quinta-feira, setembro 21, 2006

O paradigma...

Apolítica é para os políticos!!

Sempre que oiço esta frase, o que acontece mais vezes do que gostaria, e vejo a indiferença, o desprezo, ou pior ainda, a irresponsabilidade com que é pronunciada… um turbilhão de pensamentos e uma revolta interna, apoderam-se de mim. Para mim, isto é a coisa mais idiota que um ser humano pode pronunciar, pois que, desde esse momento, o próprio se está a considerar como escravo ou súbdito do aparelho que o vai governar... ou melhor dizendo, o vai manipular a seu belo prazer e impunemente. É precisamente por muita gente pensar de forma semelhante, que aconteceu, acontece e acontecerá sempre o mesmo, uma vez que o político, o que governa, tem uma tendência nata ao absolutismo e daí à ditadura ou tirania, são favas contadas!
Sabemos com toda a certeza, porque a história passada e presente assim o confirma, que "o político" tem de ser controlado, supervisionado de forma eficaz e pacífica, coisa que não seria necessária, se todos trabalhassem de forma inteligente e solidária… porque devemos ter em conta que "o político", controla efectivamente todo o poder e, se não houver nenhum controle, ultrapassará levianamente esse poder sem medo de responsabilidades. Controla o tesouro público (impostos e reservas) e com um tão grande poder nas mãos "comprará tudo o que for comprável", para eternizar-se no próprio poderio e preocupar-se apenas com "aqueles que o sustentam ou com os que lhe podem fazer sombra".

E o povo?... Esse, como sempre, a trabalhar, a pagar sem refilar e a ser entretido com os entretenimentos com que se "drogam" as massas, para que não pensem... Precisamente por tudo isto, nenhum governante (salvo raras excepções) tem interesse em que seja imposta uma verdadeira educação política e social integral, que ensine ao homem a ser homem e à mulher a sê-lo igualmente… alcançado este patamar, "tudo o resto viria por acréscimo" (como dizia Pitágoras). Formados assim, os indivíduos, seguramente que para além de mais solidários e mais humanos, seriam mais conhecedores da sua realidade e portanto, seres responsáveis em alto grau… Acontece que isto, é o que não quer o demagogo, que aspira a governar e que regra geral, são a imensa maioria que se dedica à política (basta ver a trajectória da maioria deles), uma vez que o fazem para, no mínimo, medrar e viver bem do trabalho dos restantes e como máximo, para enriquecerem num grau superlativo e vangloriarem-se disso, tal como o faziam os imperadores ou imperantes, aqueles, dos quais a história nos conta horrendas atrocidades… e cuja lição aos povos de nada serviu.
Quando será que o povo entenderá que não pode “deixar andar”, que tem de dizer basta e que é urgente entender que a política é para todos e não só para os políticos?
A demagogia moderna - não lhe chamo política… (porque a política é a arte de governar bem os povos em paz e em harmonia uns com os outros) conseguiu instaurar uma “liberdade” disfarçada, porque para exercer a verdadeira Liberdade e fazer uso dela, o povo teria de estar bem preparado para isso e não está como é evidente. E assim, com a premissa de “um homem um voto” (em combinações de sistemas mais ou menos proporcionais) o povo aprendeu a resignar-se com algo que dizem ser “democracia”, mas que na realidade não passam de “imensos ninhos” de ditaduras ou tiranias, onde ao fim e ao cabo, se praticam as maiores barbaridades (financeiras, sociais e políticas) e ninguém responde por nada!
É um pouco arriscado até, pensar e expor o nosso pensamento… mas olhando para os prelúdios de uma outra guerra internacional ou mundial, e até onde se pode chegar, na mira dos interesses do petróleo (motivo de todas as lutas sangrentas que ocorrem no Médio Oriente), devemos pois falar e cada um de nós dizer o que entender por conveniente, pensando sempre nessa “sempre ausente”, paz e harmonia… onde todos queremos chegar um dia, pese embora todos os malditos políticos, que hoje manejam (e não governam) este pobre planeta.
E raro é o dia que não oiço aquela maldita frase… até quando?


Edição: Só é possível existir uma verdadeira democracia se o povo possuir as “ferramentas” necessárias: educação e preparação. Para poder exercer a soberania e não ser manipulado por um qualquer usurpador de poder. Da mesma forma que se prepara o soldado para a batalha e ao operário se ensina o seu trabalho, tem que se educar o povo se queremos que seja ele o verdadeiro soberano. Se não tiver preparação, o soldado morre rapidamente no combate, o operário fracassa no seu trabalho, e a democracia… simplesmente NÃO existe.

