A propósito da nota negativa na avaliação do desempenho
Estas e outras atitudes são mais frequentes do que se possa imaginar e são muitos os trabalhadores que as sofrem diariamente no seu local de trabalho. O Homem não é perfeito e actua pressionado pelo medo. Medo a perder o seu "status", medo a perder o "reconhecimento" alcançado, medo da sua própria debilidade…
Além de todas estas tácticas na corrida pelo poder, deparamo-nos com outro tipo de abusos que não têm outra finalidade senão o aproveitamento, no plano pessoal ou profissional, da condição de subordinação dos outros, aproveitando a maior parte das vezes a falta de transparência que impede que os abusos possam ser denunciados e julgados.
Numa organização hierarquizada, existem diferentes níveis de poder que se manifestam na tomada de decisões e supervisão e controle sobre as pessoas. Pessoas de todas as condições, sexo, raça, idade e status.
O poder muda, está em movimento constante, roda de uns para outros, num jogo constante em que cada um deve encontrar uma parcela, não só no terreno laboral, mas em todo o tipo de relações. Mas, a cultura, as ideias preconcebidas, o inconsciente colectivo da sociedade, são a razão principal para que surjam determinadas manifestações de poder que são injustas do ponto de vista lógico e até mesmo humano, mas que são aceites socialmente de forma fácil e continuam sendo aplicadas sem nenhum escrúpulo.
Por tudo isto, penso que a questão dos dois anos consecutivos com nota negativa, é um pau com muitos bicos!
Em todos os serviços, sejam públicos ou privados, existe competição, luta pela ascensão do poder. Cada um tem as suas ambições, e pode-se dizer que é legítimo o facto de se pretender alcançar um determinado poder para conquistar a sua própria "parcela". Mas, em cada serviço, a luta pelo poder apresenta-se de forma diferente e possui objectivos distintos. Existem centros vitais de poder para os quais está encaminhada a luta pela ambição. No entanto, nesta batalha, neste percurso pela conquista do poder ambicionado, no esforço em manter a pequena ou grande parcela de poder, que se ostenta, alguns homens e mulheres esquecem a dignidade de outros e extrapolam as suas funções, afectando inclusivamente alguns subordinados em aspectos pessoais e privados.
Nesta grande competição, alguns actuam com malícia e premeditação. Utilizam uma posição privilegiada de poder para bloquear ou marginalizar uma pessoa, sem lhe dar ocupação, por exemplo, até conseguirem que a mudem de lugar, por ser considerada um obstáculo. A "técnica do desgaste" por vezes vem mesmo a calhar, quando se pretende "acabar" com um competidor que se considera perigoso, e bombardeiam-no com trabalhos urgentes, sobrecarregando-o até que se revolte. Ao mesmo tempo, e quando deveriam dar boa informação dos seus subordinados, ocultam o seu verdadeiro valor e fazem ainda pior: fornecem confidencialmente, a pessoas "chave" do serviço, declarações contrárias à realidade, dando informação desfavorável e distorcida sobre eles.
5 comentários:
A técnica de desgaste era usada no tempo do fascismo e assume na actualidade maior gravidade, já que seria suposto que a Revolução dos Cravos alterasse as mentalidades retrógradas!
Este sistema de avaliação só vai criar atritos entre os funcionários e as rivalidades vão aumentar prejudicando a competividade e o bom funcionamento dos serviços públicos ...!
Uma Boa Semana!
Temo que, dado a cultura de chefia do nacional-porreirismo, o controle partidário existente na colocação, manutenção e promoção dos filiados e compadres, o sistema de avaliação acabe a expulsar bons funcionários e, a consolidar e promover os oriundos da “2ª secção de Campolide”.
Cpts
Mais um interessante e pertinente artigo. Este sistema de avaliação vai acabar por morrer de podre...
Boa Semana
Pois veja que sua última frase foi muito precisa: "é um pau com muitos bicos!" (se entendi, é o que, aqui no Brasil, dizemos "faca de dois gumes").
Pode ser um mecanismo de melhoria da qualidade dos serviços públicos ou uma artimanha para alojar parceiros ideológicos e salvaguardar interesses outros que não os públicos.
Mas, como se trata de uma iniciativa de dentro do poder público, seria mais do que natural pensarmos que a inteção é, no mínimo, suspeita...
Enviar um comentário