quinta-feira, dezembro 28, 2006

Haverá esse lugar?

En Algun Lugar Del Mundo

Debe haber algún lugar del mundo
donde puedan vivir juntos,
un hombre y un animal
donde las aves vuelvan a casa
sin temor a encontrar jaulas
que no las dejen volar
debe haber algún lugar del mundo,
donde un sueño sea realidad
donde el sol pueda salir seguro
sin temor a encontrar muros
que no lo dejen brillar?

Debe haber algún lugar del mundo
donde puedan los injustos olvidar a Satanás
donde se pueda sembrar la tierra
repartiendo la cosecha,
entre los que quieren amar
debe haber algún lugar del mundo
donde al fin se pueda respirar
donde la manzana crezca buena
y no pague ya esa pena
del pecado original

Debe haber algún lugar del mundo
donde los viejos encuentren
un poquito de amistad
donde vuelen juntos por el cielo
una paloma con un cuervo
sobre la tierra y el mar
Debe haber algún lugar del mundo
donde todo sea libertad
donde pueda abrazar a ese amigo
que se quedó dormido,
una mañana tiempo atrás?


Fernando Ubiergo

terça-feira, dezembro 26, 2006

O outro lado do natal...

Agarra, que é ladrão!...

O Pai Natal tem o rosto do capitalismo.
Como todos os anos, milhões de crianças e adultos de todo o mundo, receberam com ilusão os maravilhosos presentes do dia de natal, concedidos pelo amável e bonacheirão Pai Natal. Mas quem é esta personagem? Quem se esconde por debaixo daquele fato vermelho, barba branca e barriga de cerveja?
Durante o ano, nas suas diversas viagens, o Pai Natal encarrega-se de recolher tudo o que necessita para preparar as suas ofertas. No Iraque, por exemplo, extrai parte do petróleo que lhe serve para viajar, e distribuir por todo o mundo os seus presentes. A guerra não é um tema próprio no espírito natalício, pelo que lhe passam ao lado, essas gentes e os conflitos que ali se vivem. Em África, pilha muitos dos minerais que formarão parte das jóias e dos modernos componentes electrónicos. A fome que observa à sua volta, também tem pouco a ver com os generosos banquetes natalícios e o nosso homem abandona essas paragens, porque a sua barriga não se compadece com tanto estômago faminto. Ao passar por alguns dos países asiáticos, o Pai Natal consegue arranjar muito calçado e roupa para distribuir, mas não deixa nenhuma por lá, pois nenhuma criança que trabalha naquelas fábricas lhe soube escrever uma simples carta. Entretanto, aproveita para visitar os frondosos bosques da Indonésia e da Amazónia e, depois de correr com alguns indígenas que o olhavam como se nunca o tivessem visto na televisão, arrasa com as árvores que produzirão o papel para embrulhar tantos e tantos presentes, cujo embrulho é a peça chave para criar uma bonita áurea de mistério que os caracteriza: Que será? De onde virá? A quem terão explorado para fabricá-lo?
Foi desta maneira que chegou, na noite de natal, com um saco repleto de presentes, mas longe de ser a figura que costumamos ver em tantos filmes e imagens publicitárias. O Pai Natal não é mais do que um ladrão, e dos maiores que a história conhece. Um Robin dos Bosques transformado que, sem se esconder, rouba aos pobres para dar aos ricos. A crua realidade é que, para algumas crianças e adultos receberem os seus presentes de natal, o Pai Natal teve que despojar muitas outras famílias que, por suposto, não receberam a sua visita nesta data. Todos os anos, os pedidos aumentam, sem se pensar que o preço desses produtos está a ser pago por outras famílias que lutam por salvar as suas vidas da guerra, da fome e do frio. O Pai Natal converte-se todos os anos em mais um dos culpados que fazem com que o número de pobres aumente anualmente. E assim continuará sendo, até que nos demos conta que precisamos bloquear a entrada das nossas chaminés, obrigando o gordo ladrão a ir de férias e a desaparecer por um tempo, junto com o resto dos produtos supérfluos e inúteis, vendidos na televisão.

Meu presente para o Pai Natal:

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Aos amigos



A todos os amigos


Que visitam este blog


O desejo sincero de um


Feliz Natal!

quarta-feira, dezembro 20, 2006

Uma macumba letal: democracia e terror!



Caças americanos

O título pode confundir-nos, mas democracia e terror são conceitos opostos, precisos, impossíveis de interligar. No entanto, o Império do Mal, melhor dizendo, os poderes da ultra direita mundial, guiados pelos Estados Unidos, achou a forma macabra de ligá-los e confundi-los. Assim, países ou governos que "desafinem" com a cartilha imperial são menosprezados. Vários exemplos: o executivo venezuelano, apesar de ter passado por vários processos de aprovação popular, é criticado e apelidado de antidemocrático e comparado a terrorismo político. O Hamas, outra pedra no sapato "yanqui", é acusado de terrorista, ao mesmo tempo que o povo palestiniano é massacrado pelo terrorismo do Estado de Israel. Cuba, Coreia Democrática, Irão, países de sistemas diferentes mas com o nacionalismo como traço comum, são postos num "mundo aparte do mundo", não pela ONU, mas pela Casa Branca (escura como breu), que não faz jus ao seu nome.
Em nome da democracia e da liberdade, os EU realizaram 73 invasões a países da América Latina, de 1824 a 1994. Cuba, Porto Rico, México, Nicarágua, Panamá, Haiti, Colômbia, Honduras, República Dominicana, El Salvador, Guatemala e Granada, ficam na memória.
Escudado pela ficção manipulada do mundo livre, um avião "yanqui" lançou uma bomba sobre Hiroshima, que deixou 250 mil vítimas. Em nome da liberdade e da democracia foram bombardeados o Vietname, a Jugoslávia, o Iraque, com centenas de milhares de mortos.
Tão pouco escaparam o Irão, Líbia, Angola, Somália, Congo, Nicarágua, Cambodja, Sudão… a lista é bastante larga. Em contrapartida, não houve bombardeios nem pactos do mundo livre contra a África do Sul do Apartheid, o Chile de Pinochet, o Paraguai de Stroessner, a Argentina da Junta Militar, como também não há contra Israel de Ehud Olmert.
Durante séculos, dezenas de povos sofreram o terrorismo de estado "yanqui" ou de governos apoiados pela maquinaria bélica, política e propagandística de Washington. Nenhum governante norte-americano foi julgado ou levado ao Tribunal de Haya.
Cabe agora a vez ao Iraque: finalmente questionam-se na ONU e Inglaterra, o milhão e meio de mortos iraquianos consequência das inexoráveis condições impostas a Bagdad, e dos bombardeios anglo-americanos, ilegais, contra essa nação. Mas como sempre, não passará disso mesmo: de meras questões sem consequências e sem culpados.
Quem deterá os Estados Unidos? Haverá lucidez suficiente no planeta para impedir as guerras desnecessárias, evitar o caos e salvar a Mundo?

Obs.: Espero que relevem o facto de faltar algum país no rol da lista de invasões dos "yanquis". Posso ter falhado alguns pelo caminho.

sábado, dezembro 16, 2006

Enfrentar a corrupção...

A corrupção diminui a riqueza e o desenvolvimento económico de um país
A corrupção – vómito infernal – não é um problema ético, um problema moral, mas sim um negócio, um grande negócio, talvez o melhor negócio para enriquecer. As principais causas da corrupção não são culturais ou biológicas, mas sim políticas. Que importa o país, que importa o povo, que importa a grande maioria, se a ganância está assegurada e se, na eventualidade de algo correr mal, existe o exílio, a fuga, e jamais a prisão? O exílio é para o rico e poderoso, a prisão é para o pobre e marginalizado social.

O povo não é corrupto, os corruptos são aqueles que satisfazem as "máfias do poder": os grandes negociadores que realizam as grandes negociatas, os grandes grupos e as multinacionais, mestres na arte do suborno e em corromper e deixar-se corromper. A maioria do nosso povo é honesto, bom e idóneo.

Combater a corrupção e a impunidade, essa grande aliada, tem que ser uma tarefa de todos e deve contar com o apoio das instituições públicas, privadas, meios de comunicação, e do próprio Estado, porque o "monstro" tem uma infinidade de máscaras e formas.

São os pobres quem mais sofre com a corrupção e os com os "estragos económicos" derivados, já que nunca estão em condições de subornar ninguém. A corrupção torna-se por isso uma forma de opressão.

É um fenómeno que se encontra enraizado em todas as esferas do poder e, a falta de leis apropriadas, a fala de vontade das pessoas, os compromissos políticos daqueles que manejam os destinos do país, parece que se confinaram para manter o mesmo sistema decadente e, os esforços que se fazem, tornam-se infrutuosos.

Para controlar a corrupção é necessário uma acção mais radical, eficaz e real.

A decisão do PGR em nomear Maria José Morgado para liderar o processo do "apito dourado", abre de novo um caminho no combate à corrupção, que espero sinceramente não venha a ser obstruído, como ocorreu há 4 anos atrás, quando se começarem a destapar os véus daqueles que ela denominou em tempos de "inimigos sem rosto".

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Fichados para a vida

........Big Brother é o olho dos EUA no regime totalitário previsto na ficção do livro "1984" de Orwell........

