
O conhecimento é poder. Já no final do século XVI, Sir Francis Bacon, dizia isto mesmo. E sendo verdade, digo eu, o poder está cada vez mais concentrado. A evolução da sociedade depende da sua cultura e, boa parte dessa cultura, depende dos meios de comunicação. É por isso que os meios de comunicação devem mostrar a realidade de forma correcta, utilizando os factos e raciocinando a partir dos mesmos. Evidentemente, os raciocínios relativos à política e à actuação dos governos, são por natureza incompletos, o que pressupõe à partida, que a análise de determinadas questões, tem incorporada uma componente subjectiva, dependendo da pessoa que realiza essa análise. No entanto, quando se seleccionam os factos e se trabalham com a finalidade de obter uma conclusão, o resultado é sempre a manipulação.
Nas próprias Escrituras já vem estabelecido que “o conhecimento é uma espada e a sabedoria um escudo”. Hoje em dia o poder do conhecimento tornou-se uma questão pertinente. O desafio reside em levar a informação ao maior número de indivíduos. Mas a informação só se converte em conhecimento quando facilita a comunicação e a participação dos cidadãos, permitindo a estes e aos governantes, tomar decisões correctas, baseadas em informação não deturpada.
As novas tecnologias possibilitaram a mobilização da informação cada vez mais rápida e ficamos maravilhados com os milhões de unidades de informação que se movimentam pelo mundo inteiro em centésimas de segundo. Mas devemos questionarmo-nos a sério sobre a qualidade dessa informação. Estamos afinal de contas, comunicando? É pertinente? Fará do Mundo um lugar melhor? Toda esta informação equivale a conhecimento? É suposto o aumento da tecnologia de informação encurtar as distâncias, mas nem sempre será um factor de união entre as pessoas.
O conhecimento talvez seja uma espada, mas eu digo que é uma espada de dois gumes. Os mecanismos produtores do conhecimento estão concentrados num cada vez menor número de pessoas. Por todo o mundo, é notório que a propriedade dos meios de comunicação reflecte a tendência supranacional da propriedade das grandes multinacionais. A mensagem difundida espelha uma monocultura consumidora mundial que gera desequilibrios, perpetua a desigualdade económica e prejudica até o meio ambiente. E deixa cada vez mais, o pobre, o desfavorecido, fora do ciclo do conhecimento. Alguns perderam o pouco conhecimento que tinham, e foi substituído por outro que não é nem relevante nem útil. E assim continuarão, manipulados, subjugados e sem refilar. Até que um dia entendam que o conhecimento é a arma de um povo.
7 comentários:
O conhecimento é uma arma, isso é inquestionável. E é um Poder geralmente influente e decisivo! Mas é-o em favor dos grandes capitalistas, dos senhores do mundo, e não um Poder isento e democrático. A maior parte dos jornalistas não divulga a verdade, mesmo conhecendo-a, mas sim aquilo que lhes pagam para divulgar!...
O saber é o grande inimigo dos que alimentam a prepotência e a ignorância...
eles sabem que quando o espírito tem o alimento certo dificilmente conseguem ludibriar...
Quase todos os media estão concentrados em meia dúzia de mãos. Há, no entanto, um que lhes escapa: a Internet. E o número de utilizadores tem subido de forma exponencial e à custa dos outros media. Não é por acaso que eles também já a começam a utilizar. Mas o fundamental é que as fontes de «informação» já escaparam aos grandes carcereiros. E estes começam a estar sob ataque cerrado.
O conhecimento foi, é e sempre será uma armas dos povos.
Hoje essa arma está alargada e somos Nós que temos acesso a todo o tipo de informação que teremos que a passar aos que por alguma razão a não têm. Cabe-nos a nós passar a palavra, informar e lutar com esta arma que temos.
Esta é a nossa Arma!
Segundo a UNESCO existem no mundo 771 milhões de analfabetos, admitindo que esse número possa inclusive chegar a um bilião, se atendermos aos erros dos censos e outros. Portanto, cerca de 1/6 dos habitantes do planeta estão privados do direito ao conhecimento e à participação política. É uma ironia que aqueles que levantam o estandarte da democracia e dos direitos humanos, nada façam para solucionar este problema.
Concordo inteiramente com a leitura sobre a apropriação da informação por parte dos grandes grupos económicos. Eles já não se contentam em manipular politicamente os vários poderes eleitos democraticamente, querem também controlar o fluxo informativo das suas actividades. Razão tinha e tem Saramago, quando na cerimónia protocolar do seu Prémio Nobel da Literatura, denunciou aquilo que definiu como poderes antidemocráticos “ os actuais poderes ocidentais não são verdadeiramente democráticos, porque quem os domina verdadeiramente e pressiona são os grandes grupos económicos e esses poderes nunca são plebiscitados". Há um trabalho de denuncia imenso por fazer porque posturas com a do director do novo jornal SOL, António José Saraiva, de que mal conhece o presidente do BCP e que lhe dispensa qualquer relação de trabalho mais intima, dá realmente muito que pensar...
O conhecimento concentra-se cada vez mais nas mãos de cada vez menos, enquanto a maioria participa só no nível que lhes é imputado.
A alienação e a manipulação correm alegres e saltitantes...
Ótima reflexão, Magnólia; como sempre!
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