17 comentários:

Anónimo disse...

Magnifico artigo. Muito bem delineado e perspectivado.
Vou-lhe dar destaque no Linha da Frente.
Bom Dia

Ivo disse...

A realidade é que muitos dos ditos «políticos» tentam, com o que não lhes pertence, estupidificarem as pessoas!! Com isto, o homem é só um voto! Nada mais, algo que após a eleição é esquecido. A governação já não é feita em prol do povo... Mas, nem todos se deixam ir pela «cantiga do bandido»!! O único desalento é mesmo a falta de interesse que muitas pessoas demonstram, talvez devido à forma como visualizam a condução dos destinos do país e não só! Sobretudo, a falta de interesse dos jovens...

Um dia, isto muda!! Espero que em breve!

a.castro disse...

Sem tirar mérito à essência deste post, acho no entanto que a questão não é tão linear e "pacífica" como se pode supor. Assim:
a) O povo português sempre foi conservador. Foi assim durante séculos. Excepto o entusiasmo manifestado pela maioria do povo quando aconteceu o 25 de Abril e no período imediatamente a seguir (PREC), logo o povo regressou às origens, aquando do empolgante discurso do Mário Soares (em oposição a Álvaro Cunhal), quando anunciou meter o socialismo na gaveta;
b) A partir daí, a nossa "democracia" alternou entre o rosa-laranja-rosa-laranja que, como se veio a provar desde então e até à data, são todos fascistas, com leves nuances de pormenor, mas todos iguais nas questões de fundo;
c) O "poder" do povo reside, pois, no momento dos actos eleitorais. É aí que o povo pode mudar o "status- quo". Toda a gente sabe que não é isso que acontece. Os resultados eleitorais provam-no. Seja a nível da A.R., seja a nível das Autárquicas. E, nesse contexto, o povo não faz uso doutra "arma", como acontece noutros países mais evoluidos: os protestos em massa e manifestações de rua. O nosso povo, com as características referidas, prefere assistir às coisas mais banais que passam na TV!
d) Acresce esta situação paradoxal: Nos Municípios, por exemplo, e falo dos que melhor conheço, geralmente os vereadores da oposiçõao não fazem o que devem. Mais: fazem o jogo do poder instituido. Referindo apenas o caso do Porto. Na anterior legislatura, era o único vereador do PCP que permitia quorum para a assembleia funcionar, votando ao lado de Rui Rio, evitando uma provável dissolução dos respectivos orgãos, o que levaria a eleições intercalares. Só é possível compreender e de certo modo aceitar isto por esta razão: tratava-se de lutar pela sobrevivência política!
e) A rua onde moro, desde que foi construida, suscitava a indignação de todos os moradores. O piso era um monte de cascalho. No dia seguinte ao das última eleições, em que o Filipe de Menezes ganhou o 3º mandato seguido em Gaia, passei pelo vizinho que mais reclamava e disse: "Então, senhor... ganharam os mesmos, vamos continuar aqui com as pedras". Resposta: "Olhe, que se lixe, eu também contribuí... eu sou do mais direita possível!". Lembro-me de ter contado isto num comentário feito no "Universos Assimétricos". O autor, "perplexo", respondeu-me assim: "esse gajo precisava que o buraco que tem à porta da garagem se transformasse numa cratera para nela enfiar o carro e ele próprio";
f) É da lei, eu sei. Os munícipes podem assistir e intervir nas assembleias municipais. Mas nunca soube dum caso em que uma queixa fosse atendida. Os que fazem parte do "sistema" percebem logo a cor política de quem intervem e se queixa. E, "é dos livros", logo se gera uma confusão, com vaias dos "colegas" da assembleia, de tal modo que o queixoso o melhor que tem a fazer é ir-se embora! Os outros queixosos, logo identificados como sendo do partido do poder, apresentam as queixas e o "sistema" responde amigavelmente, com "ensaboadelas" e mentiras.
Concluindo: com o povo que temos, que faz repetidamente a sua opção errada na hora de votar, nunca mais isto muda. E falta saber quantas gerações mais terão de passar para que as coisas deixem de ser o que são.

Ivo disse...

Pirata - Vermelho (se me é permitido)...

Agora que volto a ler, julgo que pode realmente parecer contraditório!! Os jovens de hoje serão o futuro de amanhã! Falta de interesse hoje... não poderá significar uma mudança consciente e breve!!