Segundo a agência noticiosa AFP, que cita fontes do Departamento Americano de Segurança Nacional (US Department of Homeland Security), entrou esta segunda-feira em funcionamento nos EUA um verdadeiro sistema planetário de Big Brother. Não em uma qualquer cadeia televisiva, com prémios e final feliz, mas na vida real e de consequências imprevisíveis: toda a pessoa que entre ou saia dos Estados Unidos é considerada uma potencial ameaça terrorista, pelo que os seus dados são recolhidos e guardados numa base de dados por um período de 40 anos. Como é timbre da democracia norte-americana, os interessados não só não são informados como nem sequer têm possibilidade de aceder algum dia à informação recolhida.
Em nome da segurança, que já permite à administração Bush mandar violar a correspondência, revistar habitações ou elaborar listas dos livros requisitados em bibliotecas – só para citar alguns exemplos – sem que os visados tenham conhecimento disso, o país da liberdade e dos direitos humanos arroga-se o direito de fichar para a vida todo e qualquer cidadão que atravesse as suas fronteiras, fazendo tábua rasa de direitos cívicos elementares, de todas as convenções, do direito internacional.
O novo Big Brother, de acordo com Jarrod Agen, porta-voz da Homeland Security citado pela AFP, está a cargo de um sistema computorizado designado Automated Targeting System, que para além dos elementos de identificação de cada indivíduo registará toda uma panóplia de dados recolhidos por diversas fontes, como o serviço de registo de passageiros, o Tesouro americano ou o Departamento do Comércio, bem como números de cartões crédito e até o que cada passageiro comeu durante os voos, o jornal que leu ou o perfume que comprou.
Os registos, segundo a mesma fonte, serão partilhados «de forma rotineira» com «autoridades federais, estatais, locais, tribais ou governos estrangeiros» sempre que seja considerado necessário e conveniente.
Múltiplas são igualmente as pessoas que numa base «rotineira» podem aceder à informação: magistrados ou tribunais administrativos; terceiros que participem numa investigação; agentes, organizações ou indivíduos que levem a cabo operações; um departamento do Congresso; e empregadores, especialistas, consultores, estudantes e outros. Numa palavra, a quem a vida de cada um possa interessar, excepto ao próprio interessado.
Orwell não teve imaginação para tanto. O drama é que a sociedade concentracionária para que alertou o mundo está a ser construída… nos EUA.

Anabela Fino in Avante
Os links e sublinhados são minha responsabilidade

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Olhando à nossa volta

**************************


Alguma vez se deram conta que os estímulos à auto indulgência são sempre seguidos de sugestões? As arreigadas em doutrinas procuram vestígios para reclamar dentro de nós, os vendedores procuram subterfúgios para enganar-nos… desde os profetas da new-age até aos publicitários, desde os desonestos aos radicais, todos nos incentivam a perseguir "os nossos ideais". Mas a questão é: quais ideais? Os reais? E quem decide quais são?
O que está perfeitamente claro é que existe uma guerra pelo nosso alento, em todas as frentes. Estes desejos são, na realidade, construídos: mudam, são dependentes de factores externos, da cultura, do contexto histórico da nossa sociedade. "Apreciamos" a comida rápida porque temos que regressar ao trabalho rapidamente, porque a família nuclear (para os poucos que ainda podem dizer que a possuem) é demasiado pequena e está demasiado ocupada para se permitir a alegria de cozinhar e comer em conjunto. "Temos" que ver o e-mail porque a dissolução da comunidade nos levou familiares e amigos para longe, porque os nossos chefes preferem não falar directamente connosco, porque a tecnologia da "poupança de tempo" apropriou-se do tempo, usado antes para escrever cartas (e pelo caminho matou todos os pombos correio). "Queremos" trabalhar, porque esta sociedade não se preocupa em absoluto com aqueles que não o façam, porque é difícil imaginar formas mais aprazíveis de preencher o nosso tempo, quando tudo o que nos rodeia, está projectado para o comércio e o consumo. Cada um dos nossos desejos, cada conceito que formamos, está enquadrado na "linguagem" da sociedade que nos criou.
Quem nunca desejou ser de forma diferente, num mundo diferente?
Se os nossos desejos são construídos, ou melhor dizendo, somos o produto daquilo que nos rodeia, então podemos dizer que a nossa liberdade se mede pelo maior ou menor controlo que possamos ter sobre o que está ao nosso redor. É estupidez dizer a uma mulher que é livre de sentir o que quiser acerca do seu próprio corpo, quando cresce rodeada de anúncios de dietas e "posters" de modelos anorécticas. Como é estúpido dizer-se a um homem que é livre, quando tudo o que precisa para conseguir comida já está previamente estabelecido pela sociedade, e que a sua única alternativa é escolher entre as várias opções estabelecidas.
Precisamos de aprender a fabricar a nossa própria Liberdade, criando brechas na "fábrica" da nossa existência, forjando novas realidades. Precisamos de assegurar-nos que tomamos as nossas próprias decisões, sem o peso da inércia pelo hábito, costume, lei ou obsessão. Está nas nossas mãos criar estas situações. Estes momentos não são tão raros como possam parecer. A mudança é constante e em toda a parte, e cada um de nós tem nela um papel importante, de forma consciente ou não. Podemos dar-nos ao luxo de ser “radicais” (não será antes peremptórios?)... porque ser-se radical, é simplesmente manter-se atento na nossa sociedade.

quinta-feira, dezembro 07, 2006

terça-feira, dezembro 05, 2006

Contrato (anti)social

Aideia foi apresentada

pelo primeiro-ministro britânico, Blair, e apresentada esta segunda-feira pelo Diário Económico com o objectivo, segundo o director do periódico, de «deixar Portugal a pensar».
Trata-se, nem mais nem menos, de implementar um pretenso «contrato social» que estabeleça uma «relação completamente nova entre o Estado e os cidadãos», de forma a definir o mais exaustivamente possível as responsabilidades do cidadão para além de «pagar impostos e cumprir a lei». Contrato (anti) social
Do cumprimento da sua parte do «contrato» dependerá o acesso de cada indivíduo aos serviços básicos de qualidade, como a assistência médica, a educação e a protecção policial.
Blair ilustra esta ideia peregrina com um exemplo: um hospital público poderá exigir, antes de colocar uma banda gástrica a um doente sofrendo de obesidade, que o paciente se comprometa por escrito a não voltar a ganhar peso, sob pena de perder no futuro o direito a cuidados de saúde.
A menos que se trate de uma brincadeira de mau gosto de Blair, o que não é crível, o referido «contrato social» – que o DE considera como sendo «uma evolução, muito interessante, da lógica inicial do ‘welfare to work’ (assistência social)» – representa mais um brutal atentado a elementares princípios de uma sociedade civilizada.
A ser implementado, este «contrato social» consagraria não só o primado do governo policial como liquidaria o próprio conceito de Estado enquanto entidade colectiva e solidária. Na prática, trata-se de defender a criação de um corpo de vigilantes, dotado de plenos poderes, que para além de fazer as leis e cobrar os impostos decide o que cada cidadão tem de fazer para usufruir do «direito» de pertencer à comunidade.
O que está em causa não é a exequibilidade de um tal «contrato», como referem alguns comentadores ao DE, mas o facto de ter sido enunciado na Grã-Bretanha e de haver entre nós quem considere a ideia digna de reflexão.
Com semelhante «contrato», o Estado deixaria de ser o resultado da organização da sociedade como um todo para se assumir como um corpo estranho, uma entidade prepotente formada pelas elites dominantes cuja função seria – numa escala infinitamente superior à que já existe – a de dominar e explorar a população, reduzida à condição de mão-de-obra acéfala. A diferença em relação a uma sociedade esclavagista seria um mero acaso.
Certamente não por acaso, o mesmo DE lançou anteontem novo tema de «reflexão»: a flexisegurança, que é como quem diz o novo embrulho do governo PS para a liberalização do desemprego. E ainda há quem não acredite em coincidências!


Anabela Fino in Avante

terça-feira, novembro 28, 2006

A outra missa do galo...

Ao ler este post do Leandro constatei que o problema do consumo é um vírus mundial que afecta cada vez mais a todos nós. Mas, ao contrário de outros vírus, a cura está nas nossa mãos. Um tema que merece um alerta.


