quarta-feira, maio 23, 2007

Mudando um pouco o tema


Universo Feminino


T irando as "Amélias", uma espécie aliás em franco processo de mutação, toda a mulher que se preza não vive sem a sua vaidade. Para os homens, pode parecer felicidade barata mas, para as mulheres, que sabem o alto custo disso, um dia de sorriso garantido é aquele em que a pele amanhece perfeita, os cabelos dispostos a colaborarem e o guarda-roupa recheado de peças que parecem ter sido desenhadas sob medida. Mas quem pensa que a tradicional produção visual feminina visa encantar os olhares masculinos, engana-se. É claro que, nessa história, há uma boa dose de síndrome de pavão, que se enfeita para atrair o sexo oposto, e também um pouco de satisfação pessoal. Mas o que atormenta a maioria das mulheres naqueles dias de t-shirt, calça de algodão e rabinho de cavalo é a própria opinião feminina. Como boas representantes da espécie, elas sabem que o mundo é uma arena de leoas, todas de olho vivo para condenar sapatos mal escolhidos, maquilhagens borradas e outros deslizes da concorrência.

A maioria, é com a opinião das outras que se preocupa na hora de escolher a roupa. Vestimo-nos para as mulheres, sem dúvida. E somos muito cruéis, não deixamos passar nada. Nem os homens são tão exigentes, acreditem. O ginásio é o melhor lugar para comprovar isso. Aquele bando de mulheres reparando se nós usamos o mesmo fato de treino todos os dias ou se mudamos amiúde. É um julgamento constante. Da mesma maneira, no trabalho, quando somos mais de duas, reparamos em tudo e comentamos. Quando vem alguma mais bem arrumadinha, uma ou outra faz questão de elogiar. Mas é notótio que tal generosidade é, na verdade, uma espécie de inveja velada. É um horror. No fundo, roemo-nos de inveja por perceber que há alguém mais bonita do que nós. É uma autêntica competição. Os homens não reparam se o cinto combina com o sapato ou se repetimos a mesma saia a semana inteira.

E não reparam mesmo. Basta uma rápida pesquisa para comprovar que, quando passa uma mulher, há, para os homens, outros apetrechos mais interessantes a serem observados do que a produção fashion. Para eles, basta que a mulher apenas aposte nas peças que realcem, digamos, as suas bênçãos naturais. Quando coloca uma blusinha mais decotada, uma saia mais justa, não precisa mais nada. Não importa a cor, nem se combina com a calça, ou qualquer coisa assim. Desde que esteja valorizando coisas boas, se a roupa for curta e justinha, nada mais importa.

A todo o instante está patente essa antiga realidade: a competência feminina. Na maioria dos casos, é uma necessidade de compensação da auto-estima, como o carro o é para o homem, afinal de contas. Mas não deixa de ser difícil, essa vida de mulher: arrumar-se para elas, despir-se para eles.

5 comentários:

Bruno A. disse...

Opinião de homem: Tudo bem que olhamos para outras coisas que não os detalhes do corte e efeitos da toupa em geral. É igualmente verdade, no entanto, que um sorriso faz-nos esquecer tudo o resto, e isso só se atinge precisamente por ser natural, acreditem que a côr do baton não faz diferença nenhuma. É também verdade, já o tenho presenciado com amigas e conhecidas minhas, que a própria atitude muda consoante o que trazem vestido. Não sei se é bom ou mau, nem penso nisso sequer, mas que é o que acontece lá isso é.

Anónimo disse...

Interessante artigo amiga. Gostei da perspectiva da mulher... Eu prefiro mesmo as bênçãos naturais da mulher... :-)

--
Kiss

Ivo disse...

magnólia,

Direi já, a ausÊncia é mesmo marcado pela qualidade inquestionável!
Gostei de verificar que em boa verdade, "elas vestem-se para elas" - se me é permitido copiar; Porém, e é inquestionável, para os homens, algo que realce "as bênçãos naturais", "salta mais à vista" sendo logo mais focado!
Porém a sociedade sofre processos de mutação... Como o caso em que as "Amélias" desapareceram (e ainda bem que assim foi), dando lugar a mulher Séc. XXI... Também os homens, começam a "ver" para além dessas bênçãos, não?!
:)

Mar Arável disse...

Há mulheres e mulheres há homens e homens.Prefiro como disse o poeta o nu com o nu - ou se quiserem como ele disse o nu contra o nu.
A vida não nos fixa no tempo -ainda bem.

Leandro disse...

Muito legal!
Também sou da opinião de que as mulheres estão, quase sempre, mais preocupadas com os olhares femininos do que com os masculinos.
Ao que parece, o maior rival de uma mulher é outra mulher.
Faço vozes ao Ludovicus e ao Ivo.