sexta-feira, novembro 17, 2006

Democracia - versus - ditadura

O último fim-de-semana foi marcado politicamente pelo tão badalado (e nada mais que isso) congresso do PS e, como um troféu inesperado, a palavra democracia surgiu em todas as bocas, tentando justificar as políticas desastrosas deste "socialismo moderno". Será que alguém ainda acredita que vivemos num país democrático? Não, não enlouqueci de vez… mas analisando bem as coisas, considero que vivemos actualmente numa espécie de democracia "hip hop", tal qual a dança de rua, genuína, mas que não entra nos gabinetes ministeriais. Analisando melhor ainda, o mais correcto é chamar-lhe "ditadura moderna"… senão vejamos:


D efinir ditadura como um conceito oposto à democracia, é um pouco ambíguo. Se a ditadura contempla abusos, atitudes despóticas, violência exercida sobre minorias ou sectores débeis da sociedade, não podemos afirmar que tal não aconteça nas chamadas "democracias modernas". Por isso, o melhor será dizer que a ditadura é apenas um aspecto técnico do exercício da opressão de uma classe sobre outras.
Geralmente, a ditadura é associada a uma ocupação militar ou ao estabelecimento de um regime de repressão política aberta, mas a verdade é que a burguesia refinou os seus métodos para a luta de classes, conseguindo que se entenda como "vontade democrática" e "direito de polícia" o que na realidade não é mais do que opressão violenta de umas classes sobre outras para garantir os seus privilégios.Em busca de um mundo melhor...

Passar o rato sobre a imagem

É a ausência de democracia, tal como é considerada há mais de 2.000 anos. Segundo Aristóteles, "não há democracia onde um certo número de homens livres, que estão em minoria, mandam sobre uma multidão que não goza de liberdade".
Numa ditadura, o ditador, (aquele que dita) diz o que se há-de fazer, falsificando a lei ou moldando-a à sua conveniência. Na era moderna, o "ditado" transforma-se em lei por meio da "ditadura da mão no ar" exercida nos parlamentos pelas maiorias ocasionais. A vontade popular está mediatizada, depositada nas mãos de uma maioria parlamentar, organizada disciplinarmente por detrás de uma "vontade única" que é a do governante ou do seu partido. O antigo "ditador" foi substituído pela figura governamental que exerce o poder hegemónico alcançado pelo seu partido, como resultado do endosso da soberania popular, entregue resignadamente pelo povo.
A hegemonia da democracia burguesa, assenta numa estratégia de controlo e dominação social que utiliza a escola, os media, o "terror económico", o clientelismo político, a violência política. Mas apesar disso, é uma figura fictícia, uma vez que tanto nos chamados regimes "democráticos" como nos ditatoriais, o verdadeiro poder nunca está nas esferas do estado, mas sim nos grupos do poder económico, dos quais as entidades "democráticas" são simples gerentes.
O povo reclama uma vida digna, trabalho, habitação, justiça, mas a resposta é a exclusão social, salários e pensões medíocres, repressão e até prisão. Se isto não é uma ditadura, o que é? A falsa opção de votar cada quatro anos em qualquer das duas faces da mesma mentira, só serve para perpetuar a ficção democrática, o mito. Opta-se apenas por um governante que não é mais do que um gerente de interesses alheios, poderosos, transnacionais, que o exercício do poder põe em evidência. "Alguns homens – dizia Chesterton – as máscaras não os disfarçam, pelo contrário, mostram a sua verdadeira identidade. Cada um, disfarça-se daquilo que é por dentro."

Magnolia

6 comentários:

Anónimo disse...

A verdade, verdadinha, é que o estado é um instrumento de poder de uma(s) classe(s) sobre outra(s). No caso português, é mais que claro que é da burguesia sobre as demais classes produtoras de riqueza.
Ser Democracia ou Ditadura é um mero formalismo que a situação do momento condiciona.

Anónimo disse...

Bem vinda:

Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Sofia MB Andressen

Um Bom Fim de Semana

Anónimo disse...

Estamos a caminhar politicamente para o abismo ou seja, fascismo!
Após a Revolução de Abril, trinta e dois anos somente, nunca imaginei que o retrocesso fosse tão grande.
Sucessivos governos com uma politica neoliberal, foram arruinando o processo democrático. Este desgoverno reaccionário do PS, fez o resto. Institucionalizou a ditadura do medo, do desemprego, da fome, da falta de liberdade de expressão, da corrupção, do compadrio, das ilegalidades, da prepotência.
O desânimo é visível no rosto dos portugueses. Os velhos deambulam entre a casa e ruas sem caminho, adultos activos desempregados, escondem a angústia de pagamentos que não podem fazer, afastando as lágrimas de raiva, muitos, uma raiva passiva, apática, os neoliberais ensinaram o povo (algum) a cair nesta letargia, dando-lhe durante anos seguidos a anticultura, futebol, Fátima, telenovelas e outras porcarias, anestesiou o povo. A juventude como está abatida, desorientada, veja-se os licenciados, sem emprego, nem futuro. O estrangeiro é o futuro(?).
Temos que agir, de lutar, reivindicar de mostrarmos a nossa revolta.
Magnólia,
Este magnífico texto ajuda-nos a reflectir, para melhor agir.
Obrigado,
(A imagem animada é lindíssima)

GR

MR disse...

Obrigado por teres ficado.

alejandrapiam disse...

es que está en todos lados igual!!
no veo mejores políticos,
esta difícil este tiempo.
supongo que hay que empezar por uno mismo y luego el núcleo cercano.
un abrazo, y feliz de continuar leyendo tus líneas.

a.castro disse...

Ainda bem que regressaste, magnolia! Estava a ver que não "obedecias" ao teu padrinho de nascimento...
E recomeças com um post que é um "tratado" que o governo socrático devia ler, para saber o que é democracia e ditadura! Afinal eles pensam que sabem tudo, mas não passam de analfabetos...
A imagem do post resume tudo numa frase que só o "rato" revela:
Em busca de um mundo melhor... Quem dera subir por essas escadas e fugir deste país miserável...