À

medida que se aproxima a quadra natalícia, o comércio e os meios de comunicação lançam sobre os cidadãos, a malfadada ofensiva que consiste em repetir, até à exaustão, mensagens de paz, de amor e, sobretudo, de consumo. À obrigatoriedade de sermos felizes, bondosos, solidários, entranhadamente familiares, alegres e divertidos, junta-se
a mais sagrada de todas as obrigações: a de comprar.Consumir até não restar uma fatia sequer...
A celebração do natal e o “ir às compras”, transformaram-se, nesta sociedade de consumo, em actividades complementares, se não mesmo sinónimas.
A publicidade encarrega-se de nos fazer crer que existe uma necessidade de participarmos nestas festividades, e converte-nos a nós próprios, nos protagonistas dos acontecimentos. Transmite-nos a ideia de que, se não participamos, somos “não solidários” inumanos, egoístas, pobres de espírito, em suma, desmancha-prazeres. E qual é então a melhor (se não a única) forma de participar? Muito fácil: consumindo, comprando…
A lista de compras imprescindíveis, torna-se cada ano mais exaustiva: alimentos para comidas e ceias especiais, bebidas, participações em jogos de fortuna e de azar, adornos para o lar, roupa e adereços para brilharmos elegantemente nos dias assinalados, presentes para todos e para quase todos os dias, brinquedos, bilhetes para festas, concertos e outros saraus…
O número de “necessidades” multiplica-se, e parecem concentrar-se milagrosamente em apenas duas semanas de Dezembro.
Ao mesmo tempo que se estende a lista de compras obrigatórias, assistimos a uma curiosa antecipação da quadra natalícia. Antigamente, a febre consumista arrancava bem mais tarde, nos meados do mês de Dezembro. Agora, o frenesim das compras começa logo em finais de Novembro, ou mesmo antes. Os cartões de crédito animam-nos a adiantar-nos na data da “euforia gastadora”, por razões óbvias. E como se não bastasse os bancos brindam-nos “bondosamente” em época de solidariedade com empréstimos a juros “baixíssimos”, para nos ajudarem a ficar bem com a nossa consciência benemérita, ao mesmo tempo que contribuímos para a sua prenda no sapatinho.
Se somos inteligentes, sabemos isto tudo… porque continuamos sempre a ser levados? Falta de coragem em sermos diferentes?

sábado, novembro 25, 2006

Um Mundo... mundos diferentes

---------- O Desejo ----------
D

esde que nos disseram que estávamos de “tanga” que os portugueses se colocaram uns contra os outros, enquanto sectores sociais – público ou privado – e, dentro do primeiro, encontramos, inclusive, diferentes grupos profissionais. Um aspecto que tem sido utilizado frequentemente quer pelo governo, quer pela direita, quer ainda pelos media para denegrir a imagem dos trabalhadores da Administração Pública, e virar os trabalhadores privados contra os funcionários públicos, é a questão das remunerações e da “regalias” na segurança social, diferentes do sector privado. Abismo entre público e privadoHá dias, na sala de espera da dentista, ouvi os maiores disparates que se possam imaginar numa conversa de mulheres (mera casualidade) que, sem o mínimo conhecimento de causa ou de adequada justificação, atacavam os trabalhadores da função pública, considerando-os o “cancro” da crise que vivemos actualmente, fazendo jus aos verdadeiros objectivos do governo: interiorizar nos portugueses a ideia de que a Administração Pública (inevitável bode expiatório) é a génese da culpabilidade de todas as medidas que têm sido implementadas e que não agradam a ninguém. Enquanto ouvia a referida conversa, ocorreu-me à ideia uma história antiga que ilustra bem o estado de espírito de alguns.
A história, acontecia em África, num tempo não determinável de um local muito pobre. Um homem revela-se desesperado. Fora agricultor e tinha perdido tudo, numa terra seca por muitos anos sem chuva. Estava só, pois a sua mulher e filhos tinham partido. E vivia numa cabana quase a cair, nada tendo sequer para comer. Certa manhã, o homem saiu da cabana e sentou-se no chão, encostando-se ao tronco de uma árvore. Quase de imediato, surgiu do nada um duende, mesmo ali à sua frente. O espanto do homem foi enorme e mais ainda quando essa figura mágica lhe disse: “Concedo-te um desejo. O que desejares será concretizado. Seja o que for, apenas um desejo. Mas com uma condição: aquilo que desejares, ser-te-á concedido a ti e em dobro ao teu vizinho do lado. Volto amanhã, exactamente por esta hora, para saber da tua decisão e o desejo será imediatamente concedido”. E o duende desapareceu. Depois do espanto, o homem sentiu medo. Duvidava do que lhe tinha sido proposto, porque duvidava de si mesmo. Pensava que o desespero lhe tivesse toldado o espírito e a razão. Mas nada tendo, nem nada para perder, rapidamente abandonou o medo e começou a entusiasmar-se. As coisas pequenas que começou por desejar foram tomando volume. Uma bela seara, pensou. Que lhe desse grande rendimento. Teria trabalho e alimento. E teria então condições para reorganizar a sua vida. Mas enquanto imaginava semelhante seara, lembrou-se do vizinho… com quem estava muito zangado e há muito tempo. O vizinho teria una seara duas vezes maior! E sem qualquer esforço. Nem pensar, concluiu.
Mas não querendo perder a oportunidade, o homem pensou: iria para a cidade e deixaria de viver naquele lugarejo. Desejaria um grande comércio, instalado numa bela loja. Venderia de tudo um pouco e ficaria finalmente rico. Só que, nesse caso, o vizinho teria uma loja duas vezes melhor e venderia duas vezes mais coisas. Não o podia permitir! O vizinho seria duas vezes mais rico! Nem pensar, concluiu novamente. Desejou então uma companheira. Bonita, muito bonita. E o vizinho… teria duas mulheres tão bonitas como a sua ou então uma mulher duas vezes mais bonita que a sua. E mais uma vez concluiu: nem pensar!!
O dia e a noite correram sem que o homem conseguisse dormir. Foi formulando desejos de que imediatamente desistia porque nem queria sequer imaginar que o seu vizinho iria ter o dobro do que lhe seria concedido a si. Que injustiça! O duende era seu e a sorte era sua. E o vizinho ia aproveitar-se de tudo isso. Não, não o permitiria nunca.
A manhã chegou e o homem estava esgotado com a briga solitária que travara. E chegou também a hora do duende, que apareceu conforme havia prometido ao homem, solicitando que expressasse então o seu desejo. O homem não hesitou. Pediu ao duende que lhe arrancasse um olho.

quinta-feira, novembro 23, 2006

Plano Inclinado

Ficar mal no retrato...

”Entre socialistas e conservadores há alternância mas não há alternativa”, Manuel Alegre, in Diário de Notícias de 21-10-2006.

”O PS está a governar com o programa com que o PSD se apresentou a eleições”, fonte não identificada do grupo parlamentar do PSD, in Diário de Notícias de 21-10-2006.

Saber o que os outros pensam de nós é indispensável se nos queremos conhecer melhor. Há poucas semanas a TVE, a televisão pública espanhola, passou um programa sobre o nosso pais. Os programas informativos da TVE são, desde há muito, reconhecidos como de grande qualidade e por isso devemos reflectir sobre o “retrato” de Portugal, que lá foi revelado.
Um país em que o interior se despovoou em favor do litoral, em que a agricultura acabou, trocada por subsídios, um país com resquícios medievais que se manifestam no facto de ainda não termos resolvido a questão do aborto, em que os fundos comunitários não foram devidamente aproveitados para modernizarmos o nosso aparelho produtivo, em que o turismo algarvio periga, ameaçado por uma especulação imobiliária desenfreada.
Nesta reportagem não houve apenas lugar para o mau, apareceram também os nichos de excelência: o que sobrou da indústria têxtil porque soube reestruturar-se tecnologicamente para responder à globalização, os vinhos, a cortiça e pouco mais. Mas o que de mais negativo este programa da TVE destacou sobre Portugal foram as desigualdades sociais, o fosso crescente entre os mais ricos e os mais pobres. Cruel, este retrato de Portugal, talvez demasiado esquemático, mas verdadeiro.
Recordo-me de quando jovem ter atravessado pela primeira vez a fronteira e ficar com a sensação de que a Espanha era um país ainda mais pobre do que nós. A democracia veio mudar tudo. Espanha e Portugal encontraram o caminho do desenvolvimento. Mas a Espanha começou bem cedo com as mudanças estruturais necessárias.
Ainda antes da adesão dos dois países à CEE, o governo presidido por Filipe Gonzalez procedeu à reestruturação do tecido empresarial espanhol. Isso foi feito com custos sociais enormes que atirou o desemprego para os 20%, valor que só nos últimos anos se aproximou de valores aceitáveis. Na mesma altura, foi reformulado o sistema fiscal e puseram os ricos a pagar impostos a sério. Consolidou-se uma classe média com alto poder de compra, o que é indispensável para que uma economia funcione bem. E a evidência aí está: dantes, a Europa começava para lá dos Pirinéus; agora é já ali ao passar da fronteira.
Um estudo publicado recentemente no nosso país, veio revelar que 20% dos portugueses vive abaixo do limiar da pobreza, isto é, um em cada cinco portugueses, é pobre. Trinta e dois anos depois da revolução de Abril, depois de muitos e muitos milhões de contos e de euros que entraram em Portugal, vindos da Europa, depois de termos sido governados alternadamente por social-democratas e por socialistas, cujos partidos proclamam como uma das suas principais bandeiras a justiça social, a situação da pobreza em Portugal deveria envergonhar quem nos tem governado. Deveria envergonhar, mas infelizmente não envergonha. Ainda por cima Portugal é o país da UE em que é maior o fosso entre os mais ricos e os mais pobres. Mais ainda: este fosso não diminui, antes aumenta de ano para ano.
Vivemos anos difíceis, com orçamentos de Estado para lá de rigorosos em que, não há que escondê-lo, os mais fracos são os que mais sofrem. A classe média tem visto o seu nível de vida afundar-se, nível de vida que, diga-se em abono da verdade, foi alcançado artificialmente com a entrada dos fundos europeus e com o recurso ao crédito bancário. Aos ricos, esses, não conta que a crise tenha afectado muito.
Os objectivos proclamados pelo actual governo como justificação para as medidas impopulares, muitas delas incorrectas e injustas, são os de colocar em ordem, reduzir o défice e fazer com que o Estado funcione melhor e com menos custos. Gostaria pois de ouvir os nossos responsáveis governamentais dizerem que uma das suas prioridades é criar as bases para que a nossa sociedade se torne mais justa e mais solidária. Mais: gostaria de ver que se tomam medidas efectivas nesse sentido. Porque se for para daqui a cinco ou dez anos haver ainda em Portugal 20% de pobres e continuarmos a ser o país da UE onde é maior a injustiça social, então o combate ao défice, o equilíbrio das contas públicas e o Estado mais eficaz, servem para quê?