Porém, e tento ser claro, quando refiro jovens é de ressalvar as excepções! Muitos desinteressam-se pelos motivos citados no post, ou somente porque lhe atríbuem conotação negativa ou de puro desinteresse! Contudo, acredito que, como a conotação que muitos atribuem presentemente à política e à sua forma de ser instrumentalizada pode mudar, também a forma de apelar ao (re)interesse dos jovens pode ser realizada!

Acredito que os que se interessam por «Boa» política, motivarão os restantes, e conseguirão mobilizá-los!!

Lovely Toys disse...

Correndo o risco de não conseguir dar a resposta solicitada pelo pirata-vermelho, porquanto entendo que o próprio post responde à sua pergunta, acrescento: traduzida à letra a palavra democracia é e sempre será a forma de governo “do povo e para o povo”. Tendo em conta que a verdadeira democracia é uma forma de organização política que apela à participação do indivíduo nas decisões que afectam toda a comunidade, e sendo essa participação de natureza intelectual, a capacidade de raciocinar é necessariamente indispensável a uma eficiente participação, pelo que a garantia de um povo, definido como o conjunto de todos os cidadãos de um Estado soberano, esclarecido, consciente e actuante, tem de ser um pressuposto da democracia. No entanto, para “podermos dar a volta a isto” de forma a atingirmos esse patamar de democracia “inovadora”, não apenas representativa (que também vai diminuindo se tivermos em conta o aumento gradual da abstenção) mas, e sobretudo participativa, é necessário em primeiro lugar criar as condições necessárias a uma boa vida social dos cidadãos (do povo) que permita a sua eficiente participação na decisão dos assuntos que lhe digam respeito e que, por extensão, contribua para o bom funcionamento do Estado na prossecução do bem comum. Enquanto não for atingido um certo nível de bem-estar, que varia de comunidade para comunidade, obviamente, a prioridade dos cidadãos será o bem particular imediato e não a participação política.
Em resumo, muito há a fazer, não é fácil, e como diz o a.castro, o povo sempre foi conservador e pouco entusiasta. Mas não é forçoso que tenha de ser sempre assim. não se pode viver eternamente na ignorância! [Já tive oportunidade de dizer num outro post que a ignorância é a “fonte de abastecimento” para os corruptos e os tiranos. Um povo ignorante não pode de forma alguma disfrutar de um nível de vida digno, uma vez que não possui a capacidade necessária para escolher o governo que o represente adequada e dignamente.
As sociedades mudam, os povos evoluem, e cabe a cada um de nós fazer a sua parte.

AC disse...

Uma primeira grande questão é o distanciamento à política que um crescente número de cidadãos vem consolidando. Diria que este grupo de pessoas percebeu a alhada em que estamos metidos e nesta primeira fase, distanciou-se.

Não se revê no sistema nem nas práticas dos políticos do nosso tempo.

Diria e em desacordo com o A. Castro que o nosso povo não é conservador. É estúpido. Encara a política nos mesmos termos que o futebol. Pela cor. Aqui pelos meus lados em que o CDS e o PSD ganham todas as eleições, pasme-se, o argumento que conta ainda é o dos comunistas lhes nacionalizam os tarecos.

Há a questão cultural e a nossa gente prefere encher a vida com telenovelas e concursos idiotas a pensar a sociedade e o nosso presente e futuro colectivo – que é uma coisa que faz muitas dores de cabeça e os comprimidos estão p’la hora da morte.

O gado eleitoral resume-se a duas grandes franjas. Idosos que trocam o voto pelos passeios anuais - que os executivos camarários promovem com os dinheiros públicos - e, a interminável lista de aspirantes a um lugarzinho no partido ou no funcionalismo que a cada eleição lá vão votar nos do costume.

E não vai ser rápido, fácil ou barato, mudar o estado de coisas. Vai-nos mesmo sair da pele.

Cpts

Diogo disse...

«"o político", controla efectivamente todo o poder»

O político, tanto aqui, como em qualquer país dito «civilizado» é apenas um testa de ferro dos grupos económicos que o fizeram eleger. Quem tem o poder é o dinheiro. Esses é que controlam efectivamente todo o poder. Controlam os políticos, controlam os media, controlam os tribunais e controlam o Orçamento Geral do Estado, ou seja, o dinheiro dos nossos impostos. Por isso é que compramos submarinos e fazemos TGVs.

