratamento, formam um grupo de excluídos cada vez maior. A verdade é que podemos afirmar que, se a sociedade não favorece os débeis, então ela os exclui. E começa a fazê-lo bem cedo. A falta de interesse pela educação, que recebem as crianças dos bairros marginais, assegura-lhes à partida, “uma taxa de exclusão” para o futuro. A igualdade de oportunidades apregoada por aí, não passa de uma frase feita, porque os meios públicos não são colocados de igual forma ao alcance de todos.
Fenómenos como o desemprego, a precariedade no trabalho ou a redução do Estado de Bem Estar, fazem aumentar a percentagem de excluídos. As novas estruturas sociais criam grupos de exclusão que antes eram impensáveis. O “avô” que até há pouco tempo era uma figura fundamental em qualquer família, enfrenta com uma das exclusões mais subtis: a solidão. Num país tradicionalmente familiar como Portugal, mais de um milhão de idosos vivem sós, e uma grande percentagem reconhece que o seu principal problema é a falta de companhia.
Os grupos de exclusão mudam com o tempo. Ao longo da história, foram vários os excluídos sociais: os judeus, os canhotos, os doentes mentais, os ciganos, os actores, os portadores do vírus da SIDA. A homossexualidade e o consumo de drogas foram rechaçadas ou dignificadas, consoante as diferentes culturas. São vários os grupos de exclusão que criamos ao nosso redor. Hoje em dia a principal causa de exclusão mundial é, simplesmente, a pobreza.
O excluído não é aquele que perdeu o emprego, mas sim aquele que não tem a mínima esperança de recuperá-lo. O problema dos excluídos não é que tenham problemas, é antes não ter a quem contá-los e a quem pedir ajuda. Excluído é o imigrante que chega sem uma garantia de futuro, a prostituta sem alternativa, o toxicodependente, a mulher maltratada, o sem abrigo. O idoso que não entende uma receita médica e não tem quem lha explique; o doente sem visitas há meses; o homossexual que tem de calar o que sente e o deficiente motor defronte de uma escada.
A verdade é que os excluídos não escolhem sê-lo. Somos nós que, entre todos, lhes escrevemos o rótulo.
Ninguém é um excluído por aquilo que é, mas sim pelo tratamento que recebe dos outros que o rodeiam. Talvez que o excluído não exista, e só existamos nós, os excludentes.
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quarta-feira, junho 13, 2007

Conclusões do G8

Ele diz que só bebeu água...


Todas as televisões francesas se recusaram a passar estas imagens, mas algumas tv's europeias tiveram a coragem suficiente para nos mostrar os bastidores do G8. Este vídeo está o máximo!

quarta-feira, junho 06, 2007

G8, what for?!!

A reunião dos chefes de Estado e de Governo dos oito países mais industrializados do mundo (G8), que tem hoje início em Heiligendamm na Alemanha, mostra-nos um cenário político e socio-económico pouco animador para o futuro da humanidade. No evento que terá como lema essencial “Crescimento e Responsabilidade”, os líderes do G8 debaterão e decidirão uma vez mais sobre as questões de economia e política global que os afectam, sem ter em conta os mínimos interesses dos países subdesenvolvidos, a não ser uma pequena referência sobre a situação económica em África.
Este ano a agenda incluirá para além da inversão e crescimento económico, a propriedade intelectual e a crise energética, sem qualquer referência aos acutilantes problemas económicos que envolvem os países subdesenvolvidos.