V.F. da Silva in "Mais Alentejo", Nov.2006

sexta-feira, novembro 17, 2006

Democracia - versus - ditadura

O último fim-de-semana foi marcado politicamente pelo tão badalado (e nada mais que isso) congresso do PS e, como um troféu inesperado, a palavra democracia surgiu em todas as bocas, tentando justificar as políticas desastrosas deste "socialismo moderno". Será que alguém ainda acredita que vivemos num país democrático? Não, não enlouqueci de vez… mas analisando bem as coisas, considero que vivemos actualmente numa espécie de democracia "hip hop", tal qual a dança de rua, genuína, mas que não entra nos gabinetes ministeriais. Analisando melhor ainda, o mais correcto é chamar-lhe "ditadura moderna"… senão vejamos:


D efinir ditadura como um conceito oposto à democracia, é um pouco ambíguo. Se a ditadura contempla abusos, atitudes despóticas, violência exercida sobre minorias ou sectores débeis da sociedade, não podemos afirmar que tal não aconteça nas chamadas "democracias modernas". Por isso, o melhor será dizer que a ditadura é apenas um aspecto técnico do exercício da opressão de uma classe sobre outras.
Geralmente, a ditadura é associada a uma ocupação militar ou ao estabelecimento de um regime de repressão política aberta, mas a verdade é que a burguesia refinou os seus métodos para a luta de classes, conseguindo que se entenda como "vontade democrática" e "direito de polícia" o que na realidade não é mais do que opressão violenta de umas classes sobre outras para garantir os seus privilégios.Em busca de um mundo melhor...

Passar o rato sobre a imagem

É a ausência de democracia, tal como é considerada há mais de 2.000 anos. Segundo Aristóteles, "não há democracia onde um certo número de homens livres, que estão em minoria, mandam sobre uma multidão que não goza de liberdade".
Numa ditadura, o ditador, (aquele que dita) diz o que se há-de fazer, falsificando a lei ou moldando-a à sua conveniência. Na era moderna, o "ditado" transforma-se em lei por meio da "ditadura da mão no ar" exercida nos parlamentos pelas maiorias ocasionais. A vontade popular está mediatizada, depositada nas mãos de uma maioria parlamentar, organizada disciplinarmente por detrás de uma "vontade única" que é a do governante ou do seu partido. O antigo "ditador" foi substituído pela figura governamental que exerce o poder hegemónico alcançado pelo seu partido, como resultado do endosso da soberania popular, entregue resignadamente pelo povo.
A hegemonia da democracia burguesa, assenta numa estratégia de controlo e dominação social que utiliza a escola, os media, o "terror económico", o clientelismo político, a violência política. Mas apesar disso, é uma figura fictícia, uma vez que tanto nos chamados regimes "democráticos" como nos ditatoriais, o verdadeiro poder nunca está nas esferas do estado, mas sim nos grupos do poder económico, dos quais as entidades "democráticas" são simples gerentes.
O povo reclama uma vida digna, trabalho, habitação, justiça, mas a resposta é a exclusão social, salários e pensões medíocres, repressão e até prisão. Se isto não é uma ditadura, o que é? A falsa opção de votar cada quatro anos em qualquer das duas faces da mesma mentira, só serve para perpetuar a ficção democrática, o mito. Opta-se apenas por um governante que não é mais do que um gerente de interesses alheios, poderosos, transnacionais, que o exercício do poder põe em evidência. "Alguns homens – dizia Chesterton – as máscaras não os disfarçam, pelo contrário, mostram a sua verdadeira identidade. Cada um, disfarça-se daquilo que é por dentro."

Magnolia

domingo, novembro 05, 2006

Até sempre...

Nunca imaginei que alguém se importasse com o facto do Abafos & Desabafos terminar, e tenho de dizer que fiquei sensiblizada com os comentários inseridos neste post. Agradeço a vossa simpatia e amizade. Por vezes, sentimo-nos derrotados e desiludidos ao ponto de "entregar as armas" e zarpar para longe. Mas nenhum lugar é longe o suficiente!
Sendo assim, nada mais nos resta do que continuar firme nas nossas ideias e convicções, na certeza de que o amanhã terá de ser um dia melhor. É por isso que a Magnolia não zarpará de vez e estará ausente apenas alguns dias. Obrigada a todos em geral pelo carinho demonstrado, e em especial ao meu amigo a.castro que desde sempre apadrinhou este blog, e pelo enorme "trabalhão" que teve na recuperação de tantos links.



***************

Primavera“Sempre cheguei tarde
ou cedo demais.
Não vi a felicidade acontecer.
Nunca floresceram
em minha primavera
as rosas que sonhei colher.
Mas sempre os passarinhos
cantaram e fizeram ninhos
pelos beirais
do meu viver.”


Helena Kolody

sexta-feira, novembro 03, 2006

Notas e factos...

Nos regimes totalitários...


Nos regimes totalitários, a Informação trata quase exclusivamente dos assuntos que interessam ao partido do poder.
Nos regimes totalitários, escondem tudo o que possa prejudicar o governo.
Nos regimes totalitários, o primeiro-ministro proíbe os outros elementos do governo de falarem sem seu consentimento.
Nos regimes totalitários, as notícias trazem o carimbo oficial.
Nos regimes totalitários, cada ministro tem a sua câmara de televisão privada.
Nos regimes totalitários, são silenciadas todas as acções da oposição.
Nos regimes totalitários, a televisão é só para os ministros, subsecretários ou seus protegidos.
Nos regimes totalitários, o primeiro-ministro aparece em todas as emissões, todos os dias, todo o dia.
Felizmente que em Portugal não temos um regime totalitário!

terça-feira, outubro 31, 2006

A corrupção... e a honestidade

E

mbora muitas sondagens que a comunicação social divulga não sejam de fiar (numerosos exemplos mostram que o seu objectivo não é o de conhecer mas o de influenciar), os dados e as informações que chegam de vários pontos do país coincidem na apreciação de que a imagem do Primeiro-ministro tem tido uma grande modificação, no sentido do seu descrédito. Não é de estranhar. Para além de crescer, com fortes razões, o descontentamento quanto à política levada a cabo pelo governo, vale a pena chamar a atenção para uma ou outra questão relativamente recentes. Socras Em primeiro lugar, a sua declaração (mentira) pública de que finalmente os sindicatos dos professores tinham chegado a acordo com o governo, relativamente ao novo sistema de avaliação, afirmação desmentida imediatamente pela FRENPROF. Sócrates pretendia assim subverter a decisão do sindicato dos professores que tencionaram aderir, juntamente com a função pública, à greve dos dias 9 e 10 de Novembro. Em segundo lugar, a intervenção que fez, há duas semanas, a propósito da corrupção, na Assembleia da República, não pode deixar de ter grande inquietação entre muitos dos que tomaram conhecimento dela. Ele afirmou:


Não podemos, por respeito ao povo português, aceitar que Portugal seja considerado um país de corruptos. Eu digo categoricamente: é falso!


Quando o Sócrates diz isto, ele está a tentar ludibriar o problema, está a tentar enganar as pessoas, e não é honesto.
Nunca ninguém disse que os portugueses são corruptos. O que se diz e é considerado certo pela maioria dos portugueses é que a corrupção entrou em cheio na área do poder. Não há falta de factos e continuam a aparecer cada vez mais casos de corrupção naquela área e na sua concorrida clientela. Uma grande percentagem de portugueses vive abaixo do nível de pobreza, uma outra parte vive com grandes dificuldades. O que eles precisam é de emprego e a sua estabilidade, de salários dignos, de pensões de reforma justas, de receberem os salários quando é devido, da eliminação das “ taxas moderadoras” (e não do seu aumento), de habitação económica e de muitas outras medidas que dêem resposta à sua situação social mais que precária.
Não precisam de um Primeiro-ministro que os defenda de uma calúnia inexistente.

quarta-feira, outubro 25, 2006

Pax americana

AONU à deriva...

O processo de escolha do membro latino-americano do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), continuará hoje. Até agora, nenhum dos países envolvidos na disputa obteve a maioria de dois terços necessária para uma vitória na Assembleia Geral, da qual participam 192 países. Organização das Nações Unidas A Guatemala e a Venezuela, que disputaram inicialmente o lugar, a vagar no Conselho em 1 de Janeiro com a saída da Argentina, empataram após 35 rodadas de votações. Escusado será referir o “apadrinhamento” dos Estados Unidos à Guatemala, em detrimento da Venezuela, que conseguiu nada mais do que 80% dos votos dos países latino-americanos. Na intenção de se poder chegar a um consenso, ambos os países desistiram da sua candidatura, ontem, dia 24, e parece que são agora a Bolívia e a Costa Rica que vão tentar obter a maioria necessária para ocupar o referido lugar. O órgão é composto por 15 membros, dos quais dez permanecem durante mandatos de dois anos. Os EUA, a Grã-Bretanha, a China, a Rússia e a França são os membros permanentes do Conselho de Segurança e possuem poder de veto.