Lovely Toys disse...

pirata-vermelho, já agora e por favor, gostaria que desvendasse então o que é para si a democracia no contexto actual, e o que considera ser uma definição correcta e suficiente da mesma.
Tenha em conta que a minha resposta foi o mais breve possível, porque esta questão dá "pano para mangas".
Não considero correcto que se apelide de democracia um Estado em que, apesar dos cidadãos usufruirem do direito do voto, os senhores do poder governam apenas para alguns, afundando cada vez mais uma grande parte da população.

Lovely Toys disse...

Acredito sinceramente que os homens, embora pareça que pretendam levar o Mundo para o abismo, mais tarde ou mais cedo acordarão do seu torpor de consciências adormecidas e conseguirão, a tempo, salvar o que ainda nos resta. Afinal, é quando chegamos ao fundo do poço que damos valor ao que perdemos um dia e arranjamos forças para dar a “volta por cima”.
Entendo que não são as ideologias que falham, mas sim os sistemas políticos (sejam eles apelidados de democracias ou ditaduras) porque são os homens que deturpam os seus ideais. Lembro a frase de um meu professor, quando eu tinha 13 anos e que jamais esqueci: “A seguir ao capitalismo, virá o socialismo porque o homem se revolta com a injustiça e a tirania dos mais fortes, e assim o deseja; mas a seguir ao socialismo virá de novo o capitalismo, porque a ambição é inerente ao ser Humano”. Acredito nesta realidade, e talvez por esse facto, ainda vive em mim uma esperança.

MGomes disse...

Pelos comentários já existentes, penso que rematarei um pouco já fora do tempo, como se diz frequentenente nos meios futebolísticos. De qualquer das maneiras é justo realçar o quanto de magnífico foi, a elaboração deste texto por parte da Magnólia e o que ele provocou ao nível das reacções de vários comentadores. Sem dúvida que o tema é apaixonante e daria para estarmos aqui eternamente a dissecar sobre a intervenção ou não do povo, na vida política do país, eu acho que a resposta não é muito dificil e encontra-se institucionalizada e bem, na lei fundamental do país. Estão salvaguardados um sem número de diplomas que permitem aos cidadãos ter participações activas nas decisões da nossa vida colectiva. Agora, o problema, e eu aqui entro na ideia que deu o título ao texto da Magnólia, é que sente-se com alguma frequência um enorme distanciamento ou até mesmo alheamento, por parte dos portugueses sobre a chamada vida politica activa . Quanto a mim existem duas ou três razões fortes que justificam o termos chegado aqui desta maneira:
-A constatação de que a classe política (salvo algumas excepções) não assenta em valores éticos de seriedade e honradez na palavra. Promessas não cumpridas, indícios provados de corrupção e compadrio, ambições políticas desmesuradas, são alguns dos maus exemplos praticados pelos nossos políticos.
-A verificação de que afinal de contas o poder central, aquele que nos governa, apesar de constituído alternadamente por dois partidos, as fórmulas políticas tem sido genéricamente as mesmas desde 1976, o que leva muita boa gente por graça ou talvez não, a apelidar este regime de ditadura democrática.
- Por fim, o reconhecimento uma certa ideia de impotência de quem dirige os nossos destinos, perante uma realidade cada vez mais frustante e difícil em que o país se encontra. Olhamos para os políticos e onde está a credibilidade? Olhamos para os empresários e onde está a vontade de levar de vencida este atrasado país? Olhamos para as estruturas sindicais e onde está as novas formulas de encorajamento à intervenção social?
Eu estou de acordo que o povo português é de certo modo conservador, tem aversão às roturas e receio das mudanças, mas também simpatizo com a ideia de que o imoblimismo intelectual de um povo é o status mais apetecível de quem nos governa.
Um Abraço

Anónimo disse...

Magnolia,

Concordo contigo!
Fico azul de raiva quando me dizem o mesmo e quando me dizem que não votam porque fica tudo na mesma então pior ainda!

Eu arriscaria dizer que temos os politicos que merecemos!
Sem participação civil de todos nós, a Politica em Portugal nunca melhorará!

Um BOM FDS!

Anónimo disse...

Não há nada de anormal, nem de errado, nessa frase ou na assumpção dessa atitude: "a política é para os políticos".

Quando eu quero "compreender os outros", as coisas, a forma como a sociedade funciona (até para saber como "resolver" os nossos magnos problemas), costumo "me colocar na pele das outras pessoas".