Tambores de Guerra

Q ue distintas são as coisas quando se vêem de distintos pontos da Terra! Para os que vivem no coração de África, o significado da Paz é totalmente diferente do que pode significar para os cidadãos da Europa. Se para estes a paz representa a tranquilidade, para os outros a paz, significa acima de tudo, sobrevivência. A guerra, na sua total crueldade, apresenta-lhes duas perspectivas: a do protegido e a do desprotegido. Para as grandes potências, a guerra representa um mero jogo de estratégias. Para os países subdesenvolvidos, o espectáculo dantesco da ruína, a fome e a morte.
As guerras esquecidas de África, as que não comovem a opinião dos europeus ou dos norte-americanos, porque aparentemente não lhes afecta a vida, poderiam servir para a "análise da natureza social da guerra". Existem três características comuns a todos os conflitos:
- Os homens da guerra;
- Ânsia de poder;
- Desequilíbrio económico.
Os homens da guerra são os sujeitos que concebem a guerra como um meio de impor os seus critérios num determinado conflito social. À frente de cada movimento belicista existe uma mente perturbada que interpreta a destruição do inimigo, como um objectivo para a sua afirmação pessoal. É comum aos homens da guerra dissimular um quadro psicológico de egocentrismo que os induz a considerar as discrepâncias sociais como uma ameaça à realização pessoal. Uma paranóia que inevitavelmente conduz à alternativa "vitória ou morte".
A ânsia de poder representa outra das características comuns de toda a iniciativa bélica. É esta que move os caciques das sociedades a colaborar com as iniciativas dos seus líderes. Subir na escada do poder é a perspectiva dos políticos, salvo para os poucos que assumem os seus objectivos como um serviço à sociedade. Os oficiais militares e os cabecilhas políticos oferecem-se para constituir os "estados-maiores" que realizarão as operações de extermínio do grupo social, elevado à categoria de inimigo. Personificar-se e identificar-se com o líder, constitui a garantia de uma quota de poder, alcançada a vitória.
Mas uma das características que mais induz à guerra é a irrealidade que se segue a todo o real desequilíbrio económico. Aqueles que todos os dias convivem com a miséria, são os mais frágeis para continuar e assumirem um Estado com esperança na prosperidade, após o alistamento na luta armada. Os que nada têm, têm aparentemente menos que perder e muito mais a ganhar. São estes dois objectivos que movem muitos a lutar, sem perceberem que, da destruição da guerra apenas se obtém duas coisas: mais pobreza, mais miséria e mais dor.
As sociedades mais débeis são por si só, as sociedades mais frágeis aos interesses das grandes potências, que utilizam os homens da guerra como os seus baluartes para a exploração do terceiro mundo, que não só confiscam as suas riquezas naturais, como ainda dizimam as suas populações e as lançam na maior das pobrezas.
O dia que os tambores calarem e os povos massacrados tomem consciência do poder da paz e do trabalho, todos unidos, estarão rumo ao desenvolvimento. Mas talvez que esse dia seja já tarde demais.

STOP!!!

sexta-feira, junho 01, 2007

Dia Mundial da Criança

LOS HIJOS DEL HAMBRE NO TIENEN MAÑANA


Con la mirada perdía en esos ojos de cuencas vacías,
se me notan las costillas, debo vivir el día a día.

Y tú preocupao por cómo adelgazar,
pensando todo el día en esos kilitos de más.
Siéntate un ratito y ponte a pensar
en cómo viven y mueren los demás.

Pa' poder vivir debo arriesgarme a morir,
aún me queda la esperanza de poder seguir aquí.
Navegan mis ilusiones en un frío mar añil,
escapar de la pobreza, ¡Por fin, por fin, por fin!
Y si merece la pena hay cruzar en una patera
que va a naufragar antes de llegar a Gibraltar.

Me asusta la pobreza, vete de aquí.
Nos quitas el trabajo y nos traes de fumar,
educamos a tus hijos pa que roben el pan,
el día de mañana nos vas a gobernar.

Y apaga el televisor y todo vuelve a ser real,
las cosas que has visto se te van a olvidar:
guerras, hambre y precariedad...
¡Calla tu conciencia y déjate llevar!...

Entonces se apagan todas las luces del barrio
y la gente duerme y no piensa
en los que pierden su vida a diario.


Con la mirada perdía en esos ojos de cuencas vacías,
se me notan las costillas, debo vivir el día a día.
Música y letra por CanteCa de MaCao.