------------------------------------------

Nunca como hoje se invocou tanto a Organização das Nações Unidas (ONU). Capacetes azuis movimentam-se por quatro continentes entre os escombros provocados por numerosos conflitos, observadores procuram legitimar soluções alternativas a confrontos armados, diplomatas correm o mundo de lés a lés invocando a autoridade da organização para mediar disputas. Enquanto isso, o Conselho de Segurança, ou melhor o seu núcleo duro constituído pelos cinco membros permanentes, pretende assumir-se cada vez mais como o órgão fulcral da chamada “ordem mundial”.
Diz-se, escreve-se e teoriza-se muito sobre a necessidade de transformar as Nações Unidas, adaptando a organização à nova situação que existe no mundo depois do desaparecimento da União Soviética e do regresso à via capitalista nos países do Leste da Europa.
Analisando as tendências dominantes conclui-se que na ONU apenas se processam mudanças no tipo de actuação e não alterações institucionais. As Nações Unidas estão mais intervenientes, mas não como organização capaz de fazer valer a força do direito internacional. Pelo contrário, sujeita-se a ser utilizada, como um instrumento do direito da força. O facto de se teorizar sobre as transformações na estrutura da ONU não significa automaticamente que se concretizem. Qualquer mudança no texto da Carta das Nações Unidas só poderá ser adoptada (artigo 108.º) com voto de dois terços dos países da organização, incluindo todos os membros permanentes do Conselho de Segurança. Ora, basta o veto de um dos cinco (EU, Rússia, Grã Bretanha, França e China) para invalidar as mudanças aceites por grande maioria na Assembleia Geral. Mas basta um acordo entre os cinco para promover alterações que podem considerar-se “de fundo”. A Carta das Nações Unidas foi redigida imediatamente a seguir ao fim da II Guerra Mundial, antes da instauração da chamada “política de blocos” e do processo de descolonização da Ásia e da África. A maior parte da vida da instituição decorreu, portanto, numa situação muito diferente da que determinou a redacção da Carta. Durante dezenas de anos, a Carta teve uma leitura equilibrada, que reflectiu preocupação com situações de desequilíbrio e injustiça entre povos e países. Mas a situação prática, depois das passagens pelo “crivo” do Conselho de Segurança, não correspondeu a essa visão. Com a viragem mundial registada a partir de 1988, a Carta passou a ter uma leitura restritiva que previligia o capítulo VII – “Acções relacionadas com ameaças à paz, quebras de paz e actos de agressão” (interpretados os factos de acordo com os EU já se vê), em detrimento de capítulos que abordam a resolução pacífica de conflitos, os arranjos regionais e o sistema internacional de confiança.
E assim continuará, enquanto a opinião pública não se impuser para tentar evitar o abismo.

sexta-feira, outubro 20, 2006

Opinião

Sobre o fim das coisas...

D esde há alguns anos que surgem “ideólogos” a falar no fim disto e no fim daquilo. Talvez que o “fim” mais badalado tivesse sido a “célebre” tese do fim da história.
Mas todos se lembram também do fim das ideologias, do fim do comunismo e de outros fins. Todos estes fins têm, no fim de contas, um objectivo: o de conseguir que não tenha fim exactamente aquilo que lhes interessa que se mantenha, e que na verdade e forçosamente, terá um fim.
Tudo o que nasce pode desenvolver-se mas tem um fim. Esse fim, porém, é o resultado das contradições inerentes ao seu próprio desenvolvimento, não é imposto do exterior pela vontade deste ou daquele.Capitalismo: um dia a mama esgota-se! O fim da história é tão só uma forma mascarada de afirmar que, atingido o capitalismo, nada há, depois, que o possa ultrapassar.
O fim das ideologias é uma forma ideológica de querer esmagar as outras ideologias para fazer ressaltar a “nova” ideologia da inexistência de ideologias.
O fim do comunismo foi espalhado por todo o mundo para, aproveitando o descalabro do socialismo na Europa, procurar minar a vontade, a dedicação e a esperança dos explorados. Simplesmente, este fim é demasiado prematuro, pois aplica-se a uma coisa que não chegou a nascer… ainda.
Todos estes fins tendem a defender a sociedade assente na exploração dos trabalhadores, na opressão dos povos, tendem a insinuar que atingiram “o melhor dos mundos”, assente no individualismo e no lucro, capaz de levar ao “sucesso”… de alguns.
Noutras épocas, surgiram teses semelhantes. Os grandes possuidores de escravos e aqueles que gravitavam à sua volta, consideravam com certeza que essa era a sociedade mais evoluída, a sociedade final. Os grandes senhores feudais, depois, não pensavam de modo diferente em relação à nova sociedade em que desempenharam esse papel principal.
Estas novas teses de “fins” não são uma modernidade. Fazem parte de uma campanha internacional com fins que são claros mas que é preciso esclarecer.
Hoje em dia foi decretado outro fim, o fim do imperialismo e do capitalismo. Já repararam que há certos meios que “acabaram com o imperialismo? Mesmo partidos e indivíduos que ainda há pouco tempo falavam claramente no capitalismo, parece que decretaram também o seu fim. Trata-se de um fim fictício. Interessa, ao imperialismo, que os povos pensem que o capitalismo deixou de existir. Se não se falar em capitalismo e em fascismo, talvez pensem que não sentimos na pele os seus efeitos e nos acomodemos. Mas isso obrigaria à declaração de um outro “fim”, o fim da exploração do homem pelo homem… coisa que aumenta a cada dia que passa.
Mas o socialismo, inevitavelmente, ir-se-á expandir, e os povos tomarão, aos poucos, a rédea da mudança. Aos poucos, porque ao homem assusta-o o facto de deixar de ser individualista porque está “atado” à ideia da liberalização. A pressão que o capitalismo exerce sobre nós é tanta, que não conseguimos enxergar os danos que nos causa.

Magnolia

quinta-feira, outubro 19, 2006

Para sorrir... ou não?

1 – vá ao Google – www.google.com

2 – digite: político honesto

3 – clique em “Sinto-me com sorte” e não em pesquisa Google

4 – veja o resultado com a máxima atenção!

terça-feira, outubro 17, 2006

Chamar-te a ti CAMARADA

PCC-PSVale a pena ler no Canhotices este post. Ao que o PS chega! Quanta hipocrisia mal disfarçada!
"Parece que no Congresso de Santarém vai estar presente uma delegação do PC Chinês. Depois de tantos anos a atirarem-se raivosos contra as presenças do PC Chinês e outros na Festa do Avante! Esta reconversão quer dizer o quê, afinal? Uma (re)conversão ao socialismo? Ou serão apenas saudades de Macau que deu Cacau a tantos PS's portugueses? Vou mais pela teoria do Macau-Cacau."

segunda-feira, outubro 16, 2006

Memórias...

************************************


Abro uma gaveta antiga e encontro objectos esquecidos, desorganizados e revoltos, quase todos inúteis e que não servem para nada. Porque não os deitamos fora no momento oportuno?
Associamos as coisas (classificamo-las) segundo momentos e recordações. Apegamo-nos a elas como à nossa memória, resistimos e negamo-nos a abandoná-las, a fazer limpeza, a virar a página.
Esses móveis de gavetas são como as experiências vividas, que se amontoam e entrelaçam no nosso presente. O nosso coração é como uma gaveta. Àqueles de nós que não usamos pilhas alcalinas ou gasolina super, depressa se enche a gaveta/coração, com a acumulação de cartas, postais, fotos, carícias, visitas, família, amigos… que provocam sentimentos reconhecidos e díspares, todos válidos e reais, mas como desfazer-nos de algum?
Montões de gavetas com o útil e o inútil, estantes desfeitas e funcionais, alegrias e tristezas entrelaçadas, envelopes que aparecem, papeis que não encontramos… e colocamos os óculos para encarar a realidade, sonhando com a graduação ideal que encare a vida com alguma cor. Que a possamos ver.
E de repente, começamos a sentir saudades de dias passados, de momentos serenos de sossego e tranquilidade, que antigamente considerávamos um fastio. Como sempre, desejamos o que não temos, lamentamos o que perdemos e fugimos do presente. Humanos, imperfeitos, insatisfeitos, insaciáveis. Procurando a cada instante ser felizes.

sexta-feira, outubro 13, 2006

Protesto Geral

Momentos de um dia de Protesto e de Luta
Os links abaixo são notícias e testemunhos desta grande manifestação nacional que demonstrou claramente todo o desagrado contra as políticas anti-sociais deste governo. Foi um protesto e um grito de revolta na voz de quase 100 mil pessoas.
Foi um dia grandioso que evidenciou a união de um povo pela luta dos direitos que lhe vêem sendo roubados, todos os dias, por aqueles que detém o poder e se julgam donos deste país.
Mas só quem esteve presente, quem gritou e marchou neste Protesto, pode fazer uma ideia da revolta e do desespero dos trabalhadores a quem vão roubando tudo, mas nunca conseguirão roubar-lhes a sua dignidade. Quanto a isto, os links, pouco ou nada dizem.

