sexta-feira, abril 28, 2006

Reflexão


Uma em cada quatro pessoas, no Planeta, vive em situação de extrema pobreza. Uma em cada três pessoas vive com menos de um dólar por dia. Conflitos armados. Desordem mundial. Fase imperial do capitalismo globalizado.
A liberdade é condição de existência do indivíduo e da espécie. A espécie e a sociedade são compostas de indivíduos. O indivíduo só existe enquanto espécie e em sociedade. É assim, desde o princípio dos tempos humanos.
Todas as algemas, todos os muros, todas as formas de discriminação e de exploração são alheias à condição humana. O liberalismo económico, a delapidação dos recursos dos países e dos povos pelas multinacionais e elites dominantes, as guerras, são radicalismos anti-sociais, que impossibilitam a liberdade e o desenvolvimento das civilizações.


Dans un monde idéal, l'Humanité n'existerait pas!

terça-feira, abril 25, 2006

As Portas que Abril Abriu...


Era uma vez um país
onde entre o mar e a guerra
vivia o mais feliz
dos povos à beira-terra

Onde entre vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
um povo se debruçava
como um vime de tristeza
sobre um rio onde mirava
a sua própria pobreza

Era uma vez um país
onde o pão era contado
onde quem tinha a raíz
tinha o fruto arrecadado
onde quem tinha o dinheiro
tinha o operário algemado
onde suava o ceifeiro
que dormia com o gado
onde tossia o mineiro
em Aljustrel ajustado
onde morria primeiro
quem nascia desgraçado
.............
Ora passou-se porém
que dentro de um povo escravo
alguém que lhe queria bem
um dia plantou um cravo
.............
Ouvi banqueiros fascistas
agiotas do lazer
latifundiários machistas
balofos verbos de encher
e outras coisa em istas
que não cabe dizer aqui
que aos capitães progressistas
o povo deu o poder!
E se esse poder um dia
o quiser roubar alguém
não fica na burguesia
volta à barriga da mãe!
Volta à barriga da terra
que em boa hora o pariu
agora ninguém mais cerra
as portas que Abril abriu!

terça-feira, abril 18, 2006

Provérbio Chinês

"Quando o problema tem solução não vale a pena preocupares-te... se o problema não tem solução, preocupares-te não servirá de nada."

Um sinal de fraqueza

No capitalismo «tudo se compra, tudo se vende». E para tudo se busca uma cobertura ideológica, política e jurídica. Por isso se trabalha afanosamente para que a actual subversão do direito internacional se transforme em lei. Foi o que fez, passados escassos dois dias da divulgação das torturas do pós guerra, o Ministro da Defesa da Grã-Bretanha, exigindo a revisão das Convenções de Genebra, que considerou desajustadas, devendo as leis «adaptarem-se para melhor servir os tempos». E é o que já está em curso com a «reforma» da ONU, nomeadamente com significativas alterações na Comissão dos Direitos Humanos para que aqueles que os violam possam continuar a fazê-lo e, simultaneamente, puderem ser implacáveis com forças políticas e países que seguem percursos independentes e resistem à «Nova Ordem» imperialista