Por isso, e também por motivos que tentarei explicar melhor, eu diria que o seu artigo enferma do mesmo mal que critica, em abstracto; isto é: responsabiliza quem não deve, quem não tem culpa nenhuma, e "deixa impunes" os verdadeiros culpados.
Não se esqueça de que vivemos em sociedade. Viver em sociedade pressupõe a existência duma estrutura organizada QUE DEVE FUNCIONAR. Mas esta não funciona! Já voltaremos a este assunto. Antes deixe-me terminar o raciocínio acima.
Dizia eu que "costumo me colocar na pele dos outros". Como?
Por exemplo tentando perceber por quê eu não consigo ter opinião sobre determinados assuntos, nem "acompanhar" "a indignação das pessoas que os conhecem e se pronunciam sobre eles".
O principal "apoio" dos que destroem a sociedade é a falta de visão de todos e de cada um dos "esclarecidos", que acham que todos os outros devem, SEMPRE, concordar com eles e "agir em conformidade" (mesmo sem se saber, muitas vezes, como é essa acção ou quais os resultados, como se estivéssemos, todos, à espera dum milagre ou duma "entidade fantástica" materializada "nos outros", num qualquer desígnio, que venha resolver os nossos problemas). Mas até "os desígnios" necessitam de pessoas e de "ajuda" para se materializarem...
O que estou a tentar fazer é "convidar-vos" a dar o passo em frente...
Eu, por exemplo, defendo como condição de elementar democraticidade do sistema político, a institucionalização da VALORAÇÃO DA ABSTENÇÃO. Isso eu sei como se faz, como consegui-lo e as potencialidades que tem para permitir resolver os nossos problemas mais prementes, até porque tornaria imprescindível "pôr as coisas no seu lugar"... sem necessidade de violências e de lutas que, até hoje, só têm servido para chacinar uns quantos e não contribuem para resolver os problemas...
Há um silêncio de morte acerca disto (da Valoração da Abstenção). Mesmo os que dizem concordar não acrescentam uma vírgula a essa luta. E, no entanto, eu acho que esta questão é, para os nossos dias, o equivalente à abolição da escravatura. É uma fatalidade, vai ter de acontecer um dia... e, também como a abolição da escravatura, não é um problema EXCLUSIVO dos abstencionistas, bem pelo contrário. Mas ainda não vos vi fazer algo nessa "matéria"....

Ah pois é! É tudo uma questão de relatividade. Os outros, quaisquer outros, têm o mesmo direito de terem opiniões diversas das vossas em relação aos assuntos que vos são mais caros...

Não me interpretem mal! Eu não me estou a lamentar. Na verdade até me sinto "muito confortável" em relação a esta questão, porque sei que tenho razão e a História me confirmará.
Mas podia barafustar, em relação aos "outros" que não me compreendem (uma coisa tão óbvia e evidente) como se faz no texto em apreço. Ou não podia?
Então como é que saimos daqui?

Eu disse, acima, que o texto comete o "mesmo pecado" que critica: "responsabiliza" quem não deve e deixa impunes os responsáveis. Também disse que a sociedade pressupõe uma estrutura organizada... Onde cada um tem a sua missão, as suas competências e apetências, os seus talentos e virtudes, etc. etc. etc. É que nem todos podemos ser músicos virtuosos (ou exercer qualquer outra arte de forma exímia).

Numa sociedade organizada não é possível nem tolerável que todos tenhamos que fazer tudo; e muito menos é tolerável que todos tenhamos que vigiar e ter opinião e corrigir e denunciar e saber como se faz política para que a política funcione e os políticos CUMPRAM A SUA OBRIGAÇÃO. Não é assim, não tem de ser assim, não pode ser assim... ou o resto das funções da sociedade não funcionarão porque as pessoas perdem o seu tempo a estudar e a se informarem sobre estas questões e seus meandros...
Fiz-me entender?

Portanto (e por isso eu defendo a valoração da abstenção) tem de haver mecanismos de responsabilização dos políticos, intransigência para com as promessas eleitorais e respectivas mentiras.
O que os cidadãos têm de aprender a fazer é a ser mais exigentes e intransigentes. Não aceitar desculpas esfarrapadas, punir quem falha, quer seja premeditadamente ou inadvertidamente.
Mas isso já acontece, em certa medida. Reflecte-se na elevada percentagem de abstenção, maneira de as pessoas dizerem, claramente, que os políticos são todos escumalha, que não fazem o que devem, que as pessoas estão contra esta bandalheira e esta situação escabrosa do país e do Mundo.