Link Link1 Link2 Link3 Link4 Link5 Link6Link7

E A LUTA CONTINUA!!

quarta-feira, outubro 11, 2006

A propósito

Assim começou a história…

" Abre os olhos! Revolta-te ò oprimido da labuta! Ou um dia destes será a tua vez… Amanhã, dia 12, pode ser o começo. Protestemos já!! "U
m empresário contratou um trabalhador e colocou-o a abrir rasgos na terra.
Deu-lhe um horário de trabalho das 8:00 as 17:00 horas
Certo dia o empresário observando o trabalho do seu colaborador, achou que podia ser melhor aproveitado…
Sugeriu-lhe então o seguinte:
- Já que você tem 2 mãos, com uma mão você cava e com a outra vai regando. E já agora começa a vir das 7:00 ás 18:00 horas.
No outro dia, o empresário olhou outra vez para o seu colaborador e achou-o ainda pouco produtivo. Então sugeriu-lhe:
- Além das mãos tem também uma boca, podia enchê-la de sementes e enquanto com uma mão cava e com a outra rega podia cuspir as sementes. Já agora começa a trabalhar ás 6.00 e termina ás 19:00 horas.
Noutro dia o empresário começou a pensar que o seu colaborador deveria trabalhar enquanto houvesse luz de dia. Portanto sugeriu-lhe que o seu trabalho passasse a ser das 5:00 até ás 22:00 horas. E assim foi.
Um dia quando o pobre trabalhador voltava a casa do trabalho, deparou com a sua mulher com outro homem na cama.
O homem, chorou, chorou, chorou vezes sem conta até que a mulher e o amante desesperados com aquela situação, tentaram consolá-lo, perguntando-lhe porque chorava ele assim tanto. Ao que ele respondeu:
- Se o empresário descobre agora que eu tenho 2 cornos, coloca-me lá umas lanternas e põe-me a trabalhar à noite.

Post gentilmente surripiado aqui.

segunda-feira, outubro 09, 2006

Tributo

A rica história de revoluções e lutas populares ao longo do planeta no século XX deixou um bom número de exemplos de heroísmo e entrega à causa da revolução socialista e à libertação dos povos, face ao imperialismo. Muitos deles, de facto, nunca ultrapassaram o anonimato do militante, da militante que assume um compromisso vital com a luta revolucionária, morrendo pelo ideal da emancipação do seu povo e pelo fim da exploração e das injustiças no mundo.
De entre os mais conhecidos exemplos, destacam os contornos firmes e indeléveis do Comandante Ernesto Guevara: o Ché. Verdadeiro exemplo de militância integral pelo socialismo, desde a tomada de consciência, na juventude, dos graves problemas causados pelo capitalismo imperialista no continente americano.
Exemplo paradigmático de internacionalismo, participando em primeira linha na luta revolucionária cubana desde a primeira hora, no desembarco do Granma em 1956 para encetar a luta guerrilheira na Serra Maestra, e até a vitória com a entrada em Havana a 1 de Janeiro de 1959. África e a própria América Latina, até a morte na Bolívia, a 9 de Outubro de 1967, foram posteriormente testemunhas da entrega honesta e sem concessões do Comandante Ernesto Guevara à causa da Revolução Mundial.

Fonte

quinta-feira, outubro 05, 2006

O culto ao Deus Dinheiro

"A desvalorização do mundo humano cresce na razão directa da valorização do mundo das coisas." - Karl Marx
Há dias, no meio daqueles livros bem antigos, de folhas amareladas, que jazem em caixas de cartão no sótão, porque já não têm lugar nos móveis da casa, encontrei as “Vinhas da Ira” de John Steinbeck, um dos mais perturbantes clássicos da literatura do século XX e que todos deveriam ler uma vez na vida. Um malmequer do campo, seco pelo passar dos anos, marcava uma página da qual transcrevo estes parágrafos:
"O trabalho do homem e da natureza, o produto das cepas, das árvores, devem ser destruídos para que se mantenham os preços: Despejam-se carregamentos de laranjas em qualquer lugar. (…) Porquê comprar laranjas a 20 centavos a dezena se basta ir com o carro e colhê-las sem pagar nada? Então, homens armados de mangueiras de regar vertem petróleo sobre os montes de laranjas (…). Um milhão de famintos tem necessidade de fruta e regam-se com petróleo os montes dourados.
Lançam-se batatas ao rio e colocam-se guardas nas margens para impedir que os pobres as recuperem. Matam-se os porcos e enterram-se. (…).
E as crianças esfaimadas têm de morrer para que cada laranja dê benefícios. A consternação lê-se em cada olhar, e a cólera começa a brilhar nos olhos daqueles que têm fome. Na alma do povo, as vinhas da ira crescem e espraiem-se pesadamente, pesadamente amadurecendo para a vindima
."

O horror que sinto ao ler estes excertos define-se numa palavra: capitalismo. "As vinhas da ira" situam-se nos Estados Unidos dos anos 20, mais concretamente no ano 1929, em plena crise agrária e económica, o famoso "crack de 29."
O romance, inspirado na vida real, descreve uma situação realmente cruel, que exemplifica bem as contradições próprias do capitalismo. Ao mesmo tempo que se morre por desnutrição, o governo destrói os alimentos para que estes subam de preço. O problema desta sociedade capitalista é sempre o mesmo: o dinheiro. Sobrevaloriza-se o valor abstracto do dinheiro ao nível de um Deus Todo-poderoso ("o dinheiro tudo pode" diz-se), acabando por transformar as pessoas em simples vassalos de um Deus que eles mesmo inventaram. Há os que dependem dele para poder conseguir o que originalmente lhes seria dado pela própria natureza, como alimento ou refúgio. E há os outros que o adoram e necessitam, como um fim em si mesmo, talvez porque crêem que, como Ente Todo-poderoso, lhes dará a felicidade, ou os fará pessoas melhores e mais completas.
Os fiéis devotos procuram que nada escape a este Ser Todo-poderoso. Nem ao menos a ciência, angariadora de verdades, e por vezes tida como oposta às religiões, escapa a este culto. Talvez numa sociedade mais humanista o objectivo da ciência fosse o bem-estar das pessoas, mas, nesta sociedade capitalista, o objectivo é esse Ente Omnipotente e Omnipresente. Enquanto alguns cientistas fazem peripécias para investigar, com parcos recursos, a vacina contra a malária ou a sida, o verdadeiro financiamento médico está orientado para o desenvolvimento de produtos do emagrecimento ou da cura da cálvice. Talvez fosse mais fácil, e mais barato, ensinar a essas pessoas que podem fazer desporto, ou aprenderem que são belas tal como são, e destinar esse dinheiro a vacinas. Mas esse Deus chamado Dinheiro impede isso, porque os doentes que necessitam dessas vacinas são pobres, são terceiro-mundistas, são pagãos do Dinheiro. Em contrapartida, os fiéis devotos ocidentais estão dispostos a participar deste culto para alcançarem, o que eles consideram ser, pessoas melhores, ainda que seja de forma artificial.
Este Deus acaba por estar presente em todas as facetas da nossa vida. Rege a nossa alimentação, a nossa educação, a nossa saúde, o nosso trabalho e, inclusive, grande parte das nossas relações sociais. Este Deus também tem os seus apóstolos, defensores da fé, que escrevem livros sagrados, como São Adam Smith. Este Deus oferece uma promessa de salvação, promete a felicidade apenas com a sua presença, ao proclamar "quanto mais Dinheiro mais felicidade". Asseguram-nos um lugar no Paraíso. "Hoje és pobre, mas podes chegar a ser rico: todos podem" É esta a receita da mensagem. E, claro está, o culto ao Deus Dinheiro tem também os seus pastores, responsáveis por conduzir o rebanho no bom caminho do Senhor. Responsáveis do próprio Estado e de organizações que eles mesmo criaram, tendo por objectivo assegurar que o caminho a seguir se encontra baseado nesse Deus e nos parâmetros da sua religião. Nada pode escapar ao seu controlo, e a finalidade será sempre a mesma: o Capital, a Riqueza, o Dinheiro. Diferentes nomes relacionados com uma mesma ideia abstracta que tem de ser adorada.
Mas chegará o dia em que esta religião desaparecerá inevitavelmente, e os pastores ver-se-ão abandonados pelos seus rebanhos, quando perderem a fé e procurarem finalmente outras formas de organizar a sua vida, sem render culto a este ser. Porque este ser, ao fim e ao cabo, nada mais é do que um conceito, e isso é algo que nunca devemos esquecer.

segunda-feira, outubro 02, 2006

Muros...

