sexta-feira, março 30, 2007

Não acredito em coincidências...

Incidente Royal


O Irão é acusado de, a 23 de Março, ter preso sem nenhum motivo 15 militares britânicos da Royal Navy. O caso poderá ter como consequência algo muito mais grave do que a escalada do preço do petróleo.
Com a mesma veemência com que garantiu aos britânicos dispor de provas irrefutáveis da existência de armas de destruição maciça no Iraque, Tony Blair afirmou no domingo, em Berlim, que «simplesmente não é verdade que eles [os militares da Royal Navy] entraram em águas territoriais iranianas» e esperar que o governo iraniano «entenda quão fundamental» é para os britânicos uma «questão como esta».
Diferente é a versão iraniana que, segundo a imprensa local, diz dispor de registos de «dados geográficos» dos navios apresados, os quais confirmariam que os militares britânicos «entraram conscientemente nas águas territoriais iranianas e ali permaneceram», o que motivou a sua prisão.
A questão óbvia que se coloca é a de saber quem «ganha» com este incidente. O Irão não será certamente, pressionado como está a ser pelos EUA via Conselho de Segurança, já que é pouco plausível que possa retirar outros dividendos deste imbróglio que não um aumento da tensão, da pressão e das crescentes ameaças que lhe são feitas.
Já no respeitante à Grã-Bretanha, conhecida como aliada incondicional dos EUA, o caso muda de figura, pois não é absurdo admitir que se tenha prestado a levar a cabo uma provocação que sirva de pretexto ao objectivo de «legitimar» um ataque ao Irão.
A hipótese está há muito em aberto e é reconhecida por destacadas figuras da política norte-americana, como Zbigniew Brzezinski, antigo conselheiro de Segurança Nacional, que a 1 de Fevereiro último, numa audição no Comité de Relações Externas do Senado, admitiu como «cenário plausível para um ataque ao Irão» uma «provocação no Iraque ou um acto terrorista nos EUA» de que o Irão seria acusado. A generalidade dos média, curiosamente, não se interessou pelo depoimento, apesar da sua gravidade.
Blair ameaça que o processo para a libertação dos militares entrará numa «nova fase» caso fracassem os esforços diplomáticos. É muita coincidência junta para ser só coincidência.


Anabela Fino in Avante

quarta-feira, março 28, 2007

É preciso estarmos atentos

O fascismo do século XXI
Q

uando se fala de fascismo, somos frequentemente levados a pensar nos regimes políticos que influenciaram as décadas centrais do século XX. Do ponto de vista sociológico, a actuação e o poder desses regimes são as características mais relevantes do fascismo, mas numa análise filosófica do mesmo, vimos que a essência do seu "sucesso" reside na sua natureza social, nas suas características, na sua raiz, garantias da sua própria existência.
A constituição de uma estrutura de poder, num sistema de dependência verticais, é uma das características essenciais do fascismo. Estruturar as dependências entre os membros do poder, subentende a concessão de uma relação social a cada um dos seus elementos, em função de um programa previamente estabelecido. Esta "dependência operativa" pressupõe, ao fim e ao cabo, uma estrutura de domínio, mais ou menos evidenciada, correspondendo a uma concepção de sociedade autoritária, uma hierarquia de poder.
O apoio que a sociedade proporciona à estrutura do poder fascista, é justificado pela verdade que envolve a sua doutrina. O fascista justifica a necessidade do exercício do poder com o facto de conhecer a "verdade", e toda a sua estrutura é organizada no sentido do desenvolvimento da comunidade numa doutrina "sócio-redentora" dessa "verdade". Existe um verdadeiro empenho em conformar a sociedade com os princípios fundamentais que se propõem como "verdade" essencial da sociedade.
A formalização de uma doutrina fascista é quase sempre o resultado da conveniência de uma aristocracia intelectual ou económica que interpreta como única solução, a unificação do pensamento para atingir os seus objectivos. Generalizando os interesses sociais em função do interesse da sua própria classe, este grupo assume a direcção e estrutura do país, constituindo-se como promotor e defensor do novo poder estabelecido.
Uma vez estabelecida a doutrina e controlado o poder, o processo concentra-se em identificar os cidadãos com essa doutrina, usando a "ideologização"da educação, a repressão da informação e a reinterpretação da cultura. Inevitavelmente, o povo perde a percepção de liberdade, salvo para aqueles que se identificam com o movimento social em que navegam.
Por tudo isto, considerarmos o fascismo como um movimento social historicamente superado, supõe o perigo de não notarmos como alguns dos seus fundamentos se desenvolvem e enraízam nas mais variadas condições sociais, mimetizando-se com aparências mais ou menos democráticas e progressistas.
O exercício do poder que, por detrás de uma “verdade”, move um grupo social, pode encontrar a sua justificação numa ideologia política, num grupo económico, num sectarismo religioso, numa aristocracia social, etc. Construir desde aí a sua influência até consolidar um verdadeiro poder, é uma possibilidade mais real e próxima do que julgam aqueles que consideram o fascismo uma coisa do passado.
Se analisarmos determinadas estruturas de poder, no mundo actual, poderemos constatar como os elementos essenciais ao fascismo estão mais presentes do que à primeira vista nos parece.
Para ilustrar este texto, nada melhor do que este vídeo, a que alguns denominaram “O fascismo do século XXI”.
É preciso abrir os olhos e estar alerta!