Ainda há uma outra questão que tem de ser tida em conta. Via de regra, as pessoas mais íntegras, idóneas, esclarecidas e honestas são destruídas pela escumalha se e quando são "detectadas". Devia ser ao contrário para que a sociedade funcione. Mas não há qualquer problema, porque este tipo de patifarias, cometido por todos os políticos no activo, tem sempre prémio: a eleição dos patifes está garantida e a respectiva impunidade também, basta ignorarem os que discordam... os abstencionistas.
Também é facto (e eu sei do que estou a falar) que essas pessoas de maior valor, se costumam alhear desses antros de ignomínia e se "encasularem na sua vantagem", porque sabem que a sociedade, o Mundo e a humanidade perdem muito mais do que eles próprios, com a repetição e proliferação dessas infâmias e suas desastrosas consequências... O maior problema é "dos outros", os outros que resolvam...
Por isso eu digo e redigo e repito que É UMA LEI DA VIDA, verificável em todos os tempos e lugares, a existência das pessoas certas para os lugares certos e que todos os problemas da humanidade têm solução.

Só fazendo passar estas ideias se pode conseguir que os cidadãos sejam tão exigentes para com os políticos como devem, os punam pela destruição que causam, corram com eles, para que seja possível, e inevitável, colocar as pessoas certas nos lugares certos...
Afinal, não apenas pelo conteúdo deste post mas também pelo do post seguinte, conclui-se que até os "esclarecidos" são presas fáceis da demagogia e da manipulação... Tanto que só vêem conhecimento e saber entre as escória dos "notáveis", apresentados e promovidos, indevidamente, pelos OCS, quando afinal o verdadeiro saber não está aí. "Passeia", anónimo e "indetectável", por entre nós! O mais provável é que esteja a ser destruído e silenciado por esses patifes (os políticos), para não "prejudicar" os seus interesses e das respectivas máfias.
Desculpem qualquer coisinha...

Ruvasa disse...

Viva, Biranta!

Podia - hic et nunc - deixar aqui um quase tratado acerca da "não valoração da abstenção".

Fico-me, porém, por agora, pelo seguinte:

A chamada valoração da abstenção será tudo menos isso que se proclama, ou seja, valoração da abstenção. Trata-se, mesmo, tal valoração, de uma impossibilidade. Absolutíssima!

É que a abstenção nada mostra. É uma "não atitude", ou, quando muito, "a atitude do comodista", do que espera que os outros trabalhem por si e para si. Qualquer outra opção no momento do voto é uma atitude; a abstenção é uma "não atitude", uma irresponsabilidade. Quando menos, cívica.

Entre outros motivos menores, no entanto, ponderosos (que não abordarei agora, para não tornar este comentário demasiado longo), porque não evidencia claramente, de forma iniludível, portanto, a real vontade do abstencionista.

Ele tanto o pode ter sido por discordar de algo, como por estar fora da sua circunscrição eleitoral e pelos mais variados motivos: doença, viagem inadiável, etc.

Pode também ter deixado de ir votar, não porque quis vincar uma atitude, mas sim porque se atrasou por qualquer razão comezinha e, quando chegou à assembleia, já era...

Mas também pode ter preferido ir para a praia... ou para o campo... ou para o futebol... ou fazer sexo com a/o vizinha/o do 1º esquerdo...

A abstenção nada revela concretamente da vontade do eleitor abstencionista. Desse modo, é, no mínimo, falacioso dizer-se que a abstenção dispõe de uma qualquer valoração. Não dispõe coisíssima nenhuma, lamento dizê-lo assim tão cruamente.

A abstenção é, pois, verdadeira aberração relativamente a quem quer marcar uma posição política, seja ela qual for.

Há, porém, uma corrente política - sempre muito actuante - que força muito a nota no sentido da valoração da abstenção: o PCP e os seus adeptos, convictos que estão de que, assim, levando os adversários a cair da esparrela da abstenção, subirão eles as suas percentagens.

Trata-se de uma quimera, mas...

No sentido do que se pretende, ou seja, a valoração de uma atitude contra o status quo, qualquer status quo, a única atitude realmente valorativa é o voto nulo. Aí, sim, fica bem evidenciado que "me estou a marimbar para estes políticos todos e esta política de treta, abjurando-os todos, os primeiros e a última, de forma a não deixar quaisquer dúvidas".

Esta é que é a verdade. O resto são fantasias de noites de insónia, a que muitos dão grande crédito, mas que, na realidade, apenas vale o que vale, ou seja, uma terrível dor de cabeça na manhã seguinte, que se prolongará pelo dia inteiro.