"...Fecham-se portas, erguem-se muros e barreiras de arame farpado com o objectivo de resolver questões que não se resolvem se não forem corrigidos os erros à priori..."D

urante muitos anos a “democracia” dos Estados Unidos utilizou o muro de Berlim como um argumento de propaganda contra o socialismo. Baptizou-o de “Muro da Vergonha” e Kennedy e Reagan utilizaram-no num desafio aberto à Europa de Leste. Quando finalmente foi derrubado, organizaram-se grandes manifestações dando uma conotação de vitória democrática à sua desaparição. Pois bem, agora o Congresso norte-americano acaba de aprovar a construção de um muro similar entre o México e os Estados Unidos, e parece que tal facto não causa nenhum pudor democrático aos venerados legisladores que aprovaram esta medida por 260 votos a favor e 159 contra.
O muro terá 1.125 quilómetros de extensão e estará coberto de reflectores e câmaras para impedir “el salto” de 900 mil mexicanos que anualmente tentam atravessar a fronteira, 500 dos quais acabam por morrer. Cada metro linear de construção custará 1 milhão de dólares. Como se não bastasse, a nova lei converte a imigração ilegal num delito grave, e castiga com pena de prisão, em vez de deportação, todos os transgressores e da mesma maneira, serão punidos aqueles que derem emprego remunerado aos infractores. Esta lei é, no mínimo, fútil, porque não pode deter uma realidade de escala mundial como a globalização económica. É impossível que, num mundo onde o capital se transfere de país para país com um simples clic, a força do trabalho aceite medrar dentro de fronteiras que se afiguram cada vez mais irrelevantes. Afinal, as grandes empresas podem lucrar com o trabalho dos homens e mulheres desses países, mas ai destes se tentarem almejar uma vida melhor nos seus territórios!
As leis anti-imigração surgidas nos Estados Unidos, que tanto prejudicam os imigrantes mexicanos, são similares a outras medidas que se estão adoptando na Europa. França e Espanha discriminam os magrebinos, Itália os albaneses, Alemanha os turcos, Grã-bretanha os hindus, etc. O aumento demográfico do Terceiro Mundo, os índices de desemprego, a precária qualidade de vida, impele a procurar, noutras terras, a prosperidade que não conseguem alcançar na sua própria terra.
Mas o Muro do México não é o único! Também Israel está elevando um outro muro de 700 quilómetros de extensão, isolando 300 mil palestinianos da margem ocidental do rio Jordão, ou seja 10% da população do novo estado. Israel apropria-se assim das terras mais férteis daquela região, assim como da mais importante reserva de água numa região desertificada. Uma acção anexionista de tamanha envergadura conseguida, segundo Noam Chomsky, “graças ao apoio militar, económico e político dos Estados Unidos ao criminoso de guerra Sharon”.
A propósito deste tema dá que pensar: Que teria acontecido se a tecnologia, a história, o ser humano, quer dizer, o mundo em geral, tivesse alcançado o seu desenvolvimento em primeiro lugar no hemisfério sul? Bem, talvez que tivéssemos uma imagem do mundo ao contrário


sábado, setembro 30, 2006

Some days...

... the world is upside down

... Who's to say I can't do everything?
Well I can try, and as I roll along I begin to find
Things aren't always just what they seem

I want to turn the whole thing upside down
I'll find the things they say just can't be found...

This world keeps spinning
And there's no time to waste
Well it all keeps spinning spinning
Round and round and upside down...


quinta-feira, setembro 28, 2006

O que não é notícia

Projecto Censurado 2007...

Os 25 temas "top" que foram ignorados censurados pela imprensa corporativa dos Estados Unidos.

Apenas o podemos encontrar traduzido em italiano e espanhol. Todavia, e enquanto a Internet não for "tomada de assalto" pelos poderosos do mundo, temos a possibilidade de ler em inglês os 25 temas "top" publicados este ano, no site do Projecto e aqui.
O Projecto Censura é completamente ignorado pelos media. Segundo Phillips, durante os 27 anos da sua existência jamais mereceu uma linha no The New York Times. As análises e investigações sobre a nova ideologia conservadora de dominação global que impera hoje na Casa Branca foram o tema mais importante e mais censurado no período agora estudado, segundo a avaliação dos pesquisadores. Os outros temas destacados pelo Projecto Censura foram os seguintes:
-Segurança nacional versus direitos humanos e civis nos EUA;
-EUA suprime ilegalmente páginas de informação sobre o Iraque;
-Os planos de Rumsfeld para provocar os terroristas;
-Esforços para fazer os sindicatos desaparecerem;
-Acesso cada vez mais restrito à tecnologia de informação;
-Os EUA violam numerosos tratados internacionais;
-Bush utilizou armas de destruição em massa contra seu próprio povo;
-No Afeganistão, os EUA iniciam financiamento de grupos paramilitares à "fundação da democracia";
-O novo colonialismo na África;
-Os EUA implicados no massacre de talibãs;
-Governo Bush esteve por detrás do fracassado golpe militar na Venezuela;
-Desafios da personalidade oculta das corporações;
-Os refugiados indesejados: um problema global;
-O Exército dos EUA está em guerra contra o planeta;
-O Plano Puebla-Panamá e a ALCA;
-O monopólio de emissoras de rádio do Clear Channel atrai críticas;
-A reforma florestal ameaça o acesso aos bosques públicos;
-Dólar versus euro, outra razão para a invasão do Iraque;
-Pentágono incrementa contratos militares com empresas privadas;
-Políticas de austeridade para o Terceiro Mundo;
-A reforma da assistência social não preservou rede de seguridade social;
-Ajuda dos EUA a Israel alimenta ocupação repressiva na Palestina;
-Corporações condenadas recebem favores ao invés de castigos.
A tradução para espanhol está também divulgada no site da Agenpress.
Outro link importante.

O "Project Censored" converteu-se numa importante voz e num desafio à censura de notícias ocultadas à opinião pública pelos grandes monopólios da informação nos Estados Unidos, Este ano são 25 as notícias do chamado "Project Censored 2007" censuradas pelo Governo dos Estados Unidos durante o ano 2006, as quais foram recuperadas num só volume, que promete ser um êxito de vendas por tudo o que nele se divulga, e que no momento devido, o poder evitou que se conhecesse. Entre estas notícias está o futuro da Internet, o grande debate ignorado pela imprensa americana, na qual se denuncia como as grandes corporações se estão a apropriar da rede, ameaçando com a criação de um serviço para ricos e outro para pobres. Os que puderem pagar mais terão melhor acesso à rede, e os que não puderem, serão discriminados e afastados, estando sujeitos, inclusive, à intervenção censurada nos conteúdos online.
A Internet corre o risco de deixar de ser o fórum democrático mais livre e mais compreensivo inventado pela humanidade, se as grandes corporações "telecom" tipo Comcast, Verizon e AT&T conseguirem colocar as garras na Web. Se estas companhias alcançarem o seu propósito, os abastecedores de banda larga ficarão contentes, e com os bolsos cheios, ao mesmo tempo que a nós apenas nos será permitido espreitar o ciberespaço.
O "Project Censored" surgiu em 1976, quando o professor académico Carl Jensen, da Universidade Sonoma State de California, decidiu começar a investigar com os seus alunos e alguns colegas, tudo o que em cada ano era intencionalmente oculto pela imprensa norte americana, apesar de se tratarem de factos importantes ocorridos nos EUA. "Explorando e publicando notícias de importância nacional sobre problemas que passaram ao lado ou que simplesmente foram sub-valorizados pelos meios de comunicação de alcance nacional, o "Project Censored" tem como objectivo estimular os jornalistas e editores, a proporcionarem uma maior cobertura a estes problemas.", diz Jensen. E acrescenta, que também tem esperança que as revelações censuradas pelos media, e agora divulgadas, animem o público em geral a procurar e a exigir mais informação sobre esses temas.
Nos arquivos do "Project Censored" encontra-se o lado oculto de três décadas de história política, económica e militar dos EUA, e muitos delas ainda são de uma actualidade incrível. Não sendo de esperar outra coisa, este livro, embora seja editado anualmente há 30 anos, ainda não tem tradução em português.

terça-feira, setembro 26, 2006

Dissertação

O conhecimento é uma arma?

O conhecimento é poder. Já no final do século XVI, Sir Francis Bacon, dizia isto mesmo. E sendo verdade, digo eu, o poder está cada vez mais concentrado. A evolução da sociedade depende da sua cultura e, boa parte dessa cultura, depende dos meios de comunicação. É por isso que os meios de comunicação devem mostrar a realidade de forma correcta, utilizando os factos e raciocinando a partir dos mesmos. Evidentemente, os raciocínios relativos à política e à actuação dos governos, são por natureza incompletos, o que pressupõe à partida, que a análise de determinadas questões, tem incorporada uma componente subjectiva, dependendo da pessoa que realiza essa análise. No entanto, quando se seleccionam os factos e se trabalham com a finalidade de obter uma conclusão, o resultado é sempre a manipulação.
Nas próprias Escrituras já vem estabelecido que “o conhecimento é uma espada e a sabedoria um escudo”. Hoje em dia o poder do conhecimento tornou-se uma questão pertinente. O desafio reside em levar a informação ao maior número de indivíduos. Mas a informação só se converte em conhecimento quando facilita a comunicação e a participação dos cidadãos, permitindo a estes e aos governantes, tomar decisões correctas, baseadas em informação não deturpada.
As novas tecnologias possibilitaram a mobilização da informação cada vez mais rápida e ficamos maravilhados com os milhões de unidades de informação que se movimentam pelo mundo inteiro em centésimas de segundo. Mas devemos questionarmo-nos a sério sobre a qualidade dessa informação. Estamos afinal de contas, comunicando? É pertinente? Fará do Mundo um lugar melhor? Toda esta informação equivale a conhecimento? É suposto o aumento da tecnologia de informação encurtar as distâncias, mas nem sempre será um factor de união entre as pessoas.
O conhecimento talvez seja uma espada, mas eu digo que é uma espada de dois gumes. Os mecanismos produtores do conhecimento estão concentrados num cada vez menor número de pessoas. Por todo o mundo, é notório que a propriedade dos meios de comunicação reflecte a tendência supranacional da propriedade das grandes multinacionais. A mensagem difundida espelha uma monocultura consumidora mundial que gera desequilibrios, perpetua a desigualdade económica e prejudica até o meio ambiente. E deixa cada vez mais, o pobre, o desfavorecido, fora do ciclo do conhecimento. Alguns perderam o pouco conhecimento que tinham, e foi substituído por outro que não é nem relevante nem útil. E assim continuarão, manipulados, subjugados e sem refilar. Até que um dia entendam que o conhecimento é a arma de um povo.

domingo, setembro 24, 2006

Pensamento

Qualquer um pode zangar-se, isto é fácil. Mas zangar-se com a pessoa certa, na justa medida, no momento certo, pela razão certa e certa maneira, isso é mais difícil.

