Universo Feminino
T irando as "Amélias", uma espécie aliás em franco processo de mutação, toda a mulher que se preza não vive sem a sua vaidade. Para os homens, pode parecer felicidade barata mas, para as mulheres, que sabem o alto custo disso, um dia de sorriso garantido é aquele em que a pele amanhece perfeita, os cabelos dispostos a colaborarem e o guarda-roupa recheado de peças que parecem ter sido desenhadas sob medida. Mas quem pensa que a tradicional produção visual feminina visa encantar os olhares masculinos, engana-se. É claro que, nessa história, há uma boa dose de síndrome de pavão, que se enfeita para atrair o sexo oposto, e também um pouco de satisfação pessoal. Mas o que atormenta a maioria das mulheres naqueles dias de t-shirt, calça de algodão e rabinho de cavalo é a própria opinião feminina. Como boas representantes da espécie, elas sabem que o mundo é uma arena de leoas, todas de olho vivo para condenar sapatos mal escolhidos, maquilhagens borradas e outros deslizes da concorrência.
A maioria, é com a opinião das outras que se preocupa na hora de escolher a roupa. Vestimo-nos para as mulheres, sem dúvida. E somos muito cruéis, não deixamos passar nada. Nem os homens são tão exigentes, acreditem. O ginásio é o melhor lugar para comprovar isso. Aquele bando de mulheres reparando se nós usamos o mesmo fato de treino todos os dias ou se mudamos amiúde. É um julgamento constante. Da mesma maneira, no trabalho, quando somos mais de duas, reparamos em tudo e comentamos. Quando vem alguma mais bem arrumadinha, uma ou outra faz questão de elogiar. Mas é notótio que tal generosidade é, na verdade, uma espécie de inveja velada. É um horror. No fundo, roemo-nos de inveja por perceber que há alguém mais bonita do que nós. É uma autêntica competição. Os homens não reparam se o cinto combina com o sapato ou se repetimos a mesma saia a semana inteira.
E não reparam mesmo. Basta uma rápida pesquisa para comprovar que, quando passa uma mulher, há, para os homens, outros apetrechos mais interessantes a serem observados do que a produção fashion. Para eles, basta que a mulher apenas aposte nas peças que realcem, digamos, as suas bênçãos naturais. Quando coloca uma blusinha mais decotada, uma saia mais justa, não precisa mais nada. Não importa a cor, nem se combina com a calça, ou qualquer coisa assim. Desde que esteja valorizando coisas boas, se a roupa for curta e justinha, nada mais importa.
A todo o instante está patente essa antiga realidade: a competência feminina. Na maioria dos casos, é uma necessidade de compensação da auto-estima, como o carro o é para o homem, afinal de contas. Mas não deixa de ser difícil, essa vida de mulher: arrumar-se para elas, despir-se para eles.
5 comentários:
Opinião de homem: Tudo bem que olhamos para outras coisas que não os detalhes do corte e efeitos da toupa em geral. É igualmente verdade, no entanto, que um sorriso faz-nos esquecer tudo o resto, e isso só se atinge precisamente por ser natural, acreditem que a côr do baton não faz diferença nenhuma. É também verdade, já o tenho presenciado com amigas e conhecidas minhas, que a própria atitude muda consoante o que trazem vestido. Não sei se é bom ou mau, nem penso nisso sequer, mas que é o que acontece lá isso é.
Interessante artigo amiga. Gostei da perspectiva da mulher... Eu prefiro mesmo as bênçãos naturais da mulher... :-)
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Kiss
magnólia,
Direi já, a ausÊncia é mesmo marcado pela qualidade inquestionável!
Gostei de verificar que em boa verdade, "elas vestem-se para elas" - se me é permitido copiar; Porém, e é inquestionável, para os homens, algo que realce "as bênçãos naturais", "salta mais à vista" sendo logo mais focado!
Porém a sociedade sofre processos de mutação... Como o caso em que as "Amélias" desapareceram (e ainda bem que assim foi), dando lugar a mulher Séc. XXI... Também os homens, começam a "ver" para além dessas bênçãos, não?!
:)
Há mulheres e mulheres há homens e homens.Prefiro como disse o poeta o nu com o nu - ou se quiserem como ele disse o nu contra o nu.
A vida não nos fixa no tempo -ainda bem.
Muito legal!
Também sou da opinião de que as mulheres estão, quase sempre, mais preocupadas com os olhares femininos do que com os masculinos.
Ao que parece, o maior rival de uma mulher é outra mulher.
Faço vozes ao Ludovicus e ao Ivo.
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