Cumprimentos

:)

Ruben Valle Santos

Biranta disse...

Ruvasa!
O seu comentário é o exemplo supremo de "pior a emenda do que o soneto.

Se as "opiniões" do post se compreendem porque elas "são o único "constituinte" das falácias com que se envenam as ideias dos incautos, da propaganda enganosa e pérfida com que se sequestram as pessoas e as suas capacidades, subvertendo-lhes a lógica e a percepção dos fenómenos sociais, o seu comentário é bem pior; é pérfido, insultuoso para com uma grande quantidade de cidadãos, mais de três milkhões de abstencionistas. Revela a sua própria ausência de carácter e de auto-estima... a ponto de não conseguir respeitar os outros.

Essa é (será?) apenas a sua opinião, a que lhe convém e mais à sua opção política e aois seus amigos... Mas é duma indignidade a toda a prova, sobretudo quando se arvora o direito de determinar e decidir acerca dos direitos dos outros cidadãos, da forma como devem ou não optar, do que podem ou não optar, dos significados e possibilidades ou impossibilidades de o sistema se transformar para mais digmo, mais idóneo e mais democrático. E depois, para "fundamentar" insulta toda a gente com processos de intenções, maledicência e conjecturas que não abonam nada a favor do carácter de quem as faz.
Tudo o que você diz é um chorrilho de asneiras, de disparates e só pessoas muito ignorantes podem não ver o óbvio. A partir desse seu comentário nada se constrói, nada se resolve, nada pode melhorar... mas esse só pode ser o objectivo oculto dum comentário tão indigno.
Aprenda a respeitar os outros, para merecer respeito.
É que o meu comentário e a minha proposta, o que pretendem prevenir e a prática infame do "vale tudo", dominante na política e na "cultura", com consequências tão desastrosas como a situação que vivemos e ameaça piorar. O seu comentário é um bom exemplo desse "vale tudo", chegando mesmo ao extremo de poder ser considerado terrorismo psicológico para com os que têm a ousadia de pensar de forma digna e de se expressarem.
Não se deixem enganar! Ruvasa demonstra pretender (ter interesse em) boicotar a democracia e a liberdade de expressão, inibir a nossa participação cívica consequente e coerente... perpetuar um sistema eleitoral nazi e vigarista que está na origem de todos os nossos problemas e angústias.

Ruvasa disse...

Por que razão, Biranta, não pára e pensa um bocadinho?

Vai ver que não dói nada.

;-)

Já agora, para que quem nisso esteja interessado, aqui fica o link para os comentários feitos no blog Sociocracia, onde os argumentos estão expostos e melhor se poderá constatar a razão - ou a sem razão - e de quem...

Em democracia, limpidez acima de tudo.

http://sociocracia.blogspot.com/
2006/09/para-meditar-ii.html#comments

Biranta disse...

Ruvasa!
Agradeço a publicidade.

Agora outro assunto:
Você tem a mania da perseguição. Não de que é perseguido mas de que consegue perseguir os outros com as sua atitudes acintosas e sem educação e que os outros se sensibilizam com isso...

Eu até acho bem que as pessoas leiam os meus comentários no meu blog, que é para aprenderem a responder quando são vítimias de gente sem escrúpulos como você.

Não respondi aqui, nos mesmos termos (o que seria muito mais fácel, seria só copiar) porque isto é casa alheia e eu gosto de respeitar que é para merecer respeito... Coisas que você não sabe o que seja porque não respeita nada nem ninguém... e muito menos os espaços dos outros, porque acha que os outros não podem ter espaços sem o seu consentimento

Anónimo disse...

Peço-lhe que me desculpe o abuso de usar o seu blog para esclarecer as pessoas, de forma a que fiquem bem inteiradas do que se passou com a Biranta, já que ela, depois de me ter insultado de forma realmente muito infeliz e reiterada, cortou do blog dela "Sociocracia", as minhas respostas.

Portanto, o que ela de mim disse, poderá lá ser lido (se ela, entretanbto, e para evitar ficar mal na fotografia, não eliminar os comentários dela, com o chorrilho de insultos que me dirige, como fez com as minhas respostas, numa +prova de enorme capacidsade e convicção democráticas.

As minhas respostas, que ela, à laia do "antigamente", censurou, aqui ficam.

Renovo o pedido de desculpas pelo abuso, que não repetirei.

* * *

Viva, Biranta!

Acha que vale a pena dar-lhe uma resposta condigna?