segunda-feira, março 26, 2007

A cumplicidade do silêncio

"...A passividade dos portugueses perante os ataques sucessivos deste governo às suas liberdades e garantias tem de terminar..."A

s injustiças com que diariamente somos confrontados na nossa sociedade, todos sabemos que são da responsabilidade do governo. Mas, no terreno político, poucas seriam aquelas que avançariam sem o apoio dos que, directa ou indirectamente as consentem. Deste ponto de vista, podemos dizer que as injustiças sociais são mais da responsabilidade dos cidadãos do que possa parecer. Tendo em conta que a democracia é o governo do povo, a sua quota de responsabilidade é um facto, salvo para os que voluntariamente se afastaram do sistema.
Existem muitas formas de nos opormos às injustiças sociais, quer seja reprovando-as pessoalmente nos meios de comunicação, quer exteriorizando colectivamente a nossa repulsa mediante concentrações, manifestações, greves, etc.
No entanto, a opção mais comum perante o abuso de poder ou a injustiça, é o silêncio, pelo menos o "silêncio passivo", aquele que não passa de mero lamento interior, sem a mínima acção de manifesta repulsa. Esse silêncio, em democracia, é com frequência o melhor cúmplice da injustiça.
Quem cala perante uma decisão injusta, converte-se em cúmplice desse acto. E em democracia, o silêncio pode ler-se como um referendo à actuação do poder e em nada beneficia os cidadãos.
A experiência da falta de liberdade de expressão suportada pelos que sofrem um regime político autoritário, ou daqueles que não têm possibilidade nem meios para contestarem as injustiças de que são alvo, contrasta radicalmente com a oportunidade ao exercício do direito à manifestação inerente a uma sociedade livre como a nossa, direito a que unicamente se dá valor, quando o poder o infringe e limita.
Ainda que fosse apenas, por solidariedade com milhões de homens e mulheres que se vêem privados de denunciar a injustiça social, aqueles que nos consideramos protagonistas de um mundo livre, deveríamos sentir a obrigação de exercer com actos e palavras a nossa crítica às políticas anti-sociais, como um símbolo da verdadeira liberdade. Porque, se os povos democráticos silenciam a injustiça, como poderão alguma vez ser referência de liberdade para aqueles que se encontram subjugados?
Há momentos na vida em que calar se torna uma culpa... e gritar alto, uma obrigação. Não teremos calado já o suficiente?


