uando se fala de fascismo, somos frequentemente levados a pensar nos regimes políticos que influenciaram as décadas centrais do século XX. Do ponto de vista sociológico, a actuação e o poder desses regimes são as características mais relevantes do fascismo, mas numa análise filosófica do mesmo, vimos que a essência do seu "sucesso" reside na sua natureza social, nas suas características, na sua raiz, garantias da sua própria existência.
A constituição de uma estrutura de poder, num sistema de dependência verticais, é uma das características essenciais do fascismo. Estruturar as dependências entre os membros do poder, subentende a concessão de uma relação social a cada um dos seus elementos, em função de um programa previamente estabelecido. Esta "dependência operativa" pressupõe, ao fim e ao cabo, uma estrutura de domínio, mais ou menos evidenciada, correspondendo a uma concepção de sociedade autoritária, uma hierarquia de poder.
O apoio que a sociedade proporciona à estrutura do poder fascista, é justificado pela verdade que envolve a sua doutrina. O fascista justifica a necessidade do exercício do poder com o facto de conhecer a "verdade", e toda a sua estrutura é organizada no sentido do desenvolvimento da comunidade numa doutrina "sócio-redentora" dessa "verdade". Existe um verdadeiro empenho em conformar a sociedade com os princípios fundamentais que se propõem como "verdade" essencial da sociedade.
A formalização de uma doutrina fascista é quase sempre o resultado da conveniência de uma aristocracia intelectual ou económica que interpreta como única solução, a unificação do pensamento para atingir os seus objectivos. Generalizando os interesses sociais em função do interesse da sua própria classe, este grupo assume a direcção e estrutura do país, constituindo-se como promotor e defensor do novo poder estabelecido.
Uma vez estabelecida a doutrina e controlado o poder, o processo concentra-se em identificar os cidadãos com essa doutrina, usando a "ideologização"da educação, a repressão da informação e a reinterpretação da cultura. Inevitavelmente, o povo perde a percepção de liberdade, salvo para aqueles que se identificam com o movimento social em que navegam.
Por tudo isto, considerarmos o fascismo como um movimento social historicamente superado, supõe o perigo de não notarmos como alguns dos seus fundamentos se desenvolvem e enraízam nas mais variadas condições sociais, mimetizando-se com aparências mais ou menos democráticas e progressistas.
O exercício do poder que, por detrás de uma “verdade”, move um grupo social, pode encontrar a sua justificação numa ideologia política, num grupo económico, num sectarismo religioso, numa aristocracia social, etc. Construir desde aí a sua influência até consolidar um verdadeiro poder, é uma possibilidade mais real e próxima do que julgam aqueles que consideram o fascismo uma coisa do passado.
Se analisarmos determinadas estruturas de poder, no mundo actual, poderemos constatar como os elementos essenciais ao fascismo estão mais presentes do que à primeira vista nos parece.
Para ilustrar este texto, nada melhor do que este vídeo, a que alguns denominaram “O fascismo do século XXI”.
É preciso abrir os olhos e estar alerta!
"Os desabafos que se seguem têm seguramente todas as desvirtudes dos desabafos: para pouco servem e arriscam-se a não encontrar grandes concordâncias. Apesar de tudo, não devem ficar abafados..."
quarta-feira, março 28, 2007
É preciso estarmos atentos
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4 comentários:
Brilhante artigo. Estaremos Sempre Atentos, Pela Liberdade e Democracia Sempre!
Temos quer ter sempore os olhos bem abertos. A nossa democracia e demasiado jovem, precisa de espaço para amadurecer e alguma visilancia.
Excelente Magnolia. Definir o fascismo não é fácil. Há mesmo quem defenda que apenas existem facismos, ou que apenas o regime de Mussolini merece essa designação, ou que o regime de Salazar não a merece. Mas existem sim traços comuns, de natureza ideológica, na forma de organização e conduta, na estrutura económica que defende, na sua intolerância, fobia e ódio do diferente. Entender esses traços não é apenas uma questão académica. Como sublinhas, entedê-los é ser depois capaz de os detectar mesmo quando envoltos na capa da democracia. Tenho reservas quando se atira com a acusação de facista, porque por vezes é feita com exagero e sem fundamentação. A acusação não deve ter peso sem que verdadeiramente se encontrem elementos caracteristicos do fascismo no acusado. Mas há casos onde tal está para além da dúvida. Não pode haver dúvida quanto ao carácter fascista de Salazar, nem do PNR.
aqui está um artigo que bastaria escrevê-lo (num regime fascista) para somar grandes problemas; até mesmo o pensamento é estrangulado...
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