sábado, abril 15, 2006

Caça numa selva sem leis

L
onge vão os tempos em que as empresas eram os únicos clientes dos bancos comerciais e os de investimentos não "prestavam" os seus serviços se não às grandes sociedades. Depois, a corrida desenfreada aos lucros levou-os cada vez mais a "oferecer" os seus serviços a vastos sectores das camadas médias, a largos sectores de assalariados, etc...
Já nos primeiros anos do século XX, Lénine, nos seus estudos sobre o imperialismo, analisava este fenómeno e escrevia: Os bancos recolhem, ainda que temporariamente, os rendimentos em dinheiro de todo o género, tanto dos pequenos patrões como dos empregados... Os bancos... reunem toda a espécie de rendimentos em dinheiro colocando-o à disposição da classe capitalista. (1)
Nas últimas dezenas de anos, contudo, esta actividade proliferou. No nosso país, por exemplo, e muito particularmente nestes últimos anos de política de reprivatizações dos recentes governos de direita, os bancos (nacionais e estrangeiros) multiplicaram as suas agências por todo o lado, em cada rua, em cada esquina, por vezes lado a lado, frente a frente. É uma autêntica corrida para recolher o máximo de depósitos de empresários, quadros técnicos, empregados, trabalhadores, estudantes, reformados e pensionistas, donas de casa. Esta actividade de "retalhista" é das mais lucrativas. Os lucros realizados pelos bancos neste campo, permitem-lhes aumentar os seus recursos e acelerar o processo de concentração do capital nas suas mãos. Longe vão os tempos em que a própria selva do capital tinha as suas leis. Longe vão os tempos em que cada banco tinha a sua "coutada" reservada e onde os seus concorrentes não ousavam sequer caçar às escondidas.
Mas não vá o leitor pensar que digo isto com saudosismo. Não! Trata-se apenas de uma simples constatação, porque hoje, vale tudo, como se pode ver apenas por alguns anúncios, dos muitos que diariamente nos entram casa dentro através da televisão, vezes sem conta, ou enchem as páginas dos jornais e das revistas, usando em alguns casos "artistas" mais ou menos conhecidos da nossa praça: "Deixe de adiar o seu sonho"; "Eu estou aqui!"; "Ou tem pais ricos ou foi ao..." ; "Podemos dar-lhe o primeiro carro, o modelo da sua marca de carro, aquela mota espectacular, a câmara de vídeo, aquela escultura, o tal quadro..."; "Habilite-se aos sorteios mensais. Há dinheiro a ganhar e não há tempo a perder"; "Abra já uma conta desportista, habilite o seu filho. Além de ganhar, ele pode escolher os artigos desportivos que quiser", etc...
Excedem-se em zelos surpreendentes! Preocupam-se com tudo e com todos. Com os negócios, a habitação, as viagens de lazer, as reformas, os tempos livres, o carro, a moto, o vídeo, as esculturas, os quadros, as bolas de ping-pong e as raquetas de ténis. Preocupam-se com os velhos, os menos velhos, os novos, os jovens, as criancinhas.
E o portuguesinho vai aderindo, vai contrbuindo para o aumento do "bolo", vai-se endividando, vai perdendo o controle e é ele que entra na banca rôta...
Será que ninguém vê que são tantas as benesses que prometem que é caso para lembrar o velho ditado popular: "quando a esmola é grande até o pobre desconfia"?
(1) - Obras Escolhidas de Lénne, Edições Avante, I vol., pg. 597.

quinta-feira, abril 13, 2006

Premiado pela dor...

O

blog anónimo de uma jovem iraquiana foi indicado para concorrer a um prémio literário conferido pela BBC, e ganhou o Best Middle East and Africa Blog, no passado mês de Março, aliás, com todo o mérito.
Baghdad Burning, é um relato em primeira mão, escrito sob o pseudónimo Riverbend, e está também entre 19 finalistas ao prémio Samuel Johnson para não ficção, a anunciar no próximo dia 14 de Junho. Antes da invasão do Iraque, "Riverbend" trabalhava como programadora de computadores. Mas perdeu o emprego, porque a caminhada para o trabalho e a volta para casa ficaram muito perigosas para as mulheres desacompanhadas. O jornal britânico The Times publicou o seguinte trecho do blog da escritora, iniciado em Agosto de 2003: "Sou mulher, iraquiana, e tenho 24 anos. Eu sobrevivi à guerra. Isso é tudo o que você precisa saber. E é tudo o que importa hoje em dia."
Riverbend fala do sofrimento do povo iraquiano em "três anos de ocupação e derramamento de sangue" e pede aos Estados Unidos que se retirem do Iraque.
Um prémio merecido e um desabafo a não perder.