Se vocência,

1 - não tem estômago para aguentar uma contradita;

2 - não evidencia dose de civilidade necessária-suficiente para se abster de insultar (se insultada é grave responder nos mesmos termos, agora imagine se o não é, como foi o caso...);

3 - não tem (pelo que desnudou da sua curiosa personalidade, perante todos os que aqui vêm) a mínima capacidade de encaixe de uma opinião que não se contém nas baias da sua estreitinha bitola;

4 - igualmente não revela ponta de capacidade, dialéctica e civilizacional, para rebater o que lhe foi dito (que era, isso sim, do que eu estava à espera, para, então, podermos esgrimir os nossos pontos de vista, os nossos argumentos e, assim, darmos algum sal a um debate que não o é porque V., minha cara, parece debater-se com insuficiências graves,

deixe-me, apenas, que lhe pergunte:

O que anda a fazer na Net?

Pior ainda: o que anda a fazer num Blog?

Se, depois de todo este tempo passado, desde que existem blogs, ainda não percebeu para que servem, então, terei que repetir: Que anda a fazer por aqui? E por que tem um blog aberto a comentários?

Bem, isto posto, decido não lhe responder como talvez nem merecesse. À letra e com juros. Há que restar a algum de nós um mínimo de pudor, recato, decoro. Haja alguém que se salve, não concorda? Também é certo que troglodita não é quem quer; tão somente quem pode.

Por outro lado, a cara certamente que não iria compreender metade do que eu lhe poderia dizer.

Como assim?!

Então, se em assunto em que, ao que parece, tanto se tem debruçado e que, portanto, dominará e em que dará cartas, ao mínimo escolho/contrariedade, vai-se abaixo das canetas, que poderia a simpática fazer em outras circunstâncias e com matérias que não domina?

Não tive, confesso, qualquer prazer neste contacto consigo.

Mas não pelos motivos que está a congeminar. Não. O desprazer que recebi deve-se única e simplesmente à comesinha circunstância de não ter encontrado opositora à altura das necessidades.

Que falta de base, basesinha, diria Eça! Que pena, direi eu.

Mas então, nem um pequenino, mesmo ridículo, argumento encontra, para contrariar a barbaridade que eu escrevi?

Prozac resultará? Ou até para ele é já tarde?

;-)

Ruben Valle Santos
um seu admirador frustrado




Continuação da resposta


Biranta!

Mas quem é que falou em voto em branco?

Bem digo eu que usted não percebeu patavina do que escrevi.

Ora, faça lá um esforçozito, pense no assunto aí durante uma semana (e meia talvez seja melhor) e se não é destituída de todo, certamente que concluirá que o que diz não faz o menor sentido e só a deixa mal colocada.

Quando chegar a essa conclusão inevitável, sentirá ganas de discutir o assunto e mostrar o seu arrependimento por tão levianamente ter analisado o assunto até então.

Por favor, não venha ter comigo, então. Procure outro, porque eu estarei ocupadíssimo a trocar impressões civilizadas com muita gente sem problemas culturais - pelo menos visíveis... - e, assim, não disporei de tempo para a elucidar sobre uma série de coisas de que a cara amiga ainda nem sequer teve um pequenino vislumbre.

É que, sabe?, eu não quis ser arrogante no primeiro comentário. O tal que "usted no hay comprendido".

Quis tão somente polemizar um pouco e no bom sentido. Pretendia iniciar uma troca de argumentos, que é para isso que existem os blogs, Coisa que a cara senhora ainda não entendeu.

Por isso, não fui definitivo e não disse nada de muito concreto acerca da real caracterização da posição que a Biranta defende. Limitei-me a deixar um toque de discordância.

Postas as coisas neste pé, contudo, agora digo-lhe, sem rodeios:

A sua tese é um disparate puro, que qualquer aprendiz de cidadão com pretensões cívico-políticas, se recusaria a subscrever.

Não resiste à mínima análise de alguém com moderado grau de lucidez, de maioridade e de cultura mediana. Dessa de ir às compras na Feira de Carcavelos...

Ora aí tem, agora sim.

Ruben Valle Santos


Último comentário

Biranta, cá estou outra vez!

Sabe o que significa badameco, como me apelidou?

Estou certo de que não, caso contrário não o teria feito. Logo teria constatado que estava a dar-me razão. Involuntariamente, o que é pior.

Pois bem. A palavra radica na expressão latina "vade mecum". Ora, "vade mecum" significa "vai comigo". Já agora, acrescento eu: "que vais bem", Biranta!

* * *

É tudo.

Ruben Valle Santos