Edição: Na sequência deste post e depois do resultado de ontem do Programa "Grandes Portugueses", penso ser oportuno ler este artigo, porque apesar de tudo, é reconfortante saber que temos jovens corajosos e conscientes neste país.

terça-feira, março 20, 2007

Uma história


A solução inteligente

Há anos atrás, um mercador londrino ficou a dever uma grande soma de dinheiro a uma pessoa que lhe fez um empréstimo. Este, quando quis recuperar o dinheiro, foi a casa do mercador e quando viu a sua bonita filha, fez-lhe uma proposta.
Propôs-lhe casar com a filha, cancelando desse modo a dívida do mercador. Quer o mercador, quer a filha, ficaram apavorados.

Sem alternativa, o mercador pediu que a solução fosse deixada à sorte. Sugeriu então, que se colocasse dentro de uma bolsa vazia, uma pedra branca e uma pedra preta, devendo a rapariga tirar, de dentro da bolsa uma delas, ao acaso.

Assim:

1- Se ela retirasse a pedra preta, casaria com ele e a dívida do seu pai ficava cancelada.

2- Se retirasse a pedra branca, não casaria com ele, mas a dívida seria, do mesmo modo, cancelada.

3- Se ela se recusasse tirar a pedra, o pai iria para a prisão e ela ficaria sozinha.

O mercador concordou com a proposta. Encontravam-se num caminho de cascalho solto junto do jardim, onde havia muitas pedras brancas e pretas.

O credor baixou-se para apanhar duas mas, ao fazê-lo, não apanhou uma pedra branca e outra preta mas sim duas pedras pretas. A rapariga percebeu o que ele fez e pensou que nunca poderia tirar da bolsa a pedra branca porque não tinha sido lá colocada.

O credor, com um sorriso malicioso de vitória, pediu à moça que retirasse a pedra que iria decidir sobre o seu futuro.

Porém, a rapariga encontrou uma solução que lhe permitia não casar com o credor e cancelar a dívida do pai.

Como conseguiu?
Que solução encontrou?

Nota: Deixem a vossa opinião na caixa de comentários. Prometo que mais tarde divulgo a solução.


sábado, março 17, 2007

Considerações

A propósito da nota negativa na avaliação do desempenho

Estas e outras atitudes são mais frequentes do que se possa imaginar e são muitos os trabalhadores que as sofrem diariamente no seu local de trabalho. O Homem não é perfeito e actua pressionado pelo medo. Medo a perder o seu "status", medo a perder o "reconhecimento" alcançado, medo da sua própria debilidade…
Além de todas estas tácticas na corrida pelo poder, deparamo-nos com outro tipo de abusos que não têm outra finalidade senão o aproveitamento, no plano pessoal ou profissional, da condição de subordinação dos outros, aproveitando a maior parte das vezes a falta de transparência que impede que os abusos possam ser denunciados e julgados.
Numa organização hierarquizada, existem diferentes níveis de poder que se manifestam na tomada de decisões e supervisão e controle sobre as pessoas. Pessoas de todas as condições, sexo, raça, idade e status.
O poder muda, está em movimento constante, roda de uns para outros, num jogo constante em que cada um deve encontrar uma parcela, não só no terreno laboral, mas em todo o tipo de relações. Mas, a cultura, as ideias preconcebidas, o inconsciente colectivo da sociedade, são a razão principal para que surjam determinadas manifestações de poder que são injustas do ponto de vista lógico e até mesmo humano, mas que são aceites socialmente de forma fácil e continuam sendo aplicadas sem nenhum escrúpulo.
Por tudo isto, penso que a questão dos dois anos consecutivos com nota negativa, é um pau com muitos bicos!

Em todos os serviços, sejam públicos ou privados, existe competição, luta pela ascensão do poder. Cada um tem as suas ambições, e pode-se dizer que é legítimo o facto de se pretender alcançar um determinado poder para conquistar a sua própria "parcela". Mas, em cada serviço, a luta pelo poder apresenta-se de forma diferente e possui objectivos distintos. Existem centros vitais de poder para os quais está encaminhada a luta pela ambição. No entanto, nesta batalha, neste percurso pela conquista do poder ambicionado, no esforço em manter a pequena ou grande parcela de poder, que se ostenta, alguns homens e mulheres esquecem a dignidade de outros e extrapolam as suas funções, afectando inclusivamente alguns subordinados em aspectos pessoais e privados.
Nesta grande competição, alguns actuam com malícia e premeditação. Utilizam uma posição privilegiada de poder para bloquear ou marginalizar uma pessoa, sem lhe dar ocupação, por exemplo, até conseguirem que a mudem de lugar, por ser considerada um obstáculo. A "técnica do desgaste" por vezes vem mesmo a calhar, quando se pretende "acabar" com um competidor que se considera perigoso, e bombardeiam-no com trabalhos urgentes, sobrecarregando-o até que se revolte. Ao mesmo tempo, e quando deveriam dar boa informação dos seus subordinados, ocultam o seu verdadeiro valor e fazem ainda pior: fornecem confidencialmente, a pessoas "chave" do serviço, declarações contrárias à realidade, dando informação desfavorável e distorcida sobre eles.

quinta-feira, março 08, 2007

Uma lição de psicologia

O Poder da inteligência


A

s relações entre as pessoas são, por vezes, especialmente complexas. Estão carregadas de influências mútuas, umas são construtivas, mas outras podem chegar a ser profundamente devastadoras.
O Poder é a capacidade para influenciar os outros, para o bem e para o mal, admitindo portanto, poder ser uma bênção ou uma agressão. Existem diferentes formas de exercer o poder: Poder coercivo - o instrumento utilizado é o temor e tem como objectivo controlar os outros através da intimidação. Não é uma fórmula para influenciar mas sim para “obrigar”. Poder utilitário - trata-se de um intercâmbio e alguém que possui poder, está na disposição de proporcionar algo que outros necessitam, com a finalidade de obter alguma contrapartida.
Se determinadas pessoas usassem o poder com honestidade e inteligência, dariam um maior contributo à sociedade e justificariam a existência dos seus neurónios Mas existe um outro tipo de Poder. O Poder baseado em princípios, em que a pessoa que o representa é poderosa porque é credível, respeitada e honrada pelos outros. Estes, cumprem os seus desejos porque estão na mesma luta, têm os mesmos interesses e seguem, livremente e com agrado, a pessoa que consideram competente e digna de confiança.


“O Poder pode ser utilizado para a competência e cooperação, em vez de para o domínio e o controle.”
(Anne L. Barstow)


Cada um de nós, pode escolher ser poderoso ou impotente perante qualquer circunstância da vida. Sem importar o quanto nos sintamos frustrados, sem subestimar as dificuldades da vida, teremos sempre a oportunidade de empreender um objectivo, de pensar e acreditar que existe uma opção. No momento em que registarmos esta consideração na nossa mente, estamos sendo poderosos.
O poder baseado em princípios é sólido, baseia-se no respeito pelas pessoas, nas quais desejamos influir, e deve conduzir a uma interdependência. Ambas as partes tomam decisões e escolhem alternativas. Este tipo de poder alimenta uma conduta ética porque os implicados se sentem livres e expressam as suas razões e opiniões em função dos seus conhecimentos, necessidades e expectativas.
É evidente que o exercício do poder requer, para além do respeito pelos outros, capacidade de persuasão. Devemos ser persuasivos e determinantes, mas não ofensivos.
A amabilidade e o respeito pela vulnerabilidade alheia são condição essencial. Simplesmente, tratar os outros como gostaríamos de ser tratados. É importante ser-se coerente. Isto não significa que temos de portar-nos de modo semelhante com todas as pessoas, em qualquer momento ou lugar. Significa antes que devemos orientar-nos sempre pelos mesmos princípios básicos, de cada vez que actuamos.
Todos, definitivamente, desejamos o poder. Não se trata necessariamente de chegar a ser ministro ou presidente, ou responsável de uma multinacional, trata-se sim de influir nas pessoas que nos rodeiam, filhos, amigos, colegas, etc., com o propósito de obter o respeito, a colaboração, o entusiasmo e a conquista dos nossos objectivos.
Se trabalharmos todos estes princípios, de forma serena, honrada e consciencializada, estamos na direcção exacta para o conseguir.
É só uma questão de tempo.