quarta-feira, abril 11, 2007

Opinião

A responsabilidade do poder

Todos os dias os portugueses se sentem mais defraudados com os políticos que elegem ano após ano, e nos quais depositam todas as esperanças. O problema até nem chegaria a ser espectacular, se não fosse o facto de que o mal se tornou crónico. E se as doenças crónicas não matam mas impedem viver saudavelmente, as maleitas sociais crónicas impedem a convivência, o desenvolvimento, e são a origem de todas as delinquências. Tiremos-lhe nós o cinto, para NOSSA própria segurança!

Do ponto de vista da democracia formal, Portugal deveria ser um “modelo”, mas a realidade mostra uma falha técnica na aplicação do sistema. Se o sistema é válido mas não funciona, devemos então presumir que a lacuna se encontra no “status” dos políticos que se mostram incapazes de fazer com que a máquina do poder funcione.

Deveremos então concluir que se trata de um problema cultural endémico dos nossos políticos? Talvez que hoje, mais do que nunca, seja necessário meditar sobre os fundamentos em que cimentamos a nossa administração do poder e da nossa democracia.

Os 48 anos de ditadura parecem ter deixado na estrutura política portuguesa, a sua “marca”, no que se refere concretamente à chamada denominação do cacique. A principal característica do caciquismo é a impunidade, uma “carta sem letras” que lhes permite fazer e desfazer a seu belo prazer todo o tecido social em que se estende o seu poder. A corrupção dos políticos não é só em Portugal, todos sabemos, mas o que nos difere dos outros é a generalidade da mesma, que nos incapacita cada dia mais e mais para vislumbrar uma referência a seguir e alcançar uma solução eficaz.

A irresponsabilidade do poder assenta no facto dos políticos chegarem ao extremo de estabelecerem um “status” de impunidade para os seus actos, sejam eles de que natureza forem.

O poder, que a teoria constitucional legitima no povo, está cada vez mais nas mãos dos grupos fraccionários que controlam a comunicação social e a economia (para não falar noutros sectores sociais). Esta impunidade mencionada é, em último lugar, a causa das sucessivas fraudes com que os portugueses se deparam, ano após ano.

Se caísse sobre os políticos, como acontece com todos os outros profissionais, a supremacia da lei, pelas irresponsabilidades do seu mandato, provavelmente que a aurora de um novo futuro se deixasse antever…

3 comentários:

a.castro disse...

Na minha modesta opinião a "democracia" em Portugal não passa de formal (está na Constituição). Mas por mais voltas que o povo dê acaba sempre por eleger os políticos que temos e que não são mais do que agentes do capitalismo, saudosistas do passado e "inclinados" para o revanchismo. É uma desgraça! Não vamos lá! Só com outra Revolução!

Anónimo disse...

Tens razão, as maleitas sociais crónicas impedem a convivência e o desenvolvimento. Infelizmente, o caciquismo é um aprofissão nos dias de hoje. A solução seria uma razia, uma verdadeira razia... Estou com o Castro, Só com outra Revolução!
Bom Fim de Semana

AJB - martelo disse...

gostei deste apontamento, em especial do pormenor do "treino" que esta "massa" flutuante vai aplicando no exercício da "função"...difícil admitir que ao menos um "grupo" já nem falo num partido fosse capaz de fazer a diferença...a máquina é ferrujenta de corrupta.