quinta-feira, agosto 03, 2006

portugal corrupto?



Portugal é um dos Estados-membros da UE mais afectados pela epidemia da corrupção. A corrupção, um crime que não deixa rasto e é de difícil prova, corrói a democracia. A verdade é que faltam estudos e estatísticas que ponham a nu os tentáculos deste braço invisível que, segundo consta, se estende a todo o aparelho de Estado. Os números mais recentes são da Direcção Central de Investigação da Corrupção e Criminalidade Económica e Financeira, da Polícia Judiciária (PJ). Um relatório inédito que aclarou um pouco a escuridão em que se encobre o negócio dos favores e subornos, em Portugal.
Entre 2002 e 2005, a PJ iniciou 6976 investigações por crimes económico-financeiros, dos quais 1251 relacionados com casos de corrupção. Sem surpresas verificou-se que na maioria dos dossiês constam autarquias. Forças de segurança, entidades relacionadas com o sector rodoviário e administração central também concentram preocupantes focos de corrupção. Uma das medidas recomendadas pelo Conselho da Europa de combate a este fenómeno - que ainda não é tida em conta - é a obrigatoriedade de um período de luto entre o exercício de cargos públicos e a passagem a cargos no privado, com interesses incompatíveis - como, por exemplo, o antigo funcionário do Estado que vai exercer consultoria em empresas que ele próprio tenha beneficiado.

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Meu comentário:
Penso que a ignorância é a “fonte de abastecimento” para os corruptos e os tiranos. Um povo ignorante não pode de forma alguma disfrutar de um nível de vida digno, uma vez que não possui a capacidade necessária para escolher o governo que o represente adequada e dignamente. Acredito que um segmento muito significativo da nossa sociedade sofre de um nível de ignorância extremamente alto e, o mais vergonhoso, é que nada se faz para educar essa franja social.
Existe todo o interesse em manter o povo num verdadeiro estado de incultura. Parece-me que existe uma espécie de “compra e venda de vontades”, intrínseca na lógica de una economia de mercado. Enquanto a posse da riqueza em forma de dinheiro actuar como um excedente de poder, honra, status e privilégio, a possibilidade de corrupção é inerente a uma ordem social, cujo grau de êxito está directamente relacionado com a quantidade de milhões de euros, dólares ou libras esterlinas que se consigam alcançar. A riqueza é a medida de todas as coisas. A pobreza, por outro lado, é carência de virtudes. Crescer e acumular. A visão de um mundo onde se nasce para ter dinheiro, altera a natureza da condição humana. A degradação das convicções e dos valores éticos projecta-se na vida quotidiana até que chega a converter-se em “prática corrente”. O sonho de alguns (se calhar não poucos) é que, um dia qualquer, alguém com dinheiro lhes ofereça uma boa quantia por realizar alguma loucura: "ofereço-te X para escavacares o teu carro", "outro tanto para te deixares violar" e "um pouco mais para venderes um rim". Tudo isto dentro de uma base de relações contratuais e acordos com lógica de mercado.
E, bem… é verdade que não é necessário esperar o consentimento do capitalismo, para que este tipo de corrupção de carácter se manifeste.




*Post recuperado.

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