Aristóteles - Ética a Nicómaco

quinta-feira, setembro 21, 2006

O paradigma...

Apolítica é para os políticos!!

Sempre que oiço esta frase, o que acontece mais vezes do que gostaria, e vejo a indiferença, o desprezo, ou pior ainda, a irresponsabilidade com que é pronunciada… um turbilhão de pensamentos e uma revolta interna, apoderam-se de mim. Para mim, isto é a coisa mais idiota que um ser humano pode pronunciar, pois que, desde esse momento, o próprio se está a considerar como escravo ou súbdito do aparelho que o vai governar... ou melhor dizendo, o vai manipular a seu belo prazer e impunemente. É precisamente por muita gente pensar de forma semelhante, que aconteceu, acontece e acontecerá sempre o mesmo, uma vez que o político, o que governa, tem uma tendência nata ao absolutismo e daí à ditadura ou tirania, são favas contadas!
Sabemos com toda a certeza, porque a história passada e presente assim o confirma, que "o político" tem de ser controlado, supervisionado de forma eficaz e pacífica, coisa que não seria necessária, se todos trabalhassem de forma inteligente e solidária… porque devemos ter em conta que "o político", controla efectivamente todo o poder e, se não houver nenhum controle, ultrapassará levianamente esse poder sem medo de responsabilidades. Controla o tesouro público (impostos e reservas) e com um tão grande poder nas mãos "comprará tudo o que for comprável", para eternizar-se no próprio poderio e preocupar-se apenas com "aqueles que o sustentam ou com os que lhe podem fazer sombra".

E o povo?... Esse, como sempre, a trabalhar, a pagar sem refilar e a ser entretido com os entretenimentos com que se "drogam" as massas, para que não pensem... Precisamente por tudo isto, nenhum governante (salvo raras excepções) tem interesse em que seja imposta uma verdadeira educação política e social integral, que ensine ao homem a ser homem e à mulher a sê-lo igualmente… alcançado este patamar, "tudo o resto viria por acréscimo" (como dizia Pitágoras). Formados assim, os indivíduos, seguramente que para além de mais solidários e mais humanos, seriam mais conhecedores da sua realidade e portanto, seres responsáveis em alto grau… Acontece que isto, é o que não quer o demagogo, que aspira a governar e que regra geral, são a imensa maioria que se dedica à política (basta ver a trajectória da maioria deles), uma vez que o fazem para, no mínimo, medrar e viver bem do trabalho dos restantes e como máximo, para enriquecerem num grau superlativo e vangloriarem-se disso, tal como o faziam os imperadores ou imperantes, aqueles, dos quais a história nos conta horrendas atrocidades… e cuja lição aos povos de nada serviu.
Quando será que o povo entenderá que não pode “deixar andar”, que tem de dizer basta e que é urgente entender que a política é para todos e não só para os políticos?
A demagogia moderna - não lhe chamo política… (porque a política é a arte de governar bem os povos em paz e em harmonia uns com os outros) conseguiu instaurar uma “liberdade” disfarçada, porque para exercer a verdadeira Liberdade e fazer uso dela, o povo teria de estar bem preparado para isso e não está como é evidente. E assim, com a premissa de “um homem um voto” (em combinações de sistemas mais ou menos proporcionais) o povo aprendeu a resignar-se com algo que dizem ser “democracia”, mas que na realidade não passam de “imensos ninhos” de ditaduras ou tiranias, onde ao fim e ao cabo, se praticam as maiores barbaridades (financeiras, sociais e políticas) e ninguém responde por nada!
É um pouco arriscado até, pensar e expor o nosso pensamento… mas olhando para os prelúdios de uma outra guerra internacional ou mundial, e até onde se pode chegar, na mira dos interesses do petróleo (motivo de todas as lutas sangrentas que ocorrem no Médio Oriente), devemos pois falar e cada um de nós dizer o que entender por conveniente, pensando sempre nessa “sempre ausente”, paz e harmonia… onde todos queremos chegar um dia, pese embora todos os malditos políticos, que hoje manejam (e não governam) este pobre planeta.
E raro é o dia que não oiço aquela maldita frase… até quando?


Edição: Só é possível existir uma verdadeira democracia se o povo possuir as “ferramentas” necessárias: educação e preparação. Para poder exercer a soberania e não ser manipulado por um qualquer usurpador de poder. Da mesma forma que se prepara o soldado para a batalha e ao operário se ensina o seu trabalho, tem que se educar o povo se queremos que seja ele o verdadeiro soberano. Se não tiver preparação, o soldado morre rapidamente no combate, o operário fracassa no seu trabalho, e a democracia… simplesmente NÃO existe.

sábado, setembro 16, 2006

Vitor Jara

Victor Jara: El canto no se apagará jamás

Joan Turner buscó por Santiago a su marido durante cientos de angustiosas horas. El dieciocho de septiembre, un amigo le comunicó que su cuerpo mutilado se encontraba desde hacía tres días en el depósito central de cadáveres. Las salas allí estaban colmadas hasta el techo. Le costó encontrarlo. Su cara aparecía cubierta de sangre y la cruzaba una herida de arma blanca. El pecho acribillado por la metralleta. Las piernas amarradas. Las muñecas de sus manos, según se dijo, golpeadas con martillo o culata de fusil. Así trataron al artista de siete dimensiones, al poeta, al actor, al director de teatro, al compositor, al padre de Amanda, al cantor del pueblo. El oficial lo conminó a que gritara "¡Viva la junta!". No lo hizo. ¿Lo mataron en el Estadio, que escuchó su canción muchas veces y que un día llevará su nombre?Uno de los generales explicó su muerte: "Había que poner fin a sus canciones y para eso hubo que matar a algunos de ellos".¡Poner fin a las canciones! Los pueblos ven en su muerte, como en el asesinato de García Lorca o de Miguel Hernández, el signo negro de la negación del canto, de la poesía y la vida. Aborrecen las expresiones más hermosas del ser humano, que son capaces de sobrevivir a pesar de todo. El himno de las juventudes del Mundo proclama en alta voz: "Ese canto no se apagará jamás". No se apagará jamás el canto de la juventud, el canto de los pueblos. Quisieron matar el canto del pueblo de Chile matando a Víctor jara. Pero Víctor Jara sigue cantando.



(*) Extracto do livro "Noches de Radio (Escucha Chile)" de Volodia Teitelboim, LOM Edições Chile, 2001.

O último poema escrito durante a sua detenção, nos dias que antecederam a sua morte.

quinta-feira, setembro 14, 2006

An Inconvenient Truth

"Uma Verdade Inconveniente" é um documentário de 90 minutos, um apelo urgente, mas também optimista, através do qual o realizador, Davis Guggenheim, tenta alertar as consciências dos cidadãos e da classe política para os perigos do aquecimento global e para a diminuição das reservas de água do planeta.

Tomando como fio condutor as conferências que Al Gore tem dado sobre o assunto, desde a sua derrota presidencial, o cineasta decidiu levar esta mensagem mais longe e a mais pessoas.

Depois de, em Dezembro de 2000, Gore ter aceite a frustrante (e duvidosa) derrota, decidiu operar uma profunda mudança na sua vida pessoal e profissional. O ex-senador retomou uma antiga vocação e passou a dedicar-se exclusivamente às questões ambientais. Nos últimos anos proferiu mais de um milhar de conferências, viajando por todo o mundo, e despertando audiências para um tema que afecta toda a Humanidade.

Defende que, se não houver uma mudança radical na gestão dos recursos e na produção de gás carbónico, em menos de uma década o nosso planeta entrará numa dinâmica catastrófica. O degelo dos pólos, a alteração dos ciclos climáticos, com o eclodir de perturbações meteorológicas extremas, como secas severas, inundações gigantes ou vagas de calor mortais, e a propagação de epidemias são apenas algumas das consequências.
Apesar disso, Gore mantém-se "optimista". Ainda estamos a tempo, acredita, de salvar o planeta. Mas, para que tal seja possível, todos temos que incorporar práticas simples no dia-a-dia - como separar o lixo, utilizar mais os transportes públicos, reduzir o consumo de água quente, regular os termóstatos, plantar árvores... - e sobretudo é necessário que a classe política reveja as suas opções. As grandes tarefas dependem sobretudo dos dirigentes políticos e devem ser adoptadas à escala mundial, defende. Al Gore continua a acreditar que a vontade política também é uma energia renovável.
(in estreia.online)


Acredito que o Mundo seria hoje bem diferente se Al Gore tivesse vencido as eleições há seis anos. E não era apenas em relação às questões ambientais...


Trailer

